Preços mais altos de celulose acelerarão desalavancagem, diz Suzano

471

São Paulo – Os preços mais altos da celulose irão continuar a acelerar a desalavancagem da Suzano, além de colocar a empresa em uma posição de criar novas alternativas para alocar capital, afirmou o diretor-presidente da companhia, Walter Schalka.

“Vamos continuar a reduzir a alavancagem e estamos mais abertos a novas possibilidade de criar valor e uma das razões disso são os melhores preços de celulose”, agora, disse Schalka durante teleconferência com analistas.

A companhia disse que não pretende exceder a política financeira da empresa que prevê um nível de alavancagem de 2,0 a 3,5 vezes.

A expectativa da empresa é que a demanda por celulose continue forte e dando suporte os preços da commodity no exterior, depois de a demanda de algumas regiões já ter sido até mais forte do que o previsto nos últimos meses. No entanto, a companhia também deve ter um aumento no ritmo da produção, depois de reduzir rapidamente seus estoques.

Um dos planos da Suzano ainda é criar valor por meio da monetização de seus créditos de carbono, buscando alternativas e mercados onde poderá vendê-los.

O presidente da companhia também disse que apesar de a Suzano obter vantagens e ganhos com os preços mais altos de celulose, uma volatilidade excessiva de preços de commodities não é positiva, por isso, devem conversar com clientes para buscar maneiras de como reduzir a volatilidade e ajudar nas suas decisões de longo prazo.

MÉTRICAS

Em encontro com jornalistas, o presidente da companhia disse que o lucro líquido não é uma métrica que deve ser acompanhada devido às variações do câmbio, que impactam no resultado contábil. A empresa registrou resultado líquido de R$ 5,9 bilhões no quarto trimestre de 2020, alta de 403% em comparação ao resultado de R$ 1,2 bilhão no mesmo intervalo de 2019. Em todo o ano de 2020, a companhia registrou prejuízo de R$ 10,7 bilhões, ante resultado líquido negativo de R$ 2,8 bilhões em 2019.

“O lucro líquido não é um indicador correto para avaliar o setor, que está muito atrelado ao dólar. Variações momentâneas no câmbio provocam alterações no resultado. Nesse trimestre por exemplo, tivemos um lucro absurdo, mas se tivermos outras variações, podem dar prejuízo, por isso, acho que não é uma métrica adequada”, disse.

O executivo destacou as sinergias de R$ 1,3 bilhão relativas à compra da Fibria, e a economia de US$ 1,1 bilhão, como resultado da redução da dívida líquida, de US$ 13,4 bilhão em 2019 para US$ 12,3 bilhão em 2020, “num cenário extremamente adverso”, são indicadores mais relevantes.

Segundo o diretor financeiro, Marcelo Bacci, a companhia vem reduzindo a taxa de captação com uma combinação de queda de taxa de juros global e melhoria de crédito.

“A captação de que anunciamos hoje, com metas ESG, teve uma taxa menor em relação à captação de bonds que dizemos antes e deveremos voltar a fazer outras captações desse tipo este ano.”

Na avaliação da companhia, o equilíbrio de demanda e oferta está favorável ao aumento de preços e que irá buscar um nível de alavancagem de 3,5 vezes ao longo do ano, embora seja difícil precisar quando, por conta da variação do preço da celulose.

ANÁLISES

Na avaliação do BTG Pactual, os resultados da empresa de papel e celulose vieram acima do esperado, mas eles ainda não refletem os aumentos de preço recentes da celulose.

“Vale destacar ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que veio 6% acima esperado, por conta de volume de celulose e por consequência está reduzindo bastante nível de estoque”, disseram os analistas.

Já o Credit Suisse mantém a recomendação de compra das ações ao identificar o resultado como bastante sólido para o trimestre.

“A empresa divulgou um ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado chegando a R$3,97 bilhões, 8% acima do consenso (quarta vez consecutiva que a empresa surpreeende o mercado), mas em linha com o Credit Suisse”, disseram os analistas do banco.

As ações da Suzano registram alta hoje após a divulgação dos resultados financeiros do quatro trimestre de 2020. Às 15h32 (horário de Brasília) os papéis (SUZB3) subiam 2,41% e eram negociados a R$ 69,85.