PIB do Brasil encolhe 4,1% em 2020, pior resultado em 24 anos

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PIB recua puxado por serviços - Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil

São Paulo – A economia brasileira engatou o segundo trimestre seguido de alta ao crescer 3,2% no quarto trimestre de 2020 em relação ao período anterior, refletindo uma melhora na economia, dirimindo os impactos da pandemia de coronavírus na atividade doméstica. O resultado é maior que a mediana projetada pelo Termômetro CMA, de +2,80%. O Produto Interno Bruto (PIB) somou US$ 2,0 trilhões entre outubro e dezembro do ano passado.

Já em relação ao quarto trimestre de 2019, o PIB nacional caiu pelo quarto trimestre consecutivo, em -1,1%, reduzindo o ritmo de queda em relação ao apurado no período anterior (-3,9%), nesse tipo de confronto, mas ainda não retornando aos níveis pré-pandemia. O resultado na comparação anual também é maior que a mediana projetada, de -1,40%, ainda conforme o Termômetro CMA.

Com o resultado, o PIB do Brasil encolheu 4,1% em 2020, no pior resultado anual da série histórica, iniciada em 1996, além de interromper três anos seguidos de crescimento. O dado ficou ligeiramente acima da estimativa de -4,20%. Em valores, o PIB somou R$ 7,4 trilhões no ano passado. Os dados foram divulgados pelo IBGE.

Entre os componentes do PIB, na ótica da oferta, o setor agrícola registrou variação negativa pelo terceiro trimestre seguido, em -0,5% em relação ao período anterior, e após avançar por três trimestres seguidos ante igual período de 2019, o setor recuou -0,4%. O PIB do agronegócio somou R$ 82,3 bilhões entre outubro e dezembro de 2020. No acumulado do ano, foi o único setor a subir (+2,0%), e somou R$ 439,8 bilhões.

Já o PIB da indústria cresceu 1,9% no confronto trimestral, enquanto subiu 1,2% em relação ao mesmo período de 2019, somando R$ 344,2 bilhões no último trimestre de 2020. Com o resultado, o setor interrompeu a sequência de três trimestres de queda na comparação anual, e engatou o segundo resultado trimestral positivo em 2020. Porém, fechou o ano passado – marcado pela pandemia do novo coronavírus – com recuo de 3,5% e somou R$ 1,3 trilhão.

Ainda do lado da oferta, o PIB de serviços também engatou o segundo trimestre de resultado positivo e subiu 2,7% na comparação com o terceiro trimestre, somando mas caiu pela quarta vez seguida, em -2,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O PIB do setor de serviços somou R$ 1,3 trilhão entre outubro e dezembro de 2020. No acumulado do ano, porém, tombou 4,5% e somou R$ 4,7 trilhões.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 3,4% em relação ao período anterior, engatando o segundo trimestre de alta, porém, caiu pela quarta vez seguida, em -3,0% ante o mesmo período de 2019. Entre outubro e dezembro de 2020, o consumo das famílias somou R$ 1,3 trilhão. No fechamento de 2020, o consumo das famílias encolheu 5,5% e somou R$ 4,7 trilhões, chegando ao pior resultado da série histórica.

Ainda nessa ótica, o consumo do governo subiu 1,1% ante o trimestre anterior, engatando o segundo trimestre de resultado positivo. Em relação ao mesmo período de 2019, os gastos do governo recuaram pela nona vez seguida (desde o quarto trimestre de 2018), em -4,1%. No último trimestre do ano passado, essa cifra do PIB nacional referente à União somou R$ 427,7 bilhões.
No ano, o indicador cedeu 4,7%, menor resultado em 24 anos, e somou R$ 1,5 trilhão.

Por fim, a formação bruta de capital fixo (FBCF) no país disparou 20,0% no quarto trimestre de 2020 em relação ao período anterior, somando R$ 366,6 bilhões. Já na comparação com igual período de 2019, a FBCF, que se refere aos investimentos produtivos, avançou 13,5%. Porém, o dado fechou 2020 com queda de 0,8%, encerrando dois anos seguidos de resultado positivo, e o FBCF somou R$ 1,2 trilhão.

EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

As exportações de bens e serviços caíram 1,4% no quarto trimestre de 2020, em relação ao período anterior e com forte queda de 4,3% no confronto com um ano antes. No ano, o dado recuou 1,8%. No mesmo período, as importações dispararam 22,0% e recuaram 3,1%, na mesma ordem. Com isso, fechou 2020 com um tombo de 10,0%.

Segundo o IBGE, os destaques negativos das exportações no ano, na comparação com o fechamento de 2019, ficaram com: veículos automotores, metalurgia, máquinas e equipamentos e outros equipamentos de transporte. Já entre as importações, ainda em relação ao ano anterior, os destaques negativos foram: serviços, veículos automotores, petróleo e derivados, além de máquinas e material elétricos.

TAXA DE INVESTIMENTO

A taxa de investimento da economia brasileira em 2020 foi de 16,4%, acima do observado em 2019 (+15,4%). Já a taxa de poupança no ano foi de 15,0%, acima dos 12,5% registrados no fechamento de 2019.

Segundo o Instituto, a necessidade de financiamento da economia brasileira alcançou R$ 26,2 bilhões no ano passado ante R$ 211,5 bilhões em 2019. Esse resultado é explicado, principalmente, pela queda de R$ 121,5 bilhões no saldo externo de bens e serviços, superior à redução de R$ 55,9 bilhões na renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo.