MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo – A Bolsa opera com movimento negativo na sessão desta terça-feira com os investidores preocupados principalmente com a questão fiscal no Brasil e atentos ao cenário político. A virada nas ações da Petrobras contribuiu para a melhora do índice.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em ligeira queda de 0,08%, aos 122.407,24 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 16,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,40%, aos 122.670 pontos.

Para Flavio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos, a sessão de hoje é de volatilidade e “o assunto que domina o mercado é a questão fiscal”. Ele explicou que o benefício médio do Bolsa família é de R$ 250 e existe a possibilidade de um aumentou para R$ 400. “Essa mudança aumentaria bastante as despesas do governo em um momento que o quadro fiscal está muito fragilizado”. Outro ponto destacado por Oliveira são os precatórios. “Postergar as dívidas federais nunca não é bem visto pelo mercado”.

Segundo Flavio Conde, head de renda variável da Levante Ideias de Investimentos,  a queda forte no Ibovespa é atribuída ao ambiente político e fiscal. “O fato do governo não pagar os gastos e os rumores do aumento do Bolsa Família, além do fundo que o governo quer criar para pagar os precatórios preocupam o mercado”, afirmou.

Conde comentou que a Bolsa era para subir mais de 1%, mas a parte fiscal atrapalha. “Justamente agora deveríamos estar comemorando a reabertura da economia, os resultados positivos das empresas o minério subindo, mas estamos focados no governo federal”.

O head de renda variável da Levante Ideias enfatizou que “a agenda do governo passou a ser para encontrar verba para beneficiar o Bolsa Família e se preocupoar com a reeleição para 2022”. Ele afirmou também que a fala de Christopher Walter, membro do Fed, dizendo que a redução de estímulos pode começar em outubro  também impactou negativamente nos mercados. “Acredito nessa redução só em 2022”, ressaltou Conde.

Mais cedo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que um evento promovido pelo IDP e pelo site Poder 360 pretende apresentar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para conseguir o parcelamento de precatórios federais em R$ 66 milhões ou mais e afirmou que não ocorrerá o calote do pagamento de precatórios.

Após uma segunda-feira otimista, com desvalorização do dólar, a sessão desta terça, pela manhã, foi marcada por incertezas que permeiam o cenário político nacional. O possível aumento do programa Bolsa Família – acarretando em desarranjo fiscal – além do embate entre Bolsonaro e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deixam o mercado apreensivo e valorizam a moeda norte-americana.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,23%, negociado a R$ 5,2290 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava avanço de 0,98%, cotado a R$ 5,248.

Para a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, “os ruídos políticos e fiscais têm contribuído com a alta do dólar, enquanto os juros futuros aumentam. A CPI da Covid, além da ofensiva mais populista de Bolsonaro, incitam este cenário”.

Esta “ofensiva populista”, capitaneada pela expansão do programa Bolsa Família, é vista como algo negativo, porque um programa mais amplo de renda mínima pode prejudicar a trajetória de ajuste fiscal. “O Brasil tem andado, nas últimas três semanas, na contramão do mercado de externo. Isso é gerado pelas incertezas do cenário político nacional”, disse Pasianotto.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta desde o início do pregão, acompanhando em grande parte a apreciação do dólar em relação ao real ao mesmo tempo em que reagem aos persistentes riscos políticos e fiscais.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,355%, de 6,30% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,93%, de 7,85; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,89%, de 8,79% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 9,21%, de 9,12%, na mesma comparação.