Ouça o Agência CMA Podcast de 13 de setembro

738

Para ouvir o Podcast, clique no botão logo acima. Se preferir a versão em texto, a transcrição está logo abaixo. Tem sugestões, reclamações, críticas ou elogios? Envie um e-mail para g.nicoletta@cma.com.br.

Olá ouvinte do Agência CMA Podcast. Eu sou Gustavo Nicoletta, editor-chefe da agência, e este é o resumo da semana.

Vamos começar o boletim com uma pergunta: o que você estava fazendo em 13 de setembro do ano passado? Algo muito diferente do que está fazendo hoje?

Para uma pessoa em específico, houve um giro de 180 graus. Estou falando de Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu.

Há um ano, Draghi confirmava ao mercado que o BCE diminuiria o ritmo de estímulo monetário à zona do euro porque enxergava sinais de recuperação do crescimento e da inflação no bloco – uma avaliação considerada otimista demais à época.

Vários meses se passaram e ontem Draghi se viu na situação inversa, tendo que anunciar novamente um conjunto de medidas para estimular a economia e a alta dos preços na zona do euro.

O pacote aprofunda a penalização aos bancos que deixam dinheiro estacionado no BCE, retoma injeções periódicas
de liquidez no sistema financeiro e deixa mais atraente uma linha de financiamento do banco central para as instituições que aumentarem o volume de empréstimos.

Além do anúncio de Draghi, a semana também teve desdobramentos positivos em relação à disputa comercial entre Estados Unidos e China.

O presidente norte-americano, Donald Trump, adiou por alguns dias um aumento programado nas tarifas de importação a bens chineses previsto para o início de outubro.

Segundo ele, a mudança foi feita a pedido do governo chinês e atendida pela Casa Branca como um gesto de boa vontade. Em troca, a China estudará importar mais produtos agrícolas dos Estados Unidos.

Este aparente relaxamento nas relações entre os dois países ocorre em meio aos preparativos para uma nova rodada de negociações comerciais em outubro, e por isso foi interpretado como um sinal de que um acordo estaria mais próximo.

Aqui no Brasil também houve notícias positivas. As vendas do setor varejista cresceram 1,0% em julho ante junho e surpreenderam o mercado, que previa queda.

No setor de serviços, a situação também avançou, com a atividade atingindo o melhor resultado do ano, embora ainda esta abaixo dos níveis observados no fim de 2018.

Ao mesmo tempo, dados mostraram que a inflação em agosto desacelerou, mas ficou praticamente em linha com as expectativas.

O governo também começou a sinalizar que haverá desbloqueio de recursos do orçamento federal. A previsão é de que dois terços do dinheiro que até então estava travado seja liberado até o final do ano.

O ponto negativo foi a demissão do secretário da Receita Federal, Marcos Cintra.

Ele foi exonerado depois de detalhes de um plano para adotar um imposto sobre pagamentos, semelhante à antiga CPMF, serem colocados em debate antes de o plano ser formalizado e chancelado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro sempre foi contra a adoção deste tipo de cobrança, e o Congresso também dá sinais de que rejeitará qualquer proposta semelhante, mas a equipe econômica aparentemente não desistiu da ideia.

Na próxima semana, no Brasil, o evento mais relevante será o anúncio da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, na quarta-feira.

A expectativa do mercado é de que o grupo anuncie mais um corte de meio ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, mesmo com o dólar sustentando níveis superiores a quatro reais.

A justificativa é de que a atividade econômica continua fraca e de que dificilmente a inflação vai ficar acima da meta de 4,25% deste ano.

Vale monitorar também o quadro de saúde do presidente Jair Bolsonaro. Ele está se recuperando de uma cirurgia e deveria ter voltado a exercer o cargo na quinta-feira, mas complicações adiaram seu retorno à Presidência até terça-feira.

No exterior, o evento mais importante será o anúncio da decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Será na quarta-feira, um pouco antes do Copom.

A expectativa do mercado é quase unânime em relação à possibilidade de redução da taxa de juros, em 0,25 ponto porcentual, mas uma minoria espera a manutenção da taxa na faixa atual, que vai de 2% a 2,25%.

Na quinta-feira, virão decisões de outros bancos centrais importantes: o do Japão – que não deve anunciar mudanças em suas políticas – e o da Inglaterra – que também deve manter inalteradas as taxas de juros.

Com isso eu encerro o nosso boletim semanal. Boa semana, bons negócios.