Preço da gasolina e do dólar não é maldade, é realidade, diz Bolsonaro

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O presidente da República,Jair Bolsonaro, discursa durante a solenidade de anúncio do Sistema de Avaliação de Impacto ao Patrimônio e lançamento do Guia Brasileiro de Sinalização Turística. (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro reiterou que o preço elevado da gasolina e do dólar refletem a “realidade” e que o governo não vai intervir para baixá-los de forma artificial. “Alguém acha que eu não queria a gasolina a R$ 4 ou menos, dólar a R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte, é realidade”, disse ele durante evento da Caixa Econômica Federal.
“Alguns acham que eu tenho poder de decidir as coisas dentro da Petrobras. Nos Estados Unidos ninguém culpa o governo pelo que acontece nos combustíveis. Aqui grande acionista é o governo federal, mas temos normas, regras, tem lei da paridade, e tantas e tantas outras coisas”, afirmou.
O presidente também insinuou que a situação estaria pior caso quem tivesse vencido as eleições de 2018 fosse o seu então adversário, Fernando Haddad (PT).
“Se coloquem no meu lugar ou então coloquem aquele outro que não chegou no meu lugar. Como estaria o Brasil hoje em dia? Eliminou-se a corrupção? Obviamente que não. Podem acontecer problemas em alguns ministérios? Podem, mas não será da vontade nossa”, disse ele.
“Existe um ditado que diz: nada não está tão ruim que não possa piorar. Nós não queremos isso, porque temos coração aberto”, acrescentou o presidente mais à frente em seu discurso.
As palavras de Bolsonaro refletem o fato de várias pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2022 mostrarem que o favorito na disputa é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A perda de popularidade do presidente está relacionada em parte ao aumento no custo de vida no Brasil – a inflação acumulada nos 12 meses até agosto é de 9,68% -, e um dos principais fatores por trás deste aumento é o preço elevado dos combustíveis.
Do início do governo Bolsonaro até agora, o preço do litro da gasolina no Brasil aumentou 40,7%, para R$ 6,092, enquanto o do diesel subiu 36,8%, a R$ 4,707, segundo dados colhidos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O encarecimento dos combustíveis não é exclusividade do Brasil – nos Estados Unidos, por exemplo, a gasolina ficou 43,5% mais cara desde o fim de 2018, e o diesel teve alta de 11,1% -, mas Bolsonaro tem sido criticado porque a Petrobras, empresa que detém um monopólio virtual do refino de petróleo no Brasil e que tem a União como maior acionista, vende os dois combustíveis no mercado interno com preço igual ou maior ao do mercado externo enfrentando pouca concorrência.
Caminhoneiros autônomos e outras alas da sociedade querem que o governo force a Petrobras a alterar esta política de preços e reduza suas margens de lucro para diminuir o custo dos combustíveis para a população, mas o governo reluta em fazer este tipo de intervenção, associada aos governos do Partido dos Trabalhadores (PT) e contrária às práticas de livre mercado defendidas pelo ministro Paulo Guedes.
Nos próximos dias, o presidente Bolsonaro deve fazer viagens pelo Brasil para promover seu governo, enquanto em Brasília o esforço será para emplacar a reforma do imposto de renda e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios – que permitirão a ampliação do Bolsa Família.