MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto: Myles Davidson / freeimages.com

São Paulo – Após chegar a subir cerca de 1% impulsionado por bancos e pela reforma administrativa, o Ibovespa voltou a cair e acelerar perdas pressionado pela correção vista nas Bolsas norte-americanas. Analistas citam rotação de setores e correção de ativos que haviam subido muito, como as ações do setor tecnologia.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,78%, aos 101.114,92 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 21,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava recuo de 1,22%, aos 101.260 pontos.

“O que está rolando hoje é uma correção de todos os ativos que tiveram alta parabólica com a liquidez global abundante: Nasdaq, Metais e afins são os que mais sofrem hoje, por terem sido os que mais subiram”, disse o CIO e Sócio da TAG Investimento, Dan Kawa, por meio do Twitter.

As Bolsas norte-americanas passaram a mostrar fortes perdas, com destaque para o Nasdaq, que cai mais de 4%. Porém, para Kawa, trata-se de um movimento normal, a despeito da magnitude. “O anormal era subir todo dia, na velocidade que estava subindo. Ainda é cedo para dizer que é uma nova tendência ou apenas uma correção de curto-prazo”, completou.

O diretor da Chess Capital, Vicente Matheus Zuffo, ainda destaca que com a correção de papéis que subiram demais, como as de empresas de tecnologia, há uma rotação de setores, com investidores comprando papéis que ficaram para trás, como os de bancos, um movimento que também é visto entre as ações que compõem o Ibovespa. “As ações de bancos estão super bem e há um movimento global de melhora do setor financeiro. Me parece que há uma rotação setorial”, disse.

As maiores altas do Ibovespa no momento são do Santander e do Bradesco. Na contramão, os papéis de varejistas, como B2W, Magazine Luiza e da Via Varejo, e da empresa de tecnologia Totvs, que vinham subindo impulsionadas pelas vendas online recentemente, recuam e estão entre as maiores perdas do índice.

Ainda é acompanhada de perto pelos investidores a apresentação da reforma administrativa, prometida pelo governo e que será entregue ao Congresso hoje. A proposta valerá para novos funcionários públicos, para os quais reduzirá a estabilidade de cargos e criará novo sistema com cinco tipos diferentes de vínculos. A reforma também prevê a eliminação de benefícios previstos hoje, como a licença-prêmio, aumentos retroativos, férias superiores a 30 dias por ano, adicional pelo tempo de serviço, entre outros.

O dólar comercial tem queda firme frente ao real, renovando mínimas abaixo de R$ 5,30, após exibir volatilidade na abertura dos negócios, com investidores locais atentos ao exterior e digerindo os detalhes da proposta de reforma administrativa apresentada pela equipe econômica.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 1,21%, sendo negociado a R$ 5,2930 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2020 apresentava recuo de 0,92%, cotado a R$ 5,296.

“A proposta veio praticamente em linha com o esperado pelo mercado. O governo quer revitalizar as regras de RH do estado. É importante notar que as novas regras não valerão para os atuais servidores, apenas para a ‘nova leva’ nos próximos anos. Portanto, a reforma não tem impacto fiscal imediato”, comenta o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz.

Porém, Ortiz destaca que o trâmite da reforma tem impacto com as expectativas geradas. “O que resulta em um risco-país menos pressionado e mantendo o dólar mais baixo. Tanto que hoje está em R$ 5,30. E tem o fato de que o governo não ter atrasado a entrega dessa proposta, após um histórico de atrasos, como foi com a reforma da Previdência. Isso foi benéfico”, acrescenta.

O texto propõe que as novas medidas não atinjam nenhum dos atuais servidores e se aplique apenas aos futuros concursados. Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira, o assunto é significativo para que a questão fiscal fique equacionada.

“Já que a maior parcela dos gastos do setor público tem relação com os salários do funcionalismo que, por sua vez, é rígido e não aceita redução, a proposta enviada pelo governo será essencial para sinalizar alguma mudança, tanto na rigidez do orçamento como na correção de enormes distorções. Foi importante enviar a proposta o quanto antes, para que o mercado avalie a perspectiva da situação do déficit público”, ressalta.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) mantêm oscilações estreitas, sem um rumo definido, apesar da queda acelerada do dólar, que já se aproxima da faixa de R$ 5,30. Os investidores digerem a grande oferta do Tesouro Nacional por títulos públicos, no tradicional leilão do dia, enquanto monitoram o detalhamento da proposta da reforma administrativa enviada ao Congresso.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,81%, de 2,83% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 3,99%, de 4,01% do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 5,79%, de 5,82%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,74%, de 6,79%, na mesma comparação.