Mercados fecham perto da estabilidade por conflitos externos

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – Depois de passar o pregão sem uma direção definida, o Ibovespa fechou em alta de 0,17%, aos 103.680,41 pontos, dividido entre os ganhos das ações da Petrobras e um cenário externo mais cauteloso depois de ataques de drones a instalações da petrolífera estatal da Arábia Saudita, a Saudi Aramco. Os ataques fizeram os preços do petróleo dispararem e trouxe temores sobre a economia global, afetando ações como as de companhias aéreas, as da Vale e do Itaú Unibanco.

O volume total negociado foi de R$ 28,7 bilhões, sendo que o vencimento de opções movimentou R$ 7,57 bilhões.

“A questão do petróleo é o grande destaque do dia e ainda vai repercutir mais, sendo que veio em um dia de vencimento de opções e em uma semana que conta com várias decisões de bancos centrais”, disse o analista da Toro Investimentos, João Freitas, explicando a indefinição do índice hoje.

Depois de chegar a subir quase 20%, os preços do petróleo fecharam em alta de cerca de 10% pressionados em meio a dúvidas sobre as possíveis consequências dos ataques, já que 5% da produção mundial da commodity está comprometida e o presidente norte-americano, Donald Trump, já disse que os Estados Unidos Unidos estão preparados para ir à guerra com o Irã se preciso. O Irã nega envolvimento com o grupo rebelde do Iêmen que assumiu o ataque.

Freitas lembra ainda que haverá receio de impactos nos preços de combustíveis, o que pode pressionar a política de preços da Petrobras, com dúvidas se a companhia repassará integralmente para as refinarias a alta dos preços do petróleo. As ações preferenciais (PETR4) subiram 4,01%, a R$ 27,96, e foram as mais negociadas da B3, movimentando R$ 3,6 bilhões, além de ficarem entre as maiores valorizações do Ibovespa. Ao lado das ações da Petrobras, ficaram as ações da Cielo (CIEL3 5,89%), que refletiram rumores de que a Stone continua interessada na companhia, e da Kroton (KROT3 4,66%).

Já entre as maiores perdas ficaram as ações da Gol (GOLL4 -7,77%) e da Azul (AZUL4 -8,45%). “Do lado perdedor ficaram as empresas de aviação, que sofrem com a elevação do combustível, que representa 30% dos seus custos”, disse o economista-chefe da Codepe Corretora, José Costa. Também têm fortes perdas as ações da Vale (VALE3 -2,42%) e do Itaú Unibanco (ITUB4 -1,78%). Os papéis da Vale e siderúrgicas refletiram dados mais fracos da China.

Amanhã, na agenda de indicadores, investidores devem observar dados da produção industrial norte-americana, enquanto esperam pela reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira.

O dólar à vista fechou com ligeira alta de 0,04% no mercado à vista, cotado a R$ 4,0900 para venda, em pregão de forte volatilidade em meio ao fluxo local de vendas calibrando os efeitos do ataque às instalações da petrolífera estatal da Arábia Saudita, Saudi Aramco, por meio de drones no fim de semana refletindo na redução da produção em cerca de 5,7 milhões de barris por dia.

O gerente de mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek, reforça que o investidor se protegeu na abertura dos negócios após o petróleo disparar acima de US$ 70 o barril do Brent reagindo aos ataques à petrolífera da Arábia Saudita. O fluxo exportador prevaleceu no mercado doméstico, após a moeda renovar máximas acima de R$ 4,10 (R$ 4,1070, +0,46%).

Ao longo da tarde, a moeda oscilou na estabilidade, sem rumo único, influenciado pela liquidez reduzida em “semana de expectativa” em torno da decisão de política monetária dos Estados Unidos e do Brasil, na quarta-feira, além do Japão e da Inglaterra na quinta-feira, reforça Rugik.

Amanhã, com a agenda de indicadores mais fraca, as atenções se voltam às reuniões dos bancos centrais brasileiro e do Federal Reserve (Fed). “Os dados de produção industrial nos Estados Unidos pode dar alguma direção para o dólar após a abertura dos negócios”, comenta o estrategista de uma corretora local.