Otimismo por pacote nos EUA faz Bolsa subir e dólar cair

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São Paulo – O Ibovespa resistiu bravamente ao desejo dos realizadores de lucros e se manteve firme na alta durante essa semana, mantendo quatro pregões seguidos de avanço, ou seja, nenhuma queda no mês de dezembro até o momento. Hoje o índice encerou em alta de 1,29%, aos 113.750,22 pontos. Na semana, o Ibovespa subiu 3,26%.

“Tivemos mais uma semana positiva para o mercado acionário global. O anúncio de sucesso na vacina contra o covid-19 com expectativa que se inicie já neste mês a vacinação em alguns países, além da expectativa que o pacote de estímulo trilionário nos EUA possa ser aprovado em breve sustentaram o bom humor dos investidores”, explicou o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi em relatório semanal.

Para a próxima semana, Galdi afirma que “fatores de influência no mercado financeiro global continuarão sendo a eventual aprovação de um novo programa de estímulo nos EUA e notificações sobre o avanço do covid-19 no mundo e o desenvolvimento da vacina. Qualquer informação sobre estes temas terá força para influenciar o mercado financeiro global”, disse.

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior alta ficou com o papel ordinário da CSN (CSNA3), com valorização de 12,45%, seguido pelo papel ordinário da PetroRio (PRIO3), com avanço de 8,10%, e pela ação ordinária da B2W Digital (BTOW3), com ganho de 7,68%.

Por outro lado, a maior queda ficou com a ação ordinária da Cyrela (CYRE3), com retração de 3,60%, seguido pela ação ordinária da MRV (MRVE3), com recuo de 3,44%, e pelo papel ordinário da CPFL Energia (CPFE3), com desvalorização de 2,91%.

Ainda sobre o pregão de hoje, nem mesmo o decepcionante dado sobre emprego nos Estados Unidos foi capaz de motivar uma queda do índice. A economia norte-americana criou 245 mil postos de trabalho em novembro e a taxa de desemprego caiu para 6,7%, de 6,9% em outubro. O número de vagas criadas ficou abaixo da projeção dos analistas, que esperavam abertura de 500 mil vagas. A taxa de desemprego veio abaixo da previsão, de 6,9%.

Os dados foram divulgados pelo Departamento do Trabalho do país e as estimativas foram levantadas com analistas pela Agência CMA. O Departamento do Trabalho informou também que em outubro foram criados 610 mil postos de trabalho, menos que as 638 mil vagas divulgadas na leitura preliminar.

O dólar comercial fechou em queda de 0,25% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1260 para venda, renovando a mínima intraday e o menor valor de fechamento desde julho, em sessão de forte volatilidade em meio à correção local e exterior calibrando indicadores dos Estados Unidos e otimismo com notícias sobre as vacinas contra a covid-19 e com a nova rodada de tratativas em torno da aprovação de um novo pacote fiscal.

A moeda, que operou em boa parte do pregão com sinal positivo, inverteu sinal na reta final dos negócios e renovou mínimas sucessivas no nível de R$ 5,11 seguindo o exterior. “Apesar do decepcionante resultado do payroll nos Estados Unidos, que evidenciou o grande impacto da crise sanitária na economia norte-americana, os investidores optaram por aceitar o risco que impulsionou as bolsas [de valores] e tirou a força do dólar”, avalia o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

O relatório de empregos norte-americano, payroll, de novembro apontou a criação de 245 mil vagas de trabalho, ante expectativa de 500 mil novos postos de trabalho. O mercado externo calibrou o resultado mais fraco do indicador com as expectativas de aprovação de um novo pacote de estímulos fiscais nos Estados Unidos, em meio à nova rodada de tratativas, e otimismo frente à implementação da vacina contra a covid-19.

Na semana, a moeda recuou 3,77%, na maior queda percentual semanal desde o início de novembro, e engatou a terceira queda semana seguida. O analista da corretora Mirae Asset, Pedro Galdi, ressalta que o forte recuo veio da expectativa de aprovação de um pacote bilionário nos Estados Unidos, da forte entrada de recursos de investidores estrangeiros na bolsa brasileira e do início de discussões para a retomada da pauta de reformas no Brasil.

Além de notícias positivas sobre a chegada de vacinas contra o novo coronavírus e o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que cresceu 7,7% no terceiro trimestre, abaixo do esperado.

Na próxima semana, com a agenda de indicadores carregada, os destaques ficam para os dados de inflação nos Estados Unidos, na zona do eura, na China e aqui, somado à decisão de política monetária do Banco Central (BC). Segundo levantamento prévio da Agência CMA, o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá manter a taxa Selic em 2,00% pela terceira vez seguida.

Para a equipe econômica da Tendências Consultoria, a manutenção dos juros será em um contexto ainda marcado por incertezas quanto à sustentabilidade da retomada econômica nos próximos meses, a persistência das atuais pressões inflacionárias e o encaminhamento das questões fiscais. “Será importante observar o tom do comunicado e da ata [a ser divulgada no dia 15] em meio a essas indefinições”, diz.

A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, pondera que o mercado cambial poderá passar por ajustes diante das quedas recentes e atento, principalmente, ao noticiário em relação às vacinas e ao desdobramento dos estímulos fiscais nos Estados Unidos.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) tiveram um dia de correção e fecharam em alta, recompondo parte dos prêmios retirados de forma intensa ontem. Ainda assim, a oscilação foi estreita, com o viés positivo sendo ofuscado pelo renovado apetite dos investidores estrangeiros em direção ao risco no Brasil.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,09%, de 3,025% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,500%, de 4,485% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,13%, de 6,11%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,94%, de 6,90%, na mesma comparação.

Wall Street ignorou a desaceleração do emprego nos Estados Unidos em novembro e o recorde de casos de covid-19 no país, terminando a sessão e a semana em tom positivo. Os principais índices do mercado de ações norte-americano fecharam o dia em suas máximas graças às notícias sobre uma nova rodada de estímulos econômicos.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,83%, 30.218,26 pontos

Nasdaq Composto: +0,70%, 12.464,2 pontos

S&P 500: +0,88%, 3.699,12 pontos