Ocupação de UTIs supera 90% em 11 estados com casos de covid em alta

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Imagem microscópica do coronavírus
Imagem microscópica do coronavírus causador da covid-19. (Foto: Hannah A Bullock e Azaibi Tamin/CDC)

São Paulo – A taxa de ocupação de leitos de UTI nos hospitais superou 90% em 10 estados brasileiros e no Distrito Federal neste fim de semana, enquanto as médias móveis de casos e mortes seguem crescendo, sugerindo que a situação nos próximos dias deve piorar.

Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, a média móvel de casos de covid-19 nos últimos sete dias atingiu 66.869 no domingo, um nível recorde, depois de passar os últimos dias perto da máxima histórica anterior, de 59.443, que havia sido atingida em 23 de janeiro.

A média móvel de mortes está atingindo recordes quase diariamente desde o final de fevereiro, e ontem não foi diferente – o novo teto agora é de 1.496.

A média móvel é um indicador mais adequado para avaliar o comportamento da pandemia porque aos finais de semana o número de notificações de casos e o de mortes tendem a cair por questões não relacionadas ao surto da doença – fechamento de unidades de saúde, por exemplo.

A ocupação de leitos de UTI – indicador que mostra as condições do sistema público de saúde para atender a população que desenvolve os quadros mais graves de covid-19 – também está crescendo. Em vários estados o índice já passou de 85%, nível considerado crítico e indicativo de um colapso iminente no atendimento.

As situações mais graves são as do Rio Grande do Sul, onde praticamente todos os leitos do setor público foram ocupados e os hospitais particulares começaram a abrir novos leitos para atender à demanda por internações.

Em seguida, aparecem Rondônia (97,8%), Tocantins (96,8%), Paraná (96,3%), Goiás (96,3%), Santa Catarina (96,1%) e Rio de Janeiro (96,0%). Em Alagoas, estado com o menor percentual de ocupação de leitos de UTI, a taxa é de 72,43%.

Os dados sobre as UTIs foram compilados pelo covid19BrBot, iniciativa que agrega dados oficiais divulgados pelos governos estaduais referentes à pandemia.

Mesmo com o agravamento da pandemia, que motivou vários estados a restringir a circulação de pessoas e adotar medidas para limitar o funcionamento do comércio e de outros setores da economia, as autoridades ainda registram descumprimento das regras de distanciamento social e de prevenção à covid-19.

Na semana encerrada no último sábado (6), a polícia do Rio Grande do Sul, estado em que o sistema de saúde praticamente colapsou, encerrou 126 festas que estavam sendo promovidas durante o período de contenção. Em uma delas, em Pelotas, havia 50 pessoas em uma das festas.

Em Porto Velho (RO) também houve festas e aglomerações encerradas pelas autoridades policiais. Ontem, 26 pessoas foram autuadas num bar que estava funcionando com portas fechadas para tentar se esconder da fiscalização, e uma festa de aniversário com pelo menos 50 pessoas também foi encerrada pela polícia.

Em São Paulo, estado em que a ocupação dos leitos de UTI está abaixo de 80%, mas que neste fim de semana entrou na fase mais restritiva do plano estadual que rege as atividades econômicas e a circulação de pessoas durante a pandemia, a polícia encerrou uma festa com 175 pessoas, também sem máscaras, reunidas dentro de um imóvel de dois andares.