Não há marca rígida para limite mínimo da Selic, diz diretor do BC

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Edifício-Sede do Banco Central do Brasil em Brasília. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

São Paulo – A taxa básica de juros do Brasil (Selic) ainda tem espaço para cair e não há um nível mínimo que defina até onde esse declínio pode ir, afirmou o diretor de política monetária do Banco Central (BC), Fabio Kanczuk, durante entrevista à XP Investimentos.

Segundo ele, se a Selic continuar caindo no Brasil, dada a situação econômica atual de demanda fraca, a inflação continuará enfraquecida, de forma que essa fronteira mínima para os juros do ponto de vista da manutenção da estabilidade de preços inexiste.

Apesar disso, se a taxa cair para zero ou menos, “a direção da política monetária é a mesma, mas começa a correr riscos maiores, andar em locais que nunca se andou antes. Sempre se trabalhou com juros acima do mercado internacional. Se cruzar isso daí não sei direito qual vai ser a reação do mercado”, afirmou.

Ele disse que este risco, relacionado à alocação de investimentos por parte do mercado, não é muito claro, e que os agentes econômicos fazem as contas mas não se chega ao mesmo ponto no final. “Isso se reflete mesmo dentro do Copom. Diferentes membros estão fazendo contas diferentes”, afirmou, referindo-se ao Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

“Não tem uma risca. Conforme o mercado vai andando, o foco vai andando para lá e para cá. A Coisa é mais dinâmica e menos certa. A conta no Copom passado tinha a ver com jogo entre hiato [do Produto Interno Bruto (PIB)] e juro neutro, isso tem peso muito grande para mim.”

“A fronteira tem contas diferentes e apetite é diferente. Eu pessoalmente vejo que tem que caminhar com muito cuidado, quero ver como mercado se comporta. Eu tenho apetite para testar. Outros membros tem menos apetite do que eu”, acrescentou.