Petrobras diz que não pode antecipar reajustes de preços; ações sobem

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Foto: Shutterstock

São Paulo – A Petrobras divulgou um comunicado explicando que apesar da elevada volatilidade do preço do petróleo nos últimos meses, por conta da pandemia de Covid-19 e, mais recentemente, da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, não pode dizer se vai haver novo reajuste ou não no preço dos combustíveis.
“Nos últimos dias, observamos redução dos níveis de preços internacionais de derivados, seguida de forte aumento no dia de ontem. A Petrobras tem sensibilidade quanto aos impactos dos preços na sociedade e mantém monitoramento diário do mercado nesse momento desafiador e de alta volatilidade, não podendo antecipar decisões sobre manutenção ou ajustes de preços, disse a empresa, em comunicado publicado na Agência Petrobras.
A estatal disse ainda que apesar dos preços terem disparado, a opção foi não repassar de imediato a volatilidade, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo, com repasse realizado apenas depois do dia 11 de março, após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, a Petrobras implementou ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras de gasolina, diesel e GLP.
“Os valores aplicados naquele momento, apesar de relevantes, refletiam somente parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, que foram fortemente impactados pela oferta limitada frente à demanda mundial por energia”,
A empresa informou que “segue todos os ritos de governança e busca um equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo que evita repassar para os preços internos as volatilidades das cotações internacionais e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais e, segundo a companhia, “que esse posicionamento permitiu que os preços nas refinarias da Petrobras tenham permanecido estáveis por 152 dias para o GLP, e 57 dias para a gasolina e o diesel, mesmo nesse quadro de ascensão do preço internacional.”
A Petrobras ressaltou que o ambiente ainda é de muita incerteza, com aumento na demanda por combustíveis no mundo, “o que reforça a importância de que os preços no Brasil permaneçam alinhados ao mercado global para assegurar a normalidade do abastecimento e mitigar riscos de falta de produto”, completou
ROYALTIES
A Petrobras recolheu aos cofres públicos em 2021 o total de R$ 54,5 bilhões somente em royalties e participações especiais, maior valor anual já pago pela companhia. O valor é 70% maior que o de 2020 (R$ 32 bilhões) e aproximadamente 36% em relação a 2019, recorde anterior (R$ 39,9 bilhões), disse a estatal, em nota em nova tentativa de demonstrar que suas atividades “geram retorno não só para a companhia, mas para a sociedade como um todo.”
AÇÕES SOBEM
Sem nenhuma notícia que impacte a Petrobras e com o avanço do petróleo as ações da companhia passaram a subir nessa sexta-feira, impulsionando a Bolsa. Por volta das 15h45 (horário de Brasília), PETR3 e PETR4 subiam 1,46% e 2,16%, e o Ibovespa tinha alta de 1,40%.
“Como o presidente [Jair Bolsonaro] não pode interferir na Petrobras a hora que quiser, tira um pouco do estresse que o mercado criou em cima da estatal por conta do aumento do petróleo e gasolina [recente aumento dos combustíveis]”, comentou Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
E acrescentou “se olharmos as outras petrolíferas, a Petrobras ainda está devendo”. Os papéis da 3RPetrolium (RRRP3) e Petrorio (PRIO3) subiam 3,29% e 0,91%. na véspera as ações tiveram forte ganho.
Ontem (16/3), as ações da Petrobras fecharam em queda com rumores sobre uma possível troca de comando da companhia. Ao fim dos negócios, os papéis PETR3 e PETR4 caíam 2,75% e 2,56%. O presidente Jair Bolsonaro disse que a demissão de Silva e Luna é uma “possibilidade”, mas que já foi demovido de realizar essa mudança, em entrevista à TV Ponta Negra, o que, na visão de analistas, evidencia maiores atritos entre o executivo e a gerência da companhia e é negativo para Petrobras. “Ainda que a paridade esteja sendo feita de maneira espaçada, atual diretoria vem mantendo rigor técnico e saneando financeiramente a companhia”, disse a corretora Ativa, em nota.
O general Joaquim da Silva e Luna, por sua vez, que tem mandato na presidência da estatal até 2023, afirma que não vai pedir demissão.
Na semana passada, o governo indicou o nome de Rodolfo Landim, que já atuou por 26 na Petrobras e é o atual presidente do Flamengo e próximo de Bolsonaro, para concorrer à presidência do Conselho de Administração da companhia, e mais sete nomes ao órgão, cuja eleição ocorrerá na Assembleia Geral Ordinária de 13 de abril de 2022.