Número 2 do Fed diz que condições para alta de juros serão alcançadas em 2022

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Fachada do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) / Foto: Fed

São Paulo – O vice-presidente do Federal Reserve (Fed), Richard Clarida, disse que as condições para o aumento da taxa básica – hoje perto de zero – serão alcançadas no final de 2022, abrindo caminho para que o banco central norte-americano inicie o aperto monetário via juros já no início de 2023.

“Minha expectativa hoje é que o mercado de trabalho até o final de 2022 terá atingido minha avaliação de pleno emprego se a taxa de desemprego tiver caído até a mediana das projeções do comitê de 3,8%”, afirmou ele em discurso.

Desde março de 2020, o Fed vem mantendo a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% ano para ajudar a economia norte-americana a atravessar a crise provocada pela pandemia de covid-19. Além disso, o banco central também compra mensalmente US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro e lastreados em hipotecas – aquisições que estão atualmente sob avaliação do comitê.

As recentes sinalizações do Fed apontam que a política monetária permanecerá acomodatícia nos Estados Unidos até que as metas de pleno emprego e estabilidade de preços sejam alcançadas. Com a disparada da inflação nos últimos meses, os investidores passaram a especular se a autoridade monetária não seria forçada a elevar os juros antes do previsto pelas projeções, ou seja, no final de 2023.

“Dada essa perspectiva e enquanto as expectativas de inflação permanecerem bem ancoradas na meta de longo prazo de 2,0% – que, com base no índice de expectativas de inflação comuns da equipe do Fed, julgo que no momento seja o caso e que projeto que permanecerá verdadeiro ao longo do horizonte de previsão – o início da normalização da política em 2023 seria, sob essas condições, totalmente consistente com nosso novo quadro de metas de inflação média flexível”, afirmou Clarida.

O número dois do Fed abriu o discurso dizendo que agora não era o momento para o aumento dos juros, embora tenha indicado, no decorrer do texto, que se sua perspectiva para a inflação e para o desemprego se concretizarem, as condições para que a taxa básica suba terá sido alcançada no final do ano que vem.

“Embora, como o presidente [Jerome] Powell indicou na semana passada, estejamos claramente longe de considerar o aumento da taxa de juros e isso certamente não é algo na tela do radar agora, se as perspectivas para a inflação e para o desemprego que resumi anteriormente forem os resultados reais realizados ao longo do horizonte de projeção, então acredito que essas três condições necessárias para elevar a taxa de juros terão sido atendidas até o final do ano de 2022”, disse ele.

O núcleo do índice de preços para gastos pessoais (PCE) – o indicador preferido pelo Fed para medir inflação -, subiu 3,5% em junho em base anual, após uma alta de 3,4% em maio. Clarida disse que espera que a inflação desacelere no próximo ano, mas ainda assim continue um pouco acima da meta de 2,0% do Fed.

“Eu continuo a julgar que esses desequilíbrios provavelmente se dissiparão com o tempo, conforme o mercado de trabalho e as cadeias de abastecimento globais eventualmente se ajustem e, o que é mais importante, sem colocar pressão ascendente persistente sobre a inflação, ganhos salariais ajustados para produtividade e a meta de 2,0% para inflação no longo prazo”, afirmou ele.

Clarida foi um dos principais arquitetos da nova estratégia do Fed para a inflação. Desde agosto do ano passado, o banco central norte-americano indicou que permitiria que a inflação ficasse acima da meta de 2% nos Estados Unidos por algum tempo para compensar períodos em que esteve abaixo dessa patamar.