Produção industrial cai 18,8% em abril, menos que o previsto

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Cultivo de eucalipto em indústria de celulose em Mucuri Foto: Amanda Oliveira/GOVBA

São Paulo – A produção industrial brasileira caiu 18,8% em abril em relação a março, no segundo mês seguido de queda já sob impacto da pandemia de coronavírus, acumulando perdas de 26,1% no período, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do maior recuo da atividade do setor desde o início da série histórica atualizada, em 2002. Contudo, a queda foi bem menor que a previsão, de -31%, conforme mediana das estimativas coletadas pelo Termômetro CMA.

Já na comparação anual, a produção industrial brasileira recuou 27,2%, no sexto resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e também registrando recorde de queda da série nessa comparação. Da mesma forma, a queda também foi menor que mediana das expectativas, de -36%, ainda conforme o Termômetro CMA. Com o resultado, a indústria nacional acumula perdas de 8,2% no ano e de -2,9% nos últimos 12 meses, até abril.

Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o resultado de abril decorre, claramente, do número maior de paralisações de várias unidades produtivas, em diversos segmentos industriais, por causa da pandemia. “Março já tinha apresentado resultado negativo. Agora, em abril, houve um espalhamento”, observa.

A abertura do dado mensal mostra que todas as quatro categorias econômicas e 22 das 26 atividades pesquisadas registraram queda. Entre elas, a que influência mais negativa foi a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-88,5%). Por outro lado, houve aumento na produção de produtos alimentícios (+3,3%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+6,6%).

Entre as grandes categorias econômicas, ainda em relação a março, bens de consumo duráveis desabaram 79,6%. O segmento de bens de capital também teve redução elevada (-41,5%), assim como bens de consumo semi e não-duráveis (-12,4%) e o setor de bens intermediários (-14,8%). Segundo Macedo, do IBGE, o recuo em todas as grandes categorias econômicas marcou o menor resultado das suas séries históricas.

Já no confronto com igual mês do ano anterior, o setor industrial registrou resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas e em 22 dos 26 ramos pesquisados. O IBGE observa que, além do efeito-calendário negativo, já que abril de 2020 (21 dias) teve um dia útil a menos que igual mês do ano anterior (21), observa-se a clara diminuição do ritmo da produção por causa da influência dos efeitos do isolamento social.

Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias (-92,1%) exerceu a maior influência negativa. Na outra ponta, destaque para a alta em indústrias extrativas (+10,1%) e produtos alimentícios (+6,0%). Dentre as quatro grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-85,0%) e bens de capital (-52,5%) assinalaram os recuos mais acentuados, mas os setores de bens de consumo semi e não-duráveis (-25,2%) e de bens intermediários (-17,1%) também mostraram taxas negativas.