Ministro argentino diz que tarifas de Trump sobre metais foram inesperadas

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Por Rafaela Aguiar

Buenos Aires – O governo argentino ficou surpreso com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retomar as tarifas sobre os produtos de aço e alumínio importados do Brasil e da Argentina.

O ministro da Produção e Trabalho argentino, Dante Sica, disse que era inesperado, pois não havia sinais de mudanças em relação à importação desses produtos para o mercado norte-americano.

“Foi uma questão inesperada, não havia sinal nem para o nosso governo, nem para o Brasil, nem para o setor privado, em relação às mudanças no acordo com os Estados Unidos”, explicou Sica em entrevista à agência oficial de notícias “Télam”.

Trump anunciou o retorno das tarifas de importação de produtos de aço e alumínio brasileiros e argentinos, acusando os dois países de desvalorizarem suas moedas em uma mensagem em seu Twitter.

“O Brasil e a Argentina organizaram uma desvalorização de suas moedas, o que não é bom para nossos agricultores. Portanto, com efeito imediato, restaurarei as tarifas para todo o aço e alumínio enviados para os Estados Unidos desses países”, justificou Trump.

Depois de tomar conhecimento da decisão, o ministro argentino informou que se encontrou com o ministro das Relações Exteriores do país, Jorge Faurie, para discutir o assunto e “ter mais detalhes, nós até chamamos a embaixada dos Estados Unidos”.

“Estamos ativando todos os nossos contatos em Washington para ter mais precisão. Não sabemos qual é a magnitude dessa declaração ou impacto nos acordos existentes “, acrescentou Sica.

Por outro lado, em um comunicado, o Ministério da Produção e Trabalho da Argentina informou que “eles estão avançando com o governo brasileiro para definir uma posição e ações conjuntas. Por sua vez, o setor privado foi contactado para trabalhar no impacto que pode resultar em suas exportações”.

Em 31 de maio de 2018, a Argentina estava isenta de tarifas adicionais de importação de aço (25%) e alumínio (10%) impulsionadas pelo governo dos Estados Unidos. O acordo estabeleceu cotas de exportação isentas de tarifas com um limite de 180 mil toneladas por ano para ambos os produtos.

Em 2018, as exportações argentinas de aço e alumínio para os Estados Unidos atingiram US$ 700 milhões, atendendo praticamente o volume total alocado nas cotas de exportação. Por sua vez, até agora em 2019, as vendas já superam US$ 520 milhões.