Política fiscal é fundamental para enfrentar efeitos da pandemia, diz FMI

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Visão interna do prédio da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington D.C. / Foto: União Europeia (UE)

São Paulo – A política fiscal continua a ser fundamental para enfrentar os impactos da pandemia de covid-19, que continua a ser marcada pela incerteza e acesso desigual às vacinas entre os países, segundo relatório Monitor Fiscal do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Embora a variante Delta tenha sido associada ao ressurgimento do vírus, o apoio fiscal e, especialmente nas economias avançadas, a vacinação salvou inúmeras vidas e facilitou uma recuperação econômica. A interação entre as vacinas e o vírus e suas variantes está entre os fatores que contribuem para o aumento da incerteza no futuro. Portanto, a política fiscal precisa se adaptar às mudanças nas condições”, diz o FMI.
Em muitos países avançados, a política fiscal continua acomodatícia e está mudando para o fortalecimento das economias por meio de uma transição verde, transformação digital e outros investimentos de longo prazo. Neste sentido, o Fundo cita que os grandes pacotes fiscais anunciados ou aprovados pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos poderiam adicionar US$ 4,6 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) global entre 2021 e 2026.
Em contraste, em mercados emergentes e países em desenvolvimento de baixa renda, o Fundo ressalta que o crescimento é travado pela baixa disponibilidade de vacinas e os governos estão transferindo os gastos para atender às prioridades relacionadas à pandemia. Segundo o Fundo, taxas de juros mais altas e receitas governamentais mais baixas têm prejudicado a capacidade dos países em desenvolvimento de baixa renda de fornecer apoio fiscal e pagar o serviço de sua dívida.
“No geral, a política fiscal continua favorável, com os déficits de 2021 caindo em cerca de 2 pontos percentuais do PIB em 2021, em média. No entanto, os déficits ainda estão bem acima dos níveis pré-pandêmicos, especialmente nas economias avançadas. Projeta-se que os déficits diminuam ainda mais em quase 3 pontos percentuais em 2022 e retornem aos níveis pré-pandêmicos em 2026”, diz o FMI.
Em mercados emergentes e países em desenvolvimento de baixa renda, onde a orientação fiscal é menos favorável do que nas economias avançadas, o produto e as receitas fiscais não são projetados para recuperar sua trajetória pré-crise e a redução dos déficits ocorrerá em grande parte por meio de menores gastos, segundo o Fundo.
O FMI espera que a dívida governamental global permaneça em níveis recordes – perto, mas abaixo de 100% do PIB – em 2021 e diminua ligeiramente até 2026.