Mercados fecham última sessão da semana na estabilidade

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São Paulo – O Ibovespa recuperou o nível dos 115 mil pontos de passar quase toda a sexta-feira abaixo dele e encerrou o dia estável, aos 115.128,00 pontos, mas avançou pela sexta semana consecutiva, acumulando alta de 1,21% em relação ao fechamento da sexta-feira da semana passada.

Depois de passar a maior parte do dia em queda em meio a um movimento global de aversão risco motivado pelo avanço da pandemia do novo coronavírus pelo mundo, o principal índice do mercado brasileiro de ações zerou as perdas no meio da tarde e até passou a testar uma leve alta na reta final do pregão acompanhando a melhora do índice Dow Jones em Nova York.

Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos, atribuiu a melhora em Wall Street à mais recente leitura dos dados de confiança do consumidor norte-americano feita pela Universidade de Michigan.

A bolsa brasileira, no entanto, não demorou a ceder os ganhos e voltou a orbitar níveis próximos da estabilidade nos momentos finais da sessão.

Com isso, o principal índice da bolsa brasileira encerra a semana mais próximo de zerar as perdas acumuladas ao longo de 2020. Lembrando que o Ibovespa chegou ao fim de 2019 aos 115.645,34 pontos e aproximou-se dos 120 mil ainda em janeiro, antes de ser duramente abalado pela pandemia do novo coronavírus. Depois de patinar ao longo de 2020, o índice antecipou o rali de fim de ano em novembro e agora se reaproxima do nível no qual começou o ano.

Um dos destaques da recuperação do Ibovespa na parte da tarde foi a Eletrobras. Os papéis ON e PN da companhia estatal terminaram entre as maiores altas do dia em meio a comentários feitos pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Congresso, de que as discussões sobre sua privatização poderiam ter início em algum momento do primeiro semestre de 2021.

O dólar comercial fechou com leve alta de 0,09% no mercado à vista, cotado a R$ 5,0470 para venda, em sessão volátil, acompanhando o exterior onde prevaleceu a aversão global ao risco, além de uma correção local após a forte queda da moeda ontem, ao menor valor de fechamento desde 12 de junho. Com isso, a divisa norte-americana fechou a semana desvalorizada em 1,54% e engatou o quarto recuo semanal seguido.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca a alta da moeda por quase toda a sessão, apesar de uma volatilidade no mercado doméstico, “escorado” na valorização da moeda no exterior, em dia de aversão ao risco com investidores receosos com o avanço da covid-19 nos principais países da Europa e nos Estados Unidos.

Ele acrescenta que as incertezas em torno das tratativas de um acordo para adoção de medidas de estímulo da economia norte-americana, além da fragilidade do quadro fiscal brasileiro, deram suporte à valorização da divisa estrangeira no mercado doméstico.

Na semana que vem, a última “cheia” do ano, os destaques ficam para a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), para a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), além das definições em torno das negociações de um acordo comercial entre o Reino Unido e a União Europeia, após a saída dos britânicos do bloco europeu, e ainda, com investidores atentos aos avanços das tratativas em torno do pacote de estímulo fiscal nos Estados Unidos.

Sobre a ata do Copom, os analistas do Bradesco avaliam que, além de mais detalhes sobre as projeções de inflação e da economia divulgadas no comunicado, espera-se que o documento “qualifique melhor” a avaliação sobre o balanço de riscos que envolvem os próximos passos da política monetária.

Em relação ao Fed, a equipe econômica do banco Haitong ressalta que, provavelmente, a política monetária não será alterada – mantendo a taxa de juros na faixa entre zero e 0,25% – em meio à “visibilidade limitada” na política fiscal de curto prazo. “As condições financeiras já estão muito afrouxadas e as expectativas de juros já são muito baixas, limitando o incentivo para achatar ainda mais a curva comprando títulos de longo prazo”, avalia.

Ainda sobre a decisão do Fed, a analista da Toro Investimentos, Stefany Oliveira, acredita que o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, deverá trazer “falas mais realistas” que poderão elevar o sentimento de cautela do mercado e correções ao câmbio. “A próxima semana será bem importante, já que é a última para se fazer alguma coisa. Mas o dólar tende a continuar com um viés baixista, mesmo que passe por correções pontuais”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão em queda, na contramão do sinal positivo exibido pelo dólar e do cenário externo menos favorável ao risco, em uma sessão marcada pelo baixo giro financeiro. Os investidores deram continuidade ao ajuste de posições após o comunicado duro (“hawkish”) do Comitê de Política Monetária (Copom) ao final da reunião desta semana, enquanto aguardam novidades na cena política.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,025%, de 3,08% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,33%, de 4,46% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 5,89%, de 6,03%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,72%, de 6,83%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações norte-americano cederam à pressão exercida pela falta de entendimento nas negociações de uma nova rodada de estímulos e pelo anúncio de medidas mais restritivas e terminaram em queda. A exceção foi o Dow Jones, que subiu ajudado pelo desempenho positivo dos papéis da Disney.

Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: +0,16%, 30.046,37 pontos

Nasdaq Composto: -0,22%, 12.377,90 pontos

S&P 500: -0,12%, 3.663,46 pontos