Possível acordo em Estados Unidos e China anima mercados e Bolsa sobe; dólar fecha em queda

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São Paulo – Após mostrar alguma volatilidade e operar no campo negativo em boa parte do dia, o Ibovespa fechou em alta de 0,58%, aos 104.480,98 pontos, com menor receio em relação ao pedido de impeachment do presidente norte-americano Donald Trump. Trump também voltou a afirmar que um acordo com a China pode sair antes do esperado, o que ajudou na melhora dos mercados acionários no exterior. O volume total negociado foi de R$ 14,9 bilhões.

“O mercado já começou a melhorar desde quando saiu a transcrição da conversa de Trump, além disso, tivemos declarações dele sobre a China falando que o acordo pode sair mais cedo”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.

Foi divulgada mais cedo a transcrição da conversa de Trump com o presidente ucraniano Volodymir Zelensky, que levou ao pedido de impeachment pelos democratas no Congresso ontem. O texto mostra que Trump pediu ao ucraniano para fazer uma investigação contra seu potencial rival em 2020, o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho. No entanto, Trump alega que não pressionou o presidente da Ucrânia.

Para a analista da Toro Investimentos, Luana Nunes, além da divulgação da conversa ter ajudado, a expectativa é que, se seguir adiante, o impeachment não passará no Senado. “No curto prazo, isso [o pedido de impeachment] ainda pode gerar grande volatilidade, com a transcrição da conversa e o desenrolar do processo. No entanto, os republicanos têm maioria no Senado e não deve passar”, disse.

O presidente norte-americano ainda disse nesta tarde disse que um acordo comercial com a China pode ser alcançado em breve, pois o país asiático quer muito que isso aconteça para evitar os impactos em sua economia. No entanto, no dia anterior, em discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), tinha criticado a China, a acusando de manipular sua moeda.

Entre as ações de maior peso no Ibovespa, as da Petrobras (PETR4 0,22%) fecharam em alta depois de passar a maior parte do dia em queda refletindo os preços do petróleo. As ações da Vale (VALE3 1,98%) e da JBS (JBSS3 0,97%) também avançaram, sendo que as da JBS refletiram notícia de que a China deve comprar mais carne suína dos Estados Unidos.

Já as maiores altas do índice ficaram com ações da Qualicorp (QUAL3 4,22%), da Gol (GOLL3 3,40%) e da Suzano (SUZB3 3,05%). Na contramão, as maiores perdas foram da B2W (BTOW3 -3,75%), da Kroton (KROT3 -3,00%) e da Natura (NATU3 -2,25%).

Na agenda de amanhã, o destaque será o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos do segundo trimestre, que pode mexer com os mercados.

O dólar comercial fechou em queda de 0,35% no mercado à vista, cotado a R$ 4,1550 para venda, após repetir a maior cotação do ano registrada em 27 de agosto, de R$ 4,1960 (+0,62%), influenciado pela aversão global ao risco em meio às tensões políticas nos Estados Unidos e os desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China.  

Na abertura dos negócios, o dólar renovou máximas sucessivas digerindo o anúncio da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, pedindo a abertura do processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. Além do exterior, a cautela local com possíveis novos atrasos nas tratativas da reforma da Previdência também ajudou no fortalecimento do dólar.

“A moeda [estrangeira] virou para o terreno negativo diante de menor receio em relação ao impeachment de Trump e principalmente, com a declaração dele sobre um acordo comercial com a China que pode ocorrer ‘mais cedo do que se pensa'”, comenta o gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.

Amanhã, além dos investidores seguirem atentos aos desdobramentos desses eventos, tem a divulgação da terceira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no segundo trimestre, com a previsão de alta de 2,0%. “Se os números vierem mais robustos pode ser que interfira na cotação da moeda”, diz o analista da Guide Investimentos, Rafael Passos.

Enquanto aqui, o destaque fica para o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do Banco Central (BC), antes da abertura do mercado local. “A depender dos números pode ter alguma influência no mercado, mas deve interferir no mercado de juros. O dólar tende a seguir o ritmo do exterior novamente”, aposta.