Powell não descarta mais um aumento de 0,75 pp, mas nega crise no país

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo, 27 de julho de 2022 – O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, não descartou a possibilidade de outro aumento de 0,75 ponto percentual (pp) na próxima reunião, mas disse que as taxas de juros básicas se encontram mais perto do nível neutro e que, por isso, uma redução no ritmo de aumento delas poderia ser apropriado.

“Um aumento do mesmo tamanho do de hoje ainda é possível para setembro, mas não discutimos isso ainda e estaremos atentos aos dados para tomar essa decisão”, disse Powell em coletiva de imprensa após a decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). O Comitê decidiu unanimamente aumentar a taxa básica para a faixa de 2,25% e 2,5%, alta de 0,75 pp em relação a antes.

De acordo com Powell, o Comitê acredita que as taxas de juros principais estão perto do que seria considerado “neutralidade” da política monetária. “Quanto mais nos aproximamos disso, menor deve ser a necessidade de aumentos tão grandes como esse”, explicou o presidente do Fed.

Quando questionado sobre o momento apropriado para aumentar as taxas básicas, Powell explicou que o objetivo do Fomc é levar a política monetária para o campo moderadamente restritivo. “Acho que a melhor referência que vocês têm são as projeções feitas em junho, que determinavam uma taxa básica entre 3,25% e 3,5% no final de 2022”, explicou ele, pedindo para “ter sensatez” ao considerar as projeções para 2023.

Powell também comentou que a partir de agora o Comitê sente que irá avaliar a situação a cada reunião e não terá mais a necessidade de ser tão claro assim sobre suas medidas futuras como vinha fazendo.

Ele destacou que o Comitê irá olhar para evidências de que a inflação está suavizando para tomar suas decisões de política monetária, monitorando dados como crecimento econômico, indicadores de consumo e de inflação. “Preferimos focar no índice do PCE do que no ìndice de Preços ao Consumidor, que é mais sensível a commodtities”, afirmou Powell.

CRISE

O presidente do Fed disse que os Estados Unidos não está vivendo uma recessão, apesar de destacar que o banco não costuma determinar se uma crise está ou não em ação. Segundo ele, o mercado de trabalho continua forte apesar da leve suavização do crescimento e dos gastos.

“Não acredito que os Estados Unidos esteja em uma recessão. A definição disso seria uma redução de atividade em diversas áreas da economia por vários meses. Não é isso que vemos acontecer”, explicou Powell em coletiva de imprensa após o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual (pp) para 2,25% e 2.5%.

Powell disse que não é costume do Fed definir se o país está ou não em uma recessão, destacando que a preocupação do banco central é com seus mandatos: estabilidade de preços e máximo emprego. “Atualmente, vemos que uma redução no crescimento é necessária para que a oferta volte a acompanhar a demanda e a inflação caia”, disse ele.

Quando questionado se ainda acreditava em na possibilidade de um “soft landing” pelo Fed, como é chamado o processo de reduzir a inflação sem causar uma crise na economia, Powell disse que sempre destacou como esse seria um processo difícil de conseguir realizar.

“Não queremos uma recessão, achamos que há um caminho para abaixar a pressão sobre os preços sem prejudicar o mercado de trabalho, mas uma leve queda no crescimento e no número de vagas pode ser necessário para alcançar uma estabilidade inflacionária, que é necessária para um mercado de trabalho sustentável”, disse ele.