Queda da Selic, redução da inadimplência e expansão do consumo podem impulsionar ações

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Gráfico de ações // Créditos: Pexels/Tima Miroshnichenko

São Paulo – A situação da economia chinesa, o ciclo de juros no Brasil e no exterior e o andamento da política fiscal e monetária são os fatores que mais devem impactar as decisões de investimento em ações nos próximos meses. Os analistas avaliam que, com um cenário mais favorável ao risco nos Estados Unidos, reabertura mais acentuada da China e um ambiente interno sob controle aliado ao avanço das reformas, a Bolsa brasileira tem tudo para alcançar o patamar de 130 mil pontos ou até um pouco mais.

A Ativa Investimentos tem uma visão favorável para a Bolsa, pois considera que o corte da taxa básica de juros foi feito com bastante cautela pelo Banco Central e que ainda há espaço para novas quedas, apesar de um cenário fiscal desfavorável. “No passado nunca tivemos combinação de corte de juros no Brasil com juros altos lá fora. Mas o saldo ainda é positivo, sem nenhuma ruptura muito severa. Para 2024, o governo deve começar a abandonar a meta de déficit zero e isso mexe com ativos de juros longos. Nos Estados Unidos, a economia ainda demanda subida de juros”, comenta Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos.

Pedro Serra, analista de research da Ativa Investimentos. Crédito: Divulgação/Ativa.

Com a perspectiva de novos cortes na Selic no radar e a inadimplência mais controlada, os setores ligados à atividade doméstica podem avançar, puxados pelo reaquecimento do consumo interno. “O maior acesso ao crédito, impulsionado pela queda dos juros, pode ser um fator para destravar as vendas das empresas. Além do mais, as empresas com grande alavancagem financeira também serão beneficiadas, uma vez que suas despesas financeiras serão menores”, ressalta o analista chefe de ações do Simpla Club, Gabriel Bassotto.

Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club. Foto: Divulgação.

Bassoto destaca ainda que a manutenção dos juros altos nos Estados Unidos por um período mais longo do que o esperado pode influenciar na velocidade com que a taxa Selic cairá nos próximos trimestres no Brasil. “Historicamente, existe uma diferença entre a taxa de juros nominal brasileira e americana. Logo, é improvável que o Brasil venha a cortar os juros abaixo dessa diferença nominal. Isso terá um impacto em toda a economia”.

Para Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, ao longo do segundo semestre haverá uma melhora, mas uma diferença significativa não será percebida em menos de um ano, refletindo um ajuste gradual nos juros do país no período. “As empresas do setor da construção serão positivamente impactadas com a queda nos juros, assim o setor de educação, que trouxeram balanços ruins nos últimos trimestres, com endividamento elevado”, estima Cruz.

A Genial Investimentos avalia que a perspectiva de queda nas taxas de juros poderá se tornar um importante catalisador para a melhora dos resultados das corporações brasileiras, que têm sido afetadas pelo alto nível de alavancagem financeira. Mas apesar dos desafios esperados no médio prazo, a corretora aponta que podem ocorrer revisões ascendentes nos lucros e revisou as estimativas de lucros futuros do Ibovespa para cima. A Genial destaca que, desde o começo deste ano, houve um incremento de 0,53% nas estimativas de lucros para 2023, além de ajuste ainda mais expressivo nas projeções para os anos subsequentes: as previsões de lucros para 2024 e 2025 foram revisadas para cima, com elevações de 3,31% e 7,91%, respectivamente.

Mesmo diante da perspectiva de redução nas taxas de juros, o panorama no curto prazo permanece instável. O mercado, entretanto, mantém a confiança na resiliência das empresas. Isso é observado mesmo após a divulgação de resultados desanimadores no segundo trimestre de 2023, marcado por uma queda nos lucros e um aumento na alavancagem das empresas, opina o estrategista da ações da Genial, Filipe Villegas, em relatório.

VALE, SIDERÚRGICAS E PROTEINAS

Para o segundo semestre, o analista do Simpla Club, acredita que a queda do dólar, assim como o menor preço de algumas commodities e a desaceleração econômica na China, devem impactar negativamente os setores ligados à exportação. “O setor de construção civil chinês atravessa um período difícil, reflexo da crise imobiliária no país. Isso impacta na importação de minério de ferro e, consequentemente, nas vendas da Vale e no setor de mineração e siderúrgicas em geral. Por outro lado, mesmo se o preço do minério de ferro continuar em queda, a Vale ainda continua sendo um dos players mais eficientes do setor no mundo e tem muito potencial de geração de caixa operacional”, destacou.

Para Pedro Serra, da Ativa, a recente saída de fluxo estrangeiro da Bolsa se deve mais ao cenário externo e vê com cautela as perspectivas de crescimento para a China, o que impacta negativamente a perspectiva para as commodities metálicas e para a ação com maior peso na Bolsa, a Vale. O analista tem uma visão positiva para commodities ligadas a consumo – especialmente petróleo e proteínas, e cita os papéis de Minerva, BRF e Prio entre suas recomendações. Mas recomenda atenção à alavancagem da empresa após a compra dos ativos da Marfrig e possíveis riscos relacionados à gripe aviária no caso da BRF.

“Outra boa alternativa para o investidor é o setor de frigoríficos, que está descontado. A JBS (JBSS3), por exemplo, ainda não caminhou como fizeram os bancos e a Petrobras, mas pode ser olhada com atenção”, opina Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos. Foto: Divulgação.

Já em relação à Vale, o operador da Manchester acha que vale a pena olhar com atenção, mesmo com as incertezas sobre a China, pois considera que a empresa performa muito bem. “O ativo apresenta uma boa oportunidade para o investidor olhar com detalhe e tentar pegar uma boa valorização da empresa que, em dezembro do ano passado e janeiro deste ano, estava em torno de R$ 90 e agora está na faixa de R$ 60, um belo desconto por conta do minério de ferro”, destaca. “Como a Vale tem grande exposição à China, em um cenário mais favorável para o país asiático com o reaquecimento da economia, os preços serão mais altos para o minério e a mineradora pode ter uma performance melhor, assim como as outras empresas que têm relação com a segunda maior economia do mundo- siderúrgicas e mineradoras. Esse fator pode ajudar nos próximos resultados do setor”, acrescenta.

CAUTELA EM PETROBRAS

Já em relação à Petrobras, os analistas recomendam cautela. A Ativa se mantém neutra por conta da defasagem do preço da gasolina em relação ao mercado internacional e do fluxo de notícias relacionadas à empresa.

O analista da Manchester também lembra que a empresa promoveu mudanças recentemente, como o fim da política de paridade internacional de preços do petróleo (PPI), anúncio de ajustes para baixo nos preços dos combustíveis e da nova política de dividendos-percentuais menores pagos aos acionistas. “O investidor que tem Petrobras ou que pensa em entrar em Petrobras tem que entender que esse ativo tem risco muito elevado, não é call de venda, call de manter o ativo, mas é importante entender que está em um preço bem elevado, está próximo a máxima histórica e com fluxo muito forte desde o começo do ano, é importante que o investidor entre com o risco calculado na cabeça a empresa está passando e já passou por mudanças em um período muito curto de tempo”, afirmou Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos. “A Petrobras é uma das maiores empresas do mundo e bem resiliente no setor, por isso é necessário muito cuidado tê-la na carteira. Muitos ruídos políticos atrapalham a companhia”, acrescenta.

BANCOS E SEGURADORAS

Em bancos, os analistas destacam a qualidade das empresas e o preço descontado das ações, mas mudanças na legislação podem trazer riscos. “O Itaú está sempre se reinventando e entregando resultados mais fortes e resilientes; em termos de oportunidade, o preço deu uma despencada. O Bradesco pode ser olhado por conta do preço descontado, mas é um case um pouco mais arriscado; se você apostar em uma retomada do banco, que ele volte a entregar resultados bons, positivos, fortes como o Brasil do Brasil e Itaú vem fazendo, pode ter uma puxada”, avalia Mota, da Manchester Investimentos.

O analista chefe de ações do Simpla Club também apontou o bom momento das seguradoras diante do cenário de juros ainda elevados e do bom controle dos sinistros. Na média, suas ações negociam com prêmio, consequência dos resultados positivos dos últimos trimestres.

A Ativa também vê boas oportunidades de investimentos em bancos, utilities, varejo, saúde e construção. “Em bancos, é preciso tomar cuidado com a reforma tributária, as discussões sobre juros do cartão de crédito, juros sobre o capital próprio e Carf que podem impactar o setor. Mas gostamos da melhora da inadimplência e do ambiente de crédito com a queda da taxa de juros”, comenta Pedro Serra.

Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que estabelece o voto de qualidade, o que dá a decisão final para os representantes da Fazenda Nacional no Carf, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que em caso de empate nos julgamentos do colegiado.

A Genial Investimentos comenta que as principais instituições financeiras listadas sob sua cobertura podem ser impactadas com a decisão, pois como o voto final agora está com a Fazenda, os resultados podem ser mais favoráveis ao fisco (governo). Assim, companhias que possuem valores classificados como possíveis e remotos, o que não requerem provisão, e alguns processos que atualmente estão classificados como baixa probabilidade de risco podem ser julgados pelo órgão com uma decisão desfavorável. Em relatório publicado em junho, a Genial apontava que o Itaú, por exemplo, apresentava um montante de R$ 79,3 bilhões que pode ser julgado pelo Carf, representando aproximadamente 30% do valor de mercado do banco.

Com base em nossos estudos, considerando as instituições financeiras de maior valor de mercado sob nossa cobertura, os mais impactados seriam Itaú, B3 e Bradesco, com uma representativa em relação ao valor de mercado de 30%, 19% e 13%, respectivamente, estimava a Genial, no levantamento.

O projeto sobre o fim do Juros sobre o Capital (JCP) a partir do ano que vem, que tramita na Câmara dos Deputados, também pode impactar algumas empresas, salienta o analista do Simpla Club. O projeto não proíbe a utilização da sistemática dos JCP, apenas veda a utilização do benefício tributário que existe hoje, que permite às empresas a dedução dos juros sobre JCP da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). “Além das instituições financeiras, outras empresas que exploram a distribuição de JCP podem ser prejudicadas, embora nada tão preocupante. Sabendo que essa dinâmica pode acontecer em todo o mercado, os investidores terão que se readaptar a esse contexto”, concluiu Bassoto.

OUTRAS APOSTAS

A Ativa também mostra uma visão construtiva para as construtoras que atuam no segmento de baixa renda e podem ser favorecidas pela queda de juros e pela retomada do programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”. Avalia como “bem geridas” Direcional e Cury. “O setor não está barato, mas é positivo”, comenta Serra.

Em saúde, a Hapvida, por visão mais singular no setor. Entre as concessionárias, Sabesp e Cemig por possível privatização. Também vê boas perspectivas com a Ultrapar, pela melhora no setor e boa gestão da empresa, e Totvs, que também considera “muito bem gerida”, apesar de problemas na parte financeira devido ao cenário macro desfavorável.

VAREJO

Em análise sobre o setor de varejo, Fernando Siqueira e Lucas Rietjens, da Guide Investimentos, destacam o endividamento das famílias como fator macro a ser observado, pois permanece próximo às máximas históricas, o que pode seguir pressionando as vendas das empresas com consumidores de menor renda como público-alvo. Por outro lado, há indícios de que as vendas estão se recuperando e devem performar bem no segundo semestre de 2023 em relação ao mesmo intervalo do ano passado.

Já nos aspectos micro, a Guide comenta que a temporada de resultados do segundo trimestre se mostrou fraca, com a maioria das empresas reportando resultados negativos e apostam nas empresas do segmento de alta renda na busca de melhores resultados do próximo semestre, assim como fizeram no 2T23. Essa visão é reforçada pela revisão de lucros positiva após a temporada de resultados para o segmento de alta renda, explicam os analistas.

Em relação ao ambiente competitivo, vemos um elevado risco de competição com a importação para players de vestuário que não possuem marca forte e para as varejistas de e-commerce, enquanto observamos um ambiente mais saudável no segmento de alta renda, com as empresas executando suas expansões conforme o esperado. Em termos de valuation, o segmento de alta renda negocia em linha com a sua média histórica, enquanto outros players de vestuário negociam com um desconto relevante, o que reflete corretamente a perspectiva de resultados para cada segmento, havendo poucas assimetrias, afirmam Fernando Siqueira e Lucas Rietjens, da Guide.

Diante dessa análise, a Guide mantém sua preferência nos papéis de Vivara e Arezzo como top-picks no setor de varejo, em razão da melhor dinâmica de resultados e sólida execução dos seus planos de expansão. Em SBF, esperamos que os resultados sigam pressionados no curto prazo.

Entre as empresas de vestuário que possuem menor poder de marca, acreditamos que Lojas Renner oferece um ponto de entrada, considerando uma potencial recuperação das vendas e redução da inadimplência no segundo semestre, mas dada as incertezas, uma maneira de se posicionar com menor risco seria com funding em Guararapes, dado que o prêmio de LREN3 para GUAR3 está bem abaixo da média histórica, avaliam.

Em e-commerce, não gostamos do momento pelo qual o setor passa em razão da concorrência intensa e do elevado endividamento, mas preferimos Magazine Luiza em relação à Via, finaliza a Guide.

Em varejo, a Ativa vê as Lojas Renner com uma operação sólida e boa perspectiva na operação de cartões, e Arezzo, pelo foco na alta renda. No e-commerce, gosta de Mercado Livre, mas considera que ainda é um setor complicado.

“Para que o varejo tenha um melhor desempenho, é importante que as reformas e o compromisso fiscal do governo continuem avançando e que o ciclo de corte de juros seja mantido em níveis mais amigáveis para impulsionar a economia”, pondera o analista da Manchester.

SEGUNDO TRIMESTRE FRACO

Para a XP, a temporada de resultados do segundo trimestre foi fraca, como era esperado, mas teve algumas surpresas positivas. Em análise consolidada dos resultados das cerca de 160 empresas cobertas pela corretora, juntamente com os principais destaques para cada setor dentro de sua cobertura, a XP aponta que, desde o início da última temporada de resultados, tanto as ações globais quanto as brasileiras tiveram desempenhos negativos. Entre 15 de julho e 15 de agosto, o índice de ações globais (MSCI ACWI) caiu quase 1%, enquanto o Ibovespa registrou retornos de -1,3% em reais e quase -5% em dólares

O cenário macro global explica o desempenho negativo dos ativos de risco globais: uma combinação de uma fraca retomada da economia chinesa, preocupações com a trajetória da política monetária das economias desenvolvidas e uma rápida elevação das taxas de juros globais, avaliam Fernando Ferreira, estrategista chefe e chefe de Pesquisas e Jennie Li, estrategista de ações da XP. Porém, o desempenho inferior do Brasil também é parcialmente explicado por uma temporada de balanços do segundo trimestre não tão positiva pressionando os mercados.

A Genial Investimentos avalia que os resultados reportados pelas companhias brasileiras no segundo trimestre evidenciaram que a conjuntura atual é desafiadora, à medida que mostraram um aprofundamento da desaceleração econômica quando comparados aos períodos anteriores. O Ibovespa, índice que reflete o desempenho médio das ações mais negociadas na bolsa brasileira, registrou um declínio considerável no Lucro por Ação (LPA), com retração de 51,14% em relação ao mesmo período do ano anterior e uma queda de 23,04% comparado ao primeiro trimestre de 2023, segundo os cálculos da Genial. Da mesma forma, o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) registrou uma queda de 40,84% ano a ano e de 19,56% em relação ao trimestre anterior. A receita caiu 9,33% quando comparada ao 2T22 e uma retração ainda mais acentuada de 23,35% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

Os dados apontam para uma performance econômica mais tímida em 2023 em comparação com períodos anteriores. Avaliando os resultados da temporada de balanços referentes ao 2T23, voltamos a ter, em sua maioria, resultados que vieram abaixo das expectativas, com destaque para ebitda (50%) e lucro líquido (51%). Depois de um primeiro trimestre que de certa maneira foi inspirador, os resultados mais recentes refletem os desafios do cenário econômico local e internacional, comenta o analista da Genial, Filipe Villegas.

Segundo a análise da Genial, o número de empresas cuja receita líquida superou as estimativas caiu de 21% no primeiro trimestre de 2023 para 20% no segundo trimestre de 2023. A proporção de empresas cujo ebitda superou as expectativas caiu de 47% para 30% entre os dois trimestres. Similarmente, a proporção das empresas cujo lucro líquido superou as expectativas também diminuiu, de 49% para 35%. A corretora também cita que as empresas com foco doméstico demonstraram certa resiliência, sugerindo que o ambiente global é mais desafiador que o nacional.

O analista chefe de ações do Simpla Club, Gabriel Bassotto, avalia que a temporada de balanço do segundo trimestre trouxe resultados neutros e dentro das expectativas do mercado, reflexo de condições macroeconômicas ainda desafiadoras. “As empresas continuam sofrendo com a baixa atividade econômica no Brasil, dados fracos no exterior, altas despesas financeiras e menor disponibilidade de crédito. O setor de construção civil foi o que mais surpreendeu, com as principais ações tendo valorizações expressivas, com as vendas de unidades já concluídas e em construção em elevação e novos projetos saindo do papel. Ainda é um ciclo longo de recuperação pela frente, mas foi um dos setores que mais se destacou”, analisa Bassotto.

Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, parte do bom desempenho operacional das companhias no segundo trimestre ficou escondido diante do forte desembolso para o pagamento de juros, resultando em um crescimento nos resultados financeiros negativos das empresas brasileiras.

Para Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, as empresas de serviços públicos foram o destaque positivo do intervalo, com destaque para o setor elétrico e de saneamento. Já os bancos mostraram força, apesar do cenário mais desafiador, com aumento do provisionamento de dívidas.

Em relação aos setores com mau desempenho, Mota enfatizou mineração e siderurgia, impactados pelas incertezas com a China em meio às promessas do governo do país asiático em criar incentivos para alavancar a economia. A aposta do mercado era de que a economia voltasse a crescer após o fim do lockdowns ao menos 5% ao ano. O preço do minério de ferro que pressionou muito, atingiu Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4), mas a mineradora com mais força. Vimos a empresa despencar e chegou a travar o Ibovespa nos últimos meses. Com a commodity bem abaixo do que a Vale vinha negociando, acabou impactando os números da empresa, apesar de uma produção forte, operação redondinha e toda a resiliência da mineradora.”

Outro setor, segundo Mota, que não apresentou bons resultados foi o varejo. “No trimestre passado, a taxa de juros [Selic] ainda era 13,75% ao ano, o primeiro corte da Selic ainda não impactou nesse balanço do 2T23 [a redução dos juros se deu em agosto, em 0,50 ponto porcentual para 13,25%]. A gente continua vendo as empresas de varejo queimando muito caixa, com muita dificuldade em termos de margem.”

Reportagem: Emerson Lopes / Soraia Budaibes

Edição: Cynara Escobar / Agência CMA

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