Petrobras está otimista com redução de dívida e vê plano robusto

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São Paulo – A Petrobras está otimista com o ritmo de redução da sua alavancagem e disse ter boas expectativas de atingir a sua meta de US$ 60 bilhões de dívida bruta até o fim do ano. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Rodrigo Araújo, a companhia também segue buscando alternativas para reduzir o custo da dívida e pode avaliar o pagamento de mais dividendos.

“Avaliando a desalavancagem, temos boas perspectivas para atingir a meta de US$ 60 bilhões e vamos sempre olhando espaço para mais dividendos, mas sem nenhum compromisso”, disse Araújo em videoconferência com analistas sobre os resultados, depois de a companhia já ter anunciado ontem a antecipação do pagamento de dividendos no valor de R$ 31,6 bilhões.

O diretor também disse que a companhia olha a sua dívida como um todo e que sempre que possível faz pré-pagamentos de dívidas, além de avaliar outras alternativas que possam fazer com que ela tenha o menor custo possível e possa ser alongada.

PLANO DE NEGÓCIOS

A estatal ainda mostrou otimismo com o novo plano de negócios, para o ciclo de 2022 a 2026, que deve apresentar até o fim deste ano. Segundo o diretor de produção e exploração da Petrobras, Fernando Borges, há vários projetos com potencial e possibilidade de novas frentes de exploração.

“Vamos ter um plano de negócios bastante robusto, mantemos projetos bastante resilientes com o preço atual do petróleo, além de ter outras frentes exploratórias”, afirmou.

Além disso, disse que a companhia continua com a estratégia de atuar em parceria com outras empresas em projetos e ao adquirir blocos em leilões.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA

A petrolífera brasileira também alega que está avaliando o melhor caminho para atender a demanda do mercado de transição energética e de ter ativos mais sustentáveis.

Questionada sobre a possibilidade de comprar ativos que atendam essa necessidade, o diretor financeiro não descartou, mas disse que considera que a companhia já tem ativos interessantes no seu portfólio e que qualquer compra tem que garantir retorno.

“Estamos avaliando como caminhar na transição energética, mas qualquer diversificação de portfólio tem que ser rentável. A Petrobras tem vantagem de portfólio competitivo, temos nível de emissões bastante adequado, considerando o pré-sal, estamos trabalhando no desenvolvimento de novos produtos, temos programas importantes para aumentar eficiência energética, isso é parte importante da nossa estratégia e, como demais empresas vem fazendo, estamos discutindo isso internamente. Temos sido conservadores em termos de diversificação”, afirmou.

PREÇOS DE COMBUSTÍVEIS

A Petrobras reiterou a sua política de preços de combustíveis atual, afirmando que segue analisando diariamente os preços internacionais do petróleo, mas que procura ser cautelosa nos repasses para o mercado interno, procurando evitar repassar o excesso de volatilidade dos preços do mercado internacional.

A estatal também afirmou que não vê necessidade de ter uma periodicidade marcada para reajustar preços e que está contribuindo para discussões de um possível fundo de estabilização de preços.

“Nosso posicionamento de preços busca evitar repassar imediatamente preços para o mercado interno. Claro que seguimos a cotação internacional, buscamos acompanhar não só a cotação como o câmbio, analisamos diariamente buscando perceber se há evolução conjuntural ou estrutural, isso nos deixa à vontade para fazer ajustes sem periodicidade”, afirmou o diretor executivo de
comercialização e logística da Petrobras, Cláudio Mastella, em videoconferência de resultados com analistas.

Segundo Mastella, no segundo trimestre, houve menos reajustes de preços em função do fato de muitas vezes os preços do petróleo e do câmbio estarem em sentidos opostos, diferentemente do que aconteceu no primeiro trimestre, quando houve maior elevação de preços e da taxa de câmbio, o que levou a ajustes mais frequentes.

Embora muitos analistas afirmem que há uma defasagem dos preços no exterior em relação aos praticados pela Petrobras, o diretor disse que acredita que a política atual está na direção correta, sem deixar de levar em conta a paridade internacional e o aumento da importação de combustíveis, mas sem deixar de considerar o impacto social de aumentos para a população.

Questionado sobre o possível fundo de estabilização de preços de combustíveis que está sendo avaliado pelo governo, o diretor ainda disse que participam das discussões com a visão já explicada. “Contribuímos sim nas discussões no âmbito do Ministério de Minas e Energia quanto a eventuais programas como um fundo de estabilização de preços”, disse, sem dar mais detalhes sobre o andamento da questão.