Mercados fecham de lado com cautela por coronavírus, balanços e eleições

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São Paulo – Após chegar a cair mais de 1% mais cedo, o Ibovespa reduziu perdas perto do fechamento do pregão e encerrou em queda de 0,23%, aos 101.016,96 pontos, ajudado por expectativas positivas de balanços corporativos que serão divulgados nesta semana. No entanto, o índice ainda fechou em queda em meio ao aumento de casos de coronavírus nos Estados Unidos e na Europa e à ausência de um pacote de estímulos econômicos norte-americana. O volume total negociado foi de R$ 22 bilhões.

“O mercado brasileiro tentou resistir um pouco, mas não tem jeito, com novas ondas de covid-19 e sem pacote nos Estados Unidos o dia foi negativo”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.

No exterior, as Bolsas norte-americanas e europeias fecharam com fortes quedas depois que os Estados Unidos alcançaram um novo recorde de casos diários de covid-19, com mais de 83 mil infecções na sexta-feira e no sábado, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Países europeus também seguem com recordes de casos e tomando mais medidas de restrição diante da segunda onda de covid-19 na região, caso da Espanha, que declarou estado nacional de emergência e anunciou um toque de recolher das 23h às 6h.

Investidores ainda estão céticos sobre um acordo para aprovação de pacote de estímulos econômicos nos Estados Unidos devido à proximidade das eleições presidenciais, no dia 3 de novembro. Hoje, a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, voltou a conversar com o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin. No entanto, segundo um assessor da democrata, um acordo ainda depende de pontos como a aceitação da Casa Branca de um plano nacional de testes de covid-19.

“Investidores não estão acreditando nas chances de aprovação de um pacote antes das eleições presidenciais, que são no dia 3 de novembro. Além disso, como a maioria dos votos deve ser pelo correio, a contagem pode demorar, isso ajuda a trazer aversão ao risco”, disse o sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara.

Entre as ações, as da Ambev (ABEV3 2,23%) e do Santander (SANB11 3,98%), que têm grande peso no índice, fecharam entre as maiores altas do Ibovespa. O Santander deve divulgar seus balanços amanhã, com expectativas que o setor bancário possa mostrar bons resultados. Já a Ambev divulgará seu balanço na quinta-feira, em meio a aumento de vendas de cerveja no mercado doméstico.

Também fecharam entre as maiores altas os papéis do Grupo NotreDame Intermédica (GNDI3 3,35%), da Hapvida (HAPV3 3,35%) e da Cielo (CIEL3 3,46%). Na contramão, as maiores perdas foram da Multiplan (MULT3 -3,96%), da CVC (CVCB3 -3,91%) e da Gol (GOLL4 -3,76%).

Amanhã, investidores devem continuar de olho nos casos de coronavírus, além de observarem indicadores como a confiança do consumidor e pedidos de bens duráveis nos Estados Unidos.

Após passar o dia todo operando perto da estabilidade, o dólar comercial tomou posição de queda no final da sessão e encerrou com recuo de 0,31%, sendo negociado a R$ 5,6130 para venda. Investidores seguem apresentando forte receio com questões eleitorais nos Estados Unidos e no Brasil e de saúde pelo mundo.

Pelo lado das eleições, nos Estados Unidos, está havendo um impasse na aprovação do pacote de estímulo financeiro, pois uns políticos querem deixar a votação para depois da eleição presidencial, enquanto outros querem acelerar a votação par antes. No Brasil a eleição é municipal, mas não menos importante, pois tem trazido dificuldade para a continuidade das reformas.

“A proximidade das eleições para presidente nos EUA e aqui a municipal adiam decisões importantes, como o lançamento de um novo programa de estímulo nos EUA e aqui a PEC emergencial e reformas estruturais”, explicou Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset, acrescentando que “já o risco de uma segunda onda de covid-19 na Europa também chama a atenção”, afirmou o especialista.

Pelo lado da saúde, os investidores demonstram preocupação com a segunda onda do novo coronavírus na Europa e nos Estados Unidos, onde os casos da doença têm apresentando forte crescimento. “Isso terá um impacto econômico novamente. Mal retomamos o andamento da economia na Europa e diversos países voltaram com toque de recolher. Pelo que temos visto, isso tem tudo para chegar nos Estados Unidos de novo e prejudicar nossa economia”, explicou um operador de câmbio de uma grande corretora.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão com leves oscilações e sem uma direção definida, após alternarem altas e baixas ao longo de toda a sessão. Os sinais de pressão inflacionária somados aos riscos fiscais seguiram no radar dos investidores, que aguardam, agora, o comunicado que acompanhará a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta semana sobre a Selic.

Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,43%, de 3,47% no ajuste anterior, ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,88%, de 4,92% após o ajuste da última sexta-feira; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,60%, de 6,62%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,43%, de 7,47%, na mesma comparação.

A combinação do aumento de casos de covid-19 e com a falta de um acordo que leve a uma nova rodada de estímulos nos Estados Unidos lançou os principais índices do mercado norte-americano de ações ao território negativo, com o Dow Jones registrando sua pior performance desde 3 de setembro.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:

Dow Jones: -2,29%, 27.685,38 pontos

Nasdaq Composto: -1,64%, 11.358,93 pontos

S&P 500: -1,85%, 3.400,97 pontos