MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – Após abrir em queda em linha com as Bolsas no exterior, o Ibovespa passou a subir puxado principalmente por ações de bancos, com investidores voltando a comprar os papéis do setor depois das perdas vistas desde o início da pandemia. Porém, essa alta não se sustentou e o índice voltou a seguir o exterior e voltou a cair.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,58%, aos 94.915,94 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava recuo de 0,45%, aos 94.830 pontos.

O índice, porém, ainda mostra volatilidade devido às incertezas trazidas pela confirmação de que o presidente norte-americano, Donald Trump, está com covid-19, e as dúvidas que ainda persistem em torno de como o governo de Jair Bolsonaro irá financiar o programa Renda Cidadã.

Para o sócio da Criteria Investimentos, Vitor Miziara, não há novidades positivas para que o Ibovespa suba, mas o setor de bancos tem mostrado mais força e o cenário interno está um pouco mais tranquilo, embora permaneça o risco fiscal e dúvidas sobre como o governo irá financiar o programa Renda Cidadã, que irá substituir o Bolsa Família.

Ele lembra que ontem o mercado também já se mostrou menos preocupado e tentou uma recuperação após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a Petrobras pode vender suas subsidiárias sem autorização do Congresso.

As maiores altas do Ibovespa no momento são do Bradesco (BBDC4 2,92%), do Santander (SANB11 2,90%) e do Itaú Unibanco (ITUB4 2,39%). Ao lado dos bancos estão as ações da Hering (HGTX3 2,89%). Na contramão, as maiores perdas dão da Petro Rio (PRIO3 -2,39%), Petrobras (PETR4 -1,96%) e da Azul (AZUL4 -2,17%). As ações da Azul devolvem ganhos de ontem, enquanto as de petrolíferas acompanham as perdas de mais de 5% dos preços do petróleo, que refletem as incertezas nos Estados Unidos.

No exterior, o clima é de cautela, com investidores avaliando o impacto da notícia de que Trump está com covid-19, o que o deixará fora da campanha enquanto estiver em quarentena e levantou uma série de especulações.

“O problema é que faltam 32 dias para as eleições e no melhor cenário ele vai ficar 14 dias em quarentena, isso pode mudar um pouco o cenário das eleições. De manhã, começaram a sair reportagens afirmando que já há quem peça o adiamento das eleições, o que seria muito negativo”, disse Miziara.

Não bastasse o maior grau de incerteza sobre as eleições, o número de criação de vagas de trabalho no país veio abaixo do esperado, com a criação de 661 mil vagas e taxa de desemprego de 7,9%, sendo que analistas esperavam 850 mil vagas e taxa de 8,2% em setembro. Também não há um acordo entre republicanos e democratas sobre o novo pacote de estímulos fiscais, que acabou sendo aprovado pela Câmara, mas pode sofrer alterações no Senado, que é republicano.

O dólar comercial opera em queda frente ao real, após oscilar sem rumo único na primeira hora de negócios, com investidores reagindo à notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, testou positivo para a covid-19, o que impacta fortemente o mercado de ações no exterior e faz a moeda estrangeira perder terreno. Aqui, o ambiente é mais positivo com mercado avaliando a recuperação econômica e correção após a alta recente.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,37%, sendo negociado a R$ 5,6740 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2020 apresentava avanço de 0,49%, cotado a R$ 5,676.

“Mesmo com o exterior mostrando sinais de aversão ao risco, investidores tentam corrigir a desvalorização acentuada que o real vem sofrendo nos últimos dias. Contribui também os dados da produção industrial brasileira evidenciando o quarto mês seguido de avanço com crescimento de 3,2% em agosto frente a julho”, comenta o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.

Lá fora, investidores exibem apreensão após a notícia de que Trump está contaminado com o novo coronavírus, alimentando rumores de que a eleição, em 3 de novembro, poderia até ser adiada.

“A perspectiva de que ele pode adoecer tem potencial de estressar ainda mais os ativos. O fato dele ter anunciado que pegou covid-19 apenas poucos dias após o debate que ele perdeu, segundo pesquisas e casas de aposta, pode dar a ele alguma vantagem eleitoral podendo até evitar mais debates”, avalia o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito. Ele acrescenta que este é o “típico evento cisne negro” que pode tornar o resto de 2020 ainda mais desafiador no mercado.

Mais cedo, saíram os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, o payroll, com a criação de 661 mil vagas em setembro, ante expectativa de abertura de 850 mil vagas. Por outro lado, a taxa de desemprego caiu para 7,9% no mês passado, ante projeção de 8,2%. “É claro que a recuperação econômica está entrando em um novo ciclo. Uma fase mais fraca, desacelerando ainda mais”, ressalta a equipe econômica da Capital Economics.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) firmaram-se em alta, sobretudo no trecho curto e intermediário, com os investidores relegando o intenso noticiário do dia, no Brasil e nos Estados Unidos, e ecoando declarações da véspera do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,36%, de 3,12% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,83%, de 4,61% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,75%, de 6,53%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,69%, de 7,50%, na mesma comparação.