Powell reafirma compromisso do Fed de usar ferramentas para apoiar economia

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – O Federal Reserve (Fed) irá usar todas as ferramentas disponíveis para apoiar a economia a superar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus, disse o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, em texto preparado para depoimento amanhã ao Comitê Bancário do Senado. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, também fará parte da videoconferência.

“A resposta do Federal Reserve a esse período extraordinário foi guiada por nosso mandato de promover o pleno emprego e preços estáveis para o povo norte-americano, além de nossas responsabilidades de promover a estabilidade do sistema financeiro. Estamos comprometidos em usar toda a nossa gama de ferramentas para apoiar a economia neste momento desafiador, mesmo quando reconhecemos que essas ações são apenas parte de uma resposta mais ampla do setor público”, disse.

Powell e Mnuchin devem prestar o depoimento por videoconferência ao Comitê Bancário do Senado amanhã pela manhã como parte do testemunho regular exigido pelo pacote de ajuda econômica de US$ 2 trilhões que o presidente norte-americano, Donald Trump,assinou em março.

A legislação forneceu ao Tesouro US$ 500 bilhões para fornecer ajuda direta e apoiar os mercados de crédito, incluindo US$ 454 bilhões para cobrir perdas nos programas de empréstimos do Fed.

Além da política monetária, o Fed adotou medidas em quatro áreas: operações de mercado aberto para restaurar o funcionamento do mercado; ações para melhorar as condições de liquidez nos mercados de financiamento de curto prazo; programas em coordenação com o Departamento do Tesouro para facilitar mais diretamente o fluxo de crédito para famílias, empresas e governos estaduais e municipais; e medidas para permitir e incentivar os bancos a usar seus níveis de capital e liquidez para apoiar a economia.

“O Comitê Federal de Mercado Aberto realizou compras de títulos do Tesouro e hipotecários nos montantes necessários para apoiar o bom funcionamento do mercado. Com essas compras, as condições do mercado melhoraram substancialmente e, portanto, diminuímos o ritmo das aquisições.

Embora o objetivo principal dessas operações de mercado aberto seja preservar o bom funcionamento do mercado e a transmissão eficaz de políticas, as compras também promoverão condições financeiras mais acomodatícias”, afirmou Powell.

No texto do depoimento, Powell não anunciou nenhum novo programa. Atualmente, o Fed está no processo de estabelecer operações para emprestar a empresas, cidades e estados, uma expansão sem precedentes dos poderes do banco central para apoiar a economia dos norte-americana durante a crise. Até agora, o Tesouro forneceu US 195 bilhões para indenizar o Fed por perdas nesses programas de empréstimos.

Uma questão em aberto é como o Tesouro planeja alocar o restante desse dinheiro. Os US$ 259 bilhões restantes serão usados para “criar ou expandir programas, conforme necessário, à medida que continuamos monitorando de perto diversos setores econômicos”, disse Mnuchin.

Mnuchin afirmou ainda que espera que as condições econômicas melhorem no segundo semestre do ano em seu depoimento preparado, que foi divulgado na tarde de hoje pelo Comitê Bancário do Senado.

As ações listadas por Powell ajudaram a elevar os valores dos ativos, e a tarefa mais complicada do Fed agora é colocar os programas em funcionamento. Em uma nova operação específica, o banco central emprestará através de bancos a empresas de mercado intermediário que são grandes demais para receber ajuda da Administração de Pequenas Empresas e pequenas demais para tomar empréstimos nos mercados de dívida de Wall Street em um próximo Programa de Empréstimos Main Street.

Powell disse que o Fed continuará ajustando os termos das operações de empréstimo “à medida que aprendemos mais” sobre a demanda dos mutuários.

Sobre a política monetária, o chefe do Fed disse que manterá a taxa de juros em nível baixo para garantir a recuperação da economia. Em março, em uma reunião emergencial, o banco central norte-americano cortou os juros para a faixa entre zero e 0,25% ao ano.

“Em março, reduzimos nossa taxa de juros para quase zero, e esperamos manter as taxas de juros nesse nível até estarmos confiantes de que a economia resistiu a eventos recentes e está a caminho de alcançar nossas metas de máximo emprego e estabilidade de preços”, disse Powell.