MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto: Pexels

São Paulo – A Bolsa apresenta recuo e descola do otimismo das bolsas norte-americanas, com os investidores temerosos à intensificação da crise política-institucional no Brasil com a entrega do pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, pelo presidente Jair Bolsonaro ao Senado Federal. O presidente ainda afirma que terá a mesma conduta em relação ao ministro Luís Roberto Barroso.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,60%, aos 117.339,05 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2021 apresentava recuo de 0,72%, aos 118.035 pontos.

Flávio Conde, head de renda variável da Levante Ideais de Investimentos, afirmou que o ambiente no Brasil é de “tempestade perfeita” devido à situação econômica-inflação mais alta e a Selic mais elevada- e a crise entre Bolsonaro e STF. “Esse cenário afasta os investidores- estrangeiros e locais- bem como os institucionais e pessoas físicas de aumentarem posicionamento em ações”.

Conde disse os investidores não estão em movimento forte nem de compra e nem de venda. “É uma pena esse descolamento do exterior e a culpa é de Brasília”, enfatizou

O head de renda variável da Levante Ideais de Investimentos também ressaltou que o ministro da Economia, Paulo Guedes,  também está “causando insegurança nas empresas e investidores com a proposta da reforma tributária que ninguém gostou”.

Os analistas da Sul América Investimentos ressaltaram que os investidores seguirão cautelosos ao longo da semana. “A preocupação com a variante delta em várias regiões e a desaceleração da economia chinesa chamam a atenção dos investidores em relação à possibilidade da economia global absorver o choque decorrente da redução do apoio monetário”.

O gestor Ubirajara Silva, da Galapagos Capital, comentou que a crise entre os poderes continua e “deve se intensificar mais essa semana; a situação deve ser acompanhada de perto”. Outra preocupação do mercado, segundo Silva, é com o teto fiscal.

E ressaltou o simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, que se inicia na sexta-feira, com a expectativa do mercado de que possa ser sinalizado a redução gradual de estímulos à economia.

Para Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, o que irá determinar o ritmo do mercado deve ser magnitude, a velocidade e duração dessa desaceleração que começa ser vista na Europa e Estados Unidos. “O cenário se mostra construtivo, mas se essa dinâmica, essa desaceleração for mais forte pode trazer mudança para o cenário”.

Por aqui, o ambiente político-institucional continua conturbado. O presidente Jair Bolsonaro entrou com pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e gerou reação de integrantes da classe política. Vários governadores se reúnem nessa manhã para defender a democracia e as instituições.

“Esse clima gera de maior volatilidade para o mercado no Brasil  e faz com que o curto prazo seja mais desafiador e incerto, apesar dos sinais de melhora dos mercados tanto para Bolsa como para longa da curva de juros”, enfatizou o estrategista da Genial Investimentos.

Villegas acredita que “quando a situação institucional melhorar pode ser positivo para as ações brasileiras”.

Segundo Villegas, dois temas terão impacto no STF com o julgamento da constitucionalidade da autonomia do Banco Central e a conclusão do julgamento de uma ação que poderia custar R$ 32,3 bilhões à União, trata-se da exclusão do ISS do cálculo do PIS e da Cofins “isso poderia gerar impacto nos balanços de algumas empresas  listadas na Bolsa”.

O dólar comercial opera em leve queda, quase estável. Apesar dos arroubos do presidente Jair Bolsonaro – como o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes -, o mercado entende que o fluxo de notícias no final de semana foi mais calmo e Bolsonaro dá sinais de estabilidade.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,12%, sendo negociado a R$ 5,3780 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 0,03%, cotado a R$ 5,385.

Segundo o sócio-analista da Levante, Enrico Cozzolino, “o mercado viu como algo positivo a autonomia do Banco Central, mesmo Bolsonaro tendo declarado que se arrependeu disso”. Bolsonaro ter voltado atrás em alguns vetos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), algo também visto de modo positivo pelo mercado.

O tapering (remoção de estímulos) também é um fator relevante: “Alguns membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que eram a favor do tapering, agora já mudaram um pouco o discurso”, pontua Cozzolino. Existe a expectativa para o simpósio anual de Jackson Hole, que acontece no dia 27, com a presença de Jerome Powell, presidente do Fed, e pode sinalizar os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos.

Para o trader da Quantitas, Lucas Monteiro, “o tom do dia começa positivo para o mercado interno. O fluxo de notícias no final de semana foi mais tranquilo, e isso ajuda a fortalecer o real. Quando houver essa acomodação de notícias, o real vai andar em linha com os pares”.

“O dólar vem em uma tendência de fortalecimento global, principalmente com a postura mais dovish (menos austera, com injeção de estímulos à economia) do Fed. Para o trader, desde que não haja ruídos internos, a taxa cambial tende a encontrar uma estabilidade.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta desde a abertura do pregão, acompanhando o aumento da temperatura da persistente crise política em Brasília ao passo que os participantes do mercado financeiro seguem se questionando com relação a qual seria a taxa livre de risco da economia brasileira.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,73%, de 6,69% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 8,535%, de 8,40%; o DI para janeiro de 2025 ia a 9,75%, de 9,56% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,18%, de 10,01%, na mesma comparação.