Prêmio de risco maior afetaria política que BC pode adotar

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

São Paulo – O aumento no prêmio de risco relacionado ao Brasil diminuiria as opções de política monetária do Banco Central (BC), afirmou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, durante uma videoconferência com o Observatory Group.

“E importante sempre passar a mensagem para o governo de que temos espaço muito limitado para manobrar e precisamos ser sérios sobre a narrativa do que vai ser feito para atingir convergência fiscal”, disse ele.

Campos Neto reiterou que “há muito pouco ou nenhum” espaço no orçamento para que sejam adotadas mais transferências diretas à população – como uma nova rodada de auxílio emergencial – sem cortes de despesas em outras áreas. “Sem contrapartida, há risco de se adotar medidas para estimular economia e ter efeito negativo”, afirmou.

“Se fizer um novo pacote fiscal, a mensagem dada é que a trajetória da dívida continuará a aumentar, e o prêmio de risco que os investidores vão pedir para segurar a dívida pode ter implicação sobre que tipo de política o Banco Central pode fazer”, acrescentou.

INFLAÇÃO

O mercado financeiro está reagindo mais a pequenas variações na inflação, mas o presidente do BC ressaltou que boa parte do fortalecimento deste indicador vem de fatores temporários e a política monetária precisa ser desenhada pensando no longo prazo, afirmou o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, durante uma videoconferência do Observatory Group.

Hoje tivemos número de inflação. Vi que os mercados estão muito sensíveis a pequenas mudanças. O horizonte de tempo das medidas que tomamos, o tempo entre nossas decisões e o efeito na inflação tem uma diferença grande. Entendemos que há muito ruído no curto prazo, mas muitos componentes da inflação são temporários”, disse ele.

O presidente do BC acrescentou que a instituição reconheceu no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) que “a inflação se alastrou mais do que esperávamos”, mas ressaltou que “temos que fazer política olhando mais par ao longo prazo”.

Quando questionado sobre a potencial elevação da taxa básica de juros (Selic) e se esse aumento acontecerá de forma rápida ou gradual, ele afirmou que “isso é algo que será debatido.”

“Até agora a comunicação oficial é que estamos avaliando uma normalização parcial. Ainda temos muitos dados a sair entre agora e lá, tanto de inflação quanto de crescimento. Nossa meta é de inflação, é tentar entender a inflação de dentro, tentar ver onde a inflação é estrutural e onde não é, seus componentes, como está distribuída na cadeia.”