Powell diz que próximo aumento de taxas do Fed pode ser entre 0,5 e 0,75 pp

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo — O presidnete de Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que o próximo aumento nas taxas básicas de juros dos Estados Unidos pode ficar entre 0,5 e 0,75 ponto percentual (pp) em coletiva de imprensa após a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

O órgão elevou as taxas básicas de juros dos Estados Unidos em 0,75 pp para a faixa de intervalo entre 1,50% e 1,75% após reunião de dois dias.

PRÓXIMA REUNIÃO

“Com a inflação alta demais em relação a nosso objetivo de 2% ao ano, prevemos mais aumentos na taxa básica nas reuniões posteriores”, explicou Powell. “Uma elevação entre 0,5 e 0,75 pp deve ser considerada na próxima reunião de julho”.

O presidente do Fed, no entanto, explicou que as atitudes do banco central dependem dos dados econômicos que surgirem. “Queremos ver uma estabilização e depois queda nas leituras mensais de inflação”, afirmou ele.

Mas, perguntado novamente se seria possível afirmar que um aumento de 0,75 pp ocorreria de fato na próxima reunião, Powell recuou e explicou que preferia não delimitar os planos. “Não colocarei um número exato, mas sabemos que a expectativa é de que a política monetária seja moderadamente restritiva”.

MUDANÇA BRUSCA

Powell foi pressionado pelos repórteres depois de afirmar na coletiva passada que um aumento de 0,75 pp estava fora de questão na reunião de hoje. “Não é comum isso acontecer. Mas tivemos que reagir apropriadamente após os dados inflacionários de maio serem divulgados na sexta-feira”, explicou ele.

Na sexta, o IPC veio com uma leitura de alta de 1,0% em base mensal, enquanto o mercado previa um crescimento de 0,8%. Em base anual, o cresimento foi de 8,6%, o maior em 40 anos.

“Não são muitas as vezes em que um dado transformará a decisão do Comitê durante o período imediatamente antes da reunião, não se preocupem. Iremos informar o mais nitidamente possível sempre nossas ações”, afirmou Powell.

SOFT LANDING

Segundo o presidente do Fed, o objetivo principal do Comitê é trazer a inflação para baixo e manter o mercado de trabalho forte. “A inflação em uma média de 2% e o desemprego a 4,1%, como foi projetado por alguns de nós hoje, seria um cenário de sucesso e eu consideraria um soft landing”, explicou ele, se referindo ao termo utilizado para se referir a uma queda na inflação com poucos efeitos sobre o mercado de trabalho.

Questionado se ele estaria pedindo a redução de vagas de emprego, Powell especificou que o atual mercado de trabalho, mesmo forte, era insustentável com a atual inflação. “Não é possível manter algo assim, a estabilidade dos preços é vital para o funcionamento da economia”.

FATORES EXTERNOS

Por fim, Powell destacou que, apesar dos esforços, muitos dos fatores que influenciam a alta inflação estão fora do controle do banco central. “Monitoramos o núcleo da inflação porque ele lida com coisas que podemos agir sobre. Mas as expectativas de inflação são baseadas no número principal e precisamos lidar com ela, com o aumento de combustíveis, que acontece por fatores externos”, explicou.

Ele culpou a guerra na Ucrânia e as disrupções de cadeias de suprimentos — principalmente na China devido à sua política de covid zero — como responsáveis por influenciar negativamente os preços. “Historicamente esses choques ocorrem e depois passam, mas não tenho como garantir que não estamos em um novo sistema onde teremos que lidar com isso pra sempre”, afirmou Powell.