Ministros que vão disputar eleições devem ser substituídos por secretários-executivos

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Imagem do Congresso Nacional em Brasília
Congresso Nacional. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Brasília – A dez dias de promover uma reforma ministerial, o presidente Jair Bolsonaro sinalizou, nesta segunda-feira, que vai seguir a indicação dos atuais titulares da Esplanada dos Ministérios e deve promover os secretários-executivos das pastas. Para Bolsonaro, a intenção é dar continuidade ao trabalho que vem sendo desenvolvido pelos ministros que vão deixar o governo para disputar as eleições de outubro.
“Eu ouvi de cada um deles uma indicação. Eu não posso deixar o Tarcísio saindo do ministério com tudo em andamento sem ter alguém que siga avante a política dele. A mesma coisa, a Tereza Cristina. Até o Marcos Pontes, que vem a deputado federal por São Paulo”, disse Bolsonaro, referindo-se aos ministros Tarcísio Gomes de Freitas (Infraestrutura), Tereza Cristina (Agricultura) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
Com essa sinalização, o presidente deve encerrar disputas entre aliados pela indicação dos novos ministros. “Quando você bota alguém de fora, para fazer uma acomodação política, você bagunça o governo e deixa de seguir aquele norte, vai para outro norte”, disse.
PRAZO FINAL
O prazo final para desincompatibilização é dia 2 de abril, segundo o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas Bolsonaro quer fazer a reforma ministerial no dia 31 de março. Segundo o presidente, neste momento, nove dos 23 ministros vão deixar o governo. O número poderá chegar a dez.
“Então eu ouvi as indicações deles. Praticamente de todos (foi) seu respectivo chefe de gabinete, seu respectivo executivo. A princípio os nomes serão esses. São pessoas que não são conhecidas por parte do mercado, mas que vão manter estritamente a política mantida pelos seus titulares. Então isso dá uma tranquilidade para todo mundo”, afirmou em entrevista à Jovem Pan.
Neste momento, três ministros devem deixar o governo para disputar governos estaduais: Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e João Roma (Cidadania). Outros cinco serão candidatos ao Senado Federal: Tereza Cristina, Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Gilson Machado (Turismo). O ministro Marcos Pontes deve ser candidato a deputado federal.
SECRETÁRIOS-EXECUTIVOS
O substituto de Freitas será Marcelo Sampaio, secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura. “Muitos se preocupam com a saída do Tarcísio para disputar o governo de São Paulo. O executivo dele, o Marcelo, é um garoto excepcional e é indicação do Tarcísio. Então vai ser mantido esse nome, porque sabe tudo o que está acontecendo lá dentro”, afirmou Bolsonaro.
No lugar de Tereza Cristina deve ficar o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes, que desistiu de disputar uma cadeira de deputado federal por Minas Gerais. Montes está no cargo desde o início do mandato de Bolsonaro e tem apoio da Frente Parlamentar da Agricultura, que indicou a ministra para o cargo.
No Ministério da Cidadania, Roma deve ser substituído pelo secretário-executivo da pasta, Luiz Galvão, servidor público de carreira. Porém o secretário de Esporte, Marcelo Magalhães, corre por fora. O presidente já disse que, pelo trabalho desenvolvido até agora, Magalhães mereceria ser ministro. Outro nome forte é o do chefe da Assessoria de Assuntos Estratégicos, Ronaldo Vieira Bento.
Além de acertar o seu substituto, o ministro tem de definir o seu futuro político. Roma pretende disputar o governo da Bahia, dando um palanque a Bolsonaro no estado, mas enfrenta resistências em seu próprio partido, o Republicanos, que manifestou apoio ao ex-deputado e ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, do União Brasil. Ex-aliados políticos, o ministro da Cidadania e ACM Neto romperam no ano passado, quando Roma aceitou o convite para integrar o governo Bolsonaro.
VICE-PRESIDENTE
Na entrevista, Bolsonaro afirmou ter acertado uma chapa sem o atual vice-presidente, Hamilton Mourão, que será candidato a senador pelo Rio Grande do Sul. Bolsonaro disse que ainda está acertando o nome de seu companheiro de chapa, mas indicou que deve ser o ministro da Defesa, Braga Netto.
Segundo Bolsonaro, seu vice será um mineiro: Braga Netto nasceu em Belo Horizonte. Disse ainda que precisa de um nome para ajudá-lo a governar e não a ganhar as eleições. “Eu tenho que ter uma vice que não tenha ambições de assumir a minha cadeira ao longo do mandato”, afirmou.
Confirmando-se a saída de Braga Netto, o nome mais forte para substituí-lo é o do general Paulo Nogueira, comandante do Exército.