Produção industrial cai 9,1% e tem pior março desde 2002, aponta IBGE

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São Paulo – A produção industrial brasileira interrompeu duas altas seguidas e despencou 9,1% em março em relação a fevereiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do maior recuo da atividade do setor para o mês desde 2002. Além disso, a queda é muito maior que a previsão, de -3,00%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.

Já na comparação anual, a produção industrial brasileira recuou 3,8%, no quinto resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. Da mesma forma, a queda é maior que mediana das expectativas, de -1,90%, ainda conforme o Termômetro CMA. Com o resultado, a indústria nacional acumula perdas de 1,7% nos três primeiros meses deste ano e de -1,0% no período dos últimos 12 meses encerrados em março.

Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o resultado da indústria nacional em março foi impactado pelas paralisações em diversas plantas, fruto do movimento de isolamento social exigido para combater a Covid-19. “Esse impacto da pandemia fica evidenciado quando se compara com o mês de fevereiro, já que a taxa é fortemente negativa e representa a queda mais intensa desde maio de 2018, quando houve a greve dos caminhoneiros. E não apenas pela magnitude da taxa, mas também pelo alargamento por diversas atividades”, avalia.

A abertura do dado mensal mostra que todas as quatro categorias econômicas e 23 das 26 atividades pesquisadas registraram queda. Entre elas, a que teve o impacto mais negativo foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-28%). Por outro lado, os ramos de impressão e reprodução de gravações (8,4%); e de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (0,7%) e de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (0,3%) assinalaram os avanços da produção no período.

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a fevereiro, bens de consumo duráveis recuaram 23,5%, também na redução mais intensa desde maio de 2018. Nos demais setores, bens de capital (-15,2%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-12,0%) também apresentaram taxas negativas elevadas, enquanto o setor de bens intermediários (-3,8%) interrompeu três meses de resultados positivos consecutivos.

Já no confronto com igual mês do ano anterior, a produção industrial mostrou recuo pelo quinto mês consecutivo e marcou a taxa negativa mais elevada dessa sequência. O IBGE observa que, mesmo com o efeito-calendário positivo, já que março de 2020 (22 dias) teve três dias úteis a mais do que igual mês do ano anterior (19), observa-se o predomínio de taxas negativas.