Perspectivas de crescimento dos EUA são atrapalhadas por inflação e eventos geopolíticos

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São Paulo – As perspectivas de crescimento da economia norte-americana estão sendo atrapalhadas pela incerteza causada pelos recentes eventos geopolíticos e o aumento dos preços, afirma o Livro Bege, relatório econômico sobre as 12 principais regiões dos Estados Unidos produzido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
De acordo com o documento, a economia se expandiu em ritmo moderado desde o meio de fevereiro, mas vem apresentando problemas. “A atividade industrial foi sólida em geral na maioria dos distritos, mas os atrasos na cadeia de suprimentos, a rigidez do mercado de trabalho e os custos elevados de insumos continuaram a representar desafios à capacidade das empresas de atender à demanda”, afirma o relatório, que também cita os baixos estoques como responsável pela limitação de vendas de veículos.
De acordo com o Fed, vários distritos relataram ganhos moderados de emprego, apesar dos desafios de contratação e retenção de cargos. Enquanto isso, “os gastos do consumidor aceleraram entre empresas de varejo e serviços não financeiros, à medida que os casos de covid-19 diminuíram em todo o país”.
“A atividade imobiliária comercial acelerou modestamente com o aumento da ocupação de escritórios e da atividade de varejo. Os contatos dos distritos relataram forte demanda contínua por imóveis residenciais, mas oferta limitada”, afirma o documento.
Segundo o banco central norte-americano, as condições agrícolas foram mistas entre as regiões. “Os agricultores foram apoiados pelo aumento dos preços das colheitas, mas as condições de seca foram um desafio em alguns distritos e os custos crescentes dos insumos diminuíram as margens dos produtores em todo o país”, conclui.
INFLAÇÃO
As pressões inflacionárias permanecem fortes e espera-se que permaneçam assim pelos próximos meses, informa o documento. Segundo o Fed, com isso, os salários vêm aumentando, também devido ao contínuo aperto do mercado de trabalho.
“As pressões inflacionárias permaneceram fortes desde o último relatório, com as empresas continuando a repassar os custos de insumos rapidamente crescentes aos clientes”, informa o documento.
De acordo com o Fed, contatos em todos os distritos do país, particularmente aqueles do setor industrial, observaram aumentos acentuados nos custos de matérias-primas, transporte e mão de obra.
Segundo o relatório, houve aumento nos “preços de energia, metais e commodities agrícolas após a invasão russa da Ucrânia, e vários notaram que os bloqueios do covid-19 na China pioraram as interrupções na cadeia de suprimentos”.
O banco central norte-americano informou que os fornecedores de insumos “estavam fazendo uso de termos contratuais mais flexíveis ou apenas honrando cotações de preços por 24 horas”.
Por um lado, a forte demanda permitiu que as empresas repassassem os aumentos de custos de insumos aos clientes, por exemplo, por meio de sobretaxas de combustível para frete e tarifas aéreas.
“No entanto, contatos em alguns distritos observaram impactos negativos nas vendas devido ao aumento dos preços”, afirma o Livro Bege.
EMPREGO
Segundo o relatório, essas pressões inflacionárias também vêm contribuindo para salários mais altos, além da demanda ainda alta por mão de obra no país. “O emprego aumentou a um ritmo moderado. A demanda por trabalhadores continuou forte na maioria dos distritos e setores da indústria”, explica o documento.
De acordo com o Fed, a contratação foi travada pela falta geral de trabalhadores disponíveis, embora vários distritos tenham relatado sinais de melhora modesta na disponibilidade de funcionários.
“Muitas empresas relataram rotatividade significativa à medida que os trabalhadores partiam para salários mais altos e horários de trabalho mais flexíveis”, afirma o documento. Os distritos informaram que mesmo com o aumento do pagamento, ainda é difícil preencher vagas.
No entanto, “alguns contatos relataram sinais iniciais de que o forte ritmo de crescimento salarial começou a desacelerar”.