Powell defende apoio fiscal e diz que manterá juros em zero até ver inflação acelerar

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

São Paulo – O Federal Reserve (Fed) manterá a taxa de juros próxima de zero até ver a aceleração da inflação, disse o presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, durante audiência ao Comitê Bancário do Senado.

“A queda da taxa de desemprego não é o suficiente para que a taxa de juros volte a subir. Vamos esperar o movimento da inflação antes de elevar os juros novamente”, afirmou ele.

A declaração é consistente com as mudanças feitas pelo Fed em agosto, quando Powell anunciou uma flexibilização das metas de inflação e emprego. Na ocasião, a autoridade monetária indicou que permitiria que a inflação ficasse acima da meta de 2,0% para compensar períodos em que esteve abaixo desse patamar. Além disso, o banco central também deixará de elevar a taxa básica com o aquecimento do mercado de trabalho.

“Seguimos comprometidos com o pleno emprego e a estabilidade de preços, mandato dado ao Fed pelo Congresso”, disse Powell.

Em março, o Fed cortou os juros para a faixa entre zero e 0,25% ao ano e vem mantendo a taxa nesse nível desde então. Em sua última reunião com projeções, realizada em setembro, os membros do comitê de política monetária indicaram que os juros não seriam ajustados até, pelo menos, 2023.

Além da taxa básica próxima de zero, o banco central norte-americano também tem adquirindo US$ 120 bilhões mensais em títulos do Tesouro e hipotecas.

Powell vem repetindo que a política do Fed seguirá acomodatícia até que haja sinais de uma recuperação consolidada da economia, que ainda sente os efeitos da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus.

MAIS APOIO FISCAL

Ele também defendeu uma nova rodada de apoio fiscal, afirmando que apesar de a economia norte-americana estar se mostrando mais resiliente do que o esperado em meio à crise provocada pela pandemia do novo coroanvírus, precisará de uma nova rodada de estímulos.

“A economia está sendo mais resiliente do que o esperado, mas o caminho para a recuperação ainda é longo, temos 10 milhões de desempregados”, disse ele durante audiência ao Comitê Bancário do Senado.

“O Fed usará todas as suas ferramentas para apoiar a economia e manterá as ferramentas atuais em vigor até que seja necessário, mas um apoio fiscal adicional é necessário”, acrescentou.

A mesma visão foi compartilhada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, que defendeu um novo pacote de auxílio. “Com base em dados econômicos recentes, continuo a acreditar que um pacote fiscal direcionado é a resposta federal mais apropriada”, disse Mnuchin no discurso de abertura da audiência.

Neste sentido, o secretário do Tesouro reforçou que o governo norte-americano segue pronto a apoiar um acordo bipartidário que libere mais recursos para a economia. “Peço que o Congresso libere outros US$ 300 bilhões para o PPP”, disse Mnuchin, referindo-se ao programa de proteção ao pagamento, criado para que as empresas mantenham seus funcionários.

“As pessoas, especialmente as de baixa renda, não podem esperar outros três meses por ajuda federal. Há muito o que o Congresso pode fazer, realocando os recursos do Fed, e peço que aja rápido. As empresas não podem esperar mais três meses por ajuda”, acrescentou ele.