Produção industrial cai mais que o previsto em dezembro

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São Paulo – A produção industrial brasileira caiu pela segunda vez consecutiva, em -0,7% em dezembro em relação a novembro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda é maior que a previsão, de -0,50%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.

Na comparação anual, a produção industrial brasileira recuou 1,2%, também no segundo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. A queda também é maior que mediana das expectativas, de -0,80%, ainda conforme o Termômetro CMA. Com o resultado, a indústria nacional acumulou quedas de 0,6% no quatro trimestre do ano passado e de -1,1% em todo o ano de 2019.

Segundo o IBGE, com esses resultados, o setor industrial interrompeu dois anos consecutivos de crescimento, acumulando recuo também no segundo semestre de 2019 (-0,9%). No confronto mensal, 17 das 26 atividades pesquisadas apresentaram variações negativas na produção, com quedas em três das quatro grandes categorias econômicas.

Entre os destaques, as influências negativas mais importantes foram verificadas nas atividades de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,7%) e máquinas e equipamentos (-7,0%). Por outro lado, merece atenção a alta em coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+4,2%).

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação ao mês anterior, o segmento de bens de capital recuou 8,8%, enquanto o de bens de consumo semiduráveis e não duráveis teve queda de 1,4% e o de duráveis caiu 2,7%. Já o setor de bens intermediários oscilou em alta de 0,1%.

Já na comparação com dezembro de 2018, houve queda em duas das quatro grandes categorias econômicas, atingindo 14 das 26 atividades pesquisadas. O IBGE ressalta que dezembro de 2019 teve um dia última a mais (21) que o mesmo mês do ano anterior.

Entre as atividades, ainda em base anual, indústrias extrativas (-12,2%) exerceu a maior influência negativa. Nas categorias, o segmento de bens de capital caiu 5,9%, o de bens intermediários recuou 2,1%, enquanto o segmentos de bens de consumo duráveis cresceu 1,6% e o de bens de consumo semi e não-duráveis avançou 1,2%.

Segundo o IBGE, tiveram grande peso no resultado negativo do setor os efeitos na indústria extrativa, em decorrência do rompimento da barragem de Brumadinho no início de 2019. Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, se o setor extrativo (-9,7%) fosse retirado do cálculo, a variação da produção industrial seria de +0,2% no ano.

No entanto, ele comenta que outros fatores contribuíram para o cenário. “Das 24 atividades pesquisadas, 16 tiveram queda no ano. A produção industrial pode estar sendo impactada pelas incertezas no ambiente externo e pela situação do mercado de trabalho no país que, embora tenha tido melhora, ainda afeta a demanda doméstica”, afirma.