Plano 2020-2035 da Eletrobras prevê 2 cenários de investimentos

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Foto Divulgação/ Eletrobras

São Paulo – A Eletrobras apresentou o plano estratégico 2020-2035 que prevê dois cenários de investimentos para o período, sendo um sem capitalização que prevê o valor total de R$ 95,1 bilhões, cerca de R$ 6 bilhões por ano em geração e transmissão.

O outro cenário é com a capitalização da empresa que está em tramitação no Congresso com investimento total de R$ 201,9 bilhões de 2020 a 2035, o equivalente a R$ 12,6 bilhões na expansão da geração de transmissão, que passa a ser o foco da empresa.

No cenário sem a capitalização o investimento total considera a manutenção do regime de cotas para as usinas prorrogadas pela lei 12.783/2013, mantendo a disciplina financeira da empresa com a alavancagem dívida líquida por ebitda de 2,5 vezes.

Já com o projeto de capitalização o investimento total para o período considera a descotização das usinas prorrogadas pela mesma lei e a celebração de novos contratos de concessão de geração de energia de produtor independente, que, de acordo com a estatal, geraria um aumento do ebitda. A alavancagem, por sua vez, mantém a dívida líquida por ebtida de 2,5 vezes.

Segundo a estatal, o novo plano estratégico, além de definir uma nova identidade empresarial, estabelece um conjunto de diretrizes e objetivos voltados para o crescimento e modernização da empresa e alinhados às novas tendências do setor de energia.

No novo plano, a empresa faz um contexto histórico de seu passado recente de muita dificuldade, principalmente após a medida provisória (MP) 579/12 que impactou fortemente a saúde financeira da empresa.

No período 2012-2015, o prejuízo alcançou cerca de R$ 30 bilhões. Entre 2011 e 2015, a empresa perdeu 65% do seu valor de mercado. A dívida bruta ultrapassou o seu patrimônio líquido em 2015.

Entre 2016 e 2019, o documento mostra o esforço da Eletrobras na sua recuperação, com destaque para o aumento da eficiência operacional e a redução do endividamento, que saiu de 6,5% a dívida líquida por ebtida em 2016 para 2,2 vezes em 2019.

Esse esforço reduziu a capacidade de investimento da companhia e a distribuição de dividendos, que passou de R$ 10,4 bilhões em 2015 para R$ 3,3 bilhões em 2019, e pagamento de dividendo de nada em 2014, 2015 e 2017 para R$ 1,47 por ação preferencial e R$ 0,86 por ação ordinária no ano passado, respectivamente.

Durante esse período a empresa perdeu market share, com poucas participações em leilões e gerou menos resultados para os seus acionistas. No momento, o desafio é o de aumentar a sua capacidade de investimento e criar mais valor para os acionistas.

No plano anterior, de 2020-2024, o investimento previsto incluindo Angra 3 era de R$ 6,5 bilhões por ano, enquanto sem Angra 3 de R$ 3,7 bilhões por ano.

Para o futuro, no qual o plano estratégico 2020-2035 foi elaborado, a visão da Eletrobras está focada descarbonização, diversificação das fontes, geração distribuída, disrupção tecnológica, digitalização acelerada. Para a estatal, essas e outras tendências do setor elétrico implicarão em ajustes no modelo setorial.

A Eletrobras explica que as possibilidades alternativas desses ajustes, combinadas aos desdobramentos da evolução econômica do Brasil e da demanda de eletricidade, conformam quatro cenários para o setor elétrico brasileiro, sendo que dois deles apontam para uma modernização ampla do marco regulatório.

No documento, a empresa ressalta que diante das incertezas do ambiente, a estratégia de longo prazo precisa ter robustez para navegar, principalmente no crescimento e competição em alta intensidade e competição moderada em mercado com baixo crescimento.

Atualmente a Eletrobras possui 30,1% da capacidade instalada no Brasil em geração de energia elétrica, sendo que 96% em energia limpa. A empresa encerrou 2019 com 185.025 gigawatts-hora (GWh).

Na transmissão a empresa tem 45,2% do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo que encerrou o ano passado com 71,154 mil quilômetros de extensão.

A Eletrobras fez questão de ressaltar que as principais tendências do setor elétrico e as condições pré-crise que deram base a formulação do plano estratégico 2020-2035 serão mantidas.