Petrobras obtém autorização da ANP para comercializar bunker com conteúdo renovável

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São Paulo – A Petrobras obteve, nesta quinta-feira (11/07), autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a comercialização de combustível marítimo com conteúdo renovável. A companhia é a primeira no país a receber a autorização para entregar ao mercado um bunker com 24% de biodiesel.

O VLS (Very Low Sulfur) B24, produzido pela Petrobras, é resultado da mistura de bunker de origem mineral com biodiesel certificado pela ISCC EU RED, uma das mais tradicionais certificações existentes no mercado, aplicável para rastreabilidade e cálculo das emissões de gases de efeito estufa de matérias-primas e bioprodutos sustentáveis.

Petrobras é pioneira

A autorização da ANP reforça a estratégia da Petrobras no desenvolvimento de produtos mais sustentáveis para oferecer ao mercado combustíveis com maior valor agregado e com baixa pegada de carbono.

Durante meses, foram realizados testes do produto em situações reais de navegação e acompanhamento de dados de navios, como consumo, potência desenvolvida, distância percorrida, além do desempenho do combustível em filtros e sistemas de purificação. Os resultados indicaram que não houve ocorrência atípica no funcionamento dos motores das embarcações, tampouco nos sistemas de tratamento do combustível (centrífugas e filtros), confirmando as viabilidades operacionais e comerciais do bunker com conteúdo renovável da Petrobras.

Segundo o diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, o desenvolvimento de tecnologias e produtos mais sustentáveis é prioridade para a companhia. A autorização concedida pela ANP para a comercialização do VLS B24 é mais um indicativo da correção da nossa estratégia de apresentar soluções economicamente viáveis e adequadas às demandas da sociedade por sustentabilidade.

Dados da ANP

Entre setembro de 2022 e janeiro de 2024, a Petrobras realizou, autorizada pela ANP, testes em navios utilizando bunker com adição de biodiesel, variando de 10% até 24%. Os resultados apontaram que não houve problemas no funcionamento dos motores e outros sistemas operacionais dos navios e que ocorreu redução das emissões de gases de efeito estufa.

“No último teste, com 24% de biodiesel, além de confirmar a inexistência de problemas, levou à redução de emissões de cerca de 19% em relação ao combustível sem conteúdo renovável”, disse a agência.

Não estão previstas alterações nos combustíveis nos produtores. Ou seja, a mistura será feita no terminal a partir de bunker e biodiesel em conformidade com as suas respectivas especificações vigentes.

A medida está alinhada à estratégia adotada em 2023 pelos estados membros da Organização Marítima Internacional (IMO), entre eles o Brasil, de redução de emissões por navios. O objetivo é zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa provenientes do transporte marítimo até 2050. Nessa linha, a International Organization for Standardization, na mais recente edição, em maio último, da sua norma ISO 8217, Products from petroleum, synthetic and renewable Fuels (class F) Specifications of Marine Fuels, admite o uso de 100% de biodiesel na navegação.

Diante da experiência com testes autorizados pela ANP, somada às revisões de normativas internacionais, a Diretoria da ANP indicou também de inclusão da revisão da Resolução ANP nº 903/2022, como ação no próximo ciclo da Agenda Regulatória da ANP.