Opep derruba previsão de demanda para 2020 por surto de coronavírus

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São Paulo – Os efeitos do surto do novo coronavírus sobre o mercado global de energia fez com que a Opep revisasse em baixa a previsão de crescimento da demanda por petróleo em 920 mil barris por dia (bpd) este ano, para 6 mil bpd. Com isso, a demanda global total agora é estimada em 99,73 milhões de bpd.

“O impacto do surto do covid-19 na China e seus impactos adversos no transporte e combustíveis industriais foram as principais causas dessa revisão em baixa. Além disso, presume-se que o surto afete severamente o crescimento da demanda de petróleo em vários outros países e regiões fora da China, como Japão, Coreia do Sul, Europa e Oriente Médio, o que levou a uma revisão descendente nessas regiões”, diz a Opep em relatório de março.

As previsões tem como base um crescimento menor para a economia global. Agora, a Opep espera uma expansão de 2,4% este ano, 0,6 ponto percentual (pp) a menos do que o estimado no relatório do mês passado.

“Considerando os desenvolvimentos mais recentes, os riscos negativos atualmente superam quaisquer indicadores positivos e sugerem mais revisões prováveis de queda no crescimento da demanda de petróleo, caso o status atual persista”, acrescenta.

Para a oferta de petróleo em 2020, a Opep também reviu em baixa a previsão de crescimento, em 490 mil bpd, para 1,76 milhão de bpd, considerando países de fora do cartel. Com isso, a oferta total esperada agora é de 66,74 milhões de bpd.

O cartel diz em seu relatório que a causa do histórico colapso da segunda-feira nos preços do petróleo foi “a rápida disseminação do covid-19 fora da China e o aumento de novos casos de contaminação, juntamente com as expectativas de maior oferta global de petróleo nos próximos meses”.

Esse aumento na oferta és esperado depois que o petróleo perdeu quase um quinto de seu valor no início desta semana, com o colapso das negociações entre a Opep e seus aliados – grupo conhecido como Opep+ – no final da semana passada, aumentando a tensão entre sauditas e russos.

Na ocasião, a Arábia Saudita propôs um corte adicional de 1,5 milhão de barris por dia (bpd) até o final do ano. A Rússia rejeitou a iniciativa, levando Riade a se preparar para aumentar a produção e derrubar ainda mais os preços do petróleo.

Em fevereiro, os dados oficiais da Opep mostram um aumento de 36 mil bpd na produção da Arábia Saudita e 30 mil bpd no Iraque. Dados secundários citados pela OPEP mostram que a produção saudita estava caindo 56 mil bpd e a produção iraquiana aumentou 86 mil bpd.

Esses dados secundários também mostraram uma queda de 647 mil barris por dia na produção da Líbia, para 146 mil bpd, ante 1,1 milhão de bpd em dezembro

Enquanto “a produção é revisada em alta principalmente para a Rússia, Tailândia, Indonésia e Omã”, seu aumento será superado por reduções nos Estados Unidos, Canadá, Noruega e China, entre outros países”, diz a Opep.