MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Gráfico

São Paulo – A Bolsa segue em queda descolando do otimismo no exterior, com os investidores repercutindo os balanços corporativos da Vale e Ambev referentes ao segundo trimestre de 2021 e as ações das empresas caem puxando o índice para baixo.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,49%, aos 125.664,55 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,33%, aos 125.910 pontos.

Nem mesmo o resultado positivo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) incentivou o mercado- 309.114 empregos com carteira assinada em junho e 1,5 milhão de trabalhos formais no segundo semestre.

Para o Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing, a perda do Ibovespa mostra que os investidores estão repercutindo os balanços do segundo trimestre. “o mercado ficou descontente com o resultado da Ambev, mesmo depois da companhia ter registrado um salto no lucro e o balanço da Vale veio ligeiramente abaixo do esperado”, enfatizou.

Segundo os analistas da Terra Investimentos, o recuo é atribuído à reação dos investidores aos balanços corporativos do segundo trimestre. “O ebita da Vale abaixo do esperado motivou a queda, embora tenha sido o maior da história”. Eles afirmaram que a Ambev e Pão de Açúcar também “reverberam resultados com recuo nas ações”.

A receita líquida da Vale cresceu 121,8% para US$ 16,68 bilhões no segundo trimestre de 2021. O lucro líquido subiu 662,4% no 2T21 para US$ 7,59 bilhões e o ebita ajustado registrou recorde de US$ 11,24 bilhões.

Os analistas da Terra Investimentos disseram que a Ambev faz uma correção aos ganhos da véspera. O lucro líquido da empresa foi de R$ 2,93 bilhões no 2T e o ebita ajustado “superou as projeções”, segundo os analistas da Terra Investimentos. Já o Grupo Pão de Açúcar registrou lucro líquido de R$ 4 milhões, queda de 95%  na comparação anual.

Mais cedo, Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, apostava que a Bolsa abriria em alta seguindo o bom humor no mercado externo. “A sessão de hoje deve ser de alta muito por conta da tranquilidade que o mercado lá fora proporcionou com o tom dovish [menos propenso a um aperto monetário] do Fed e com a notícia do governo da China permitindo que as empresas chinesas continuem a abrir capital nos Estados Unidos”, afirmou.

Mas ressaltou que “o resultado do PIB dos EUA e o Caged devem ditar o ritmo do mercado”. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 6,5% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores, em taxa anualizada, de acordo com a primeira leitura, mas os analistas esperavam um crescimento de 8,4%.

O dólar acentuou o movimento de queda observado mais cedo depois de dados mostrarem que a economia dos Estados Unidos cresceu menos que o esperado no segundo trimestre e que os pedidos de seguro-desemprego no país diminuíram num ritmo menor que o previsto.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 1,31%, negociado a R$ 5,0430 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 1,48%, cotado a R$ 5,043.

Mais cedo, a moeda caía porque o mercado considerou que o discurso do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ontem a respeito da remoção de estímulos à economia norte-americana foi menos austero que o esperado.

Ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell descartou um aumento dos juros mesmo com a aceleração da inflação prevista para continuar nos próximos meses e sinalizou que a redução da compra de ativos pode estar mais próxima, mas disse que a instituição está longe de alcançar seu duplo mandato de estabilidade de preços e pleno emprego.

Hoje, o governo dos Estados Unidos afirmou que o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre cresceu 6,5% no segundo trimestre em base anualizada, mas especialistas previam alta de 8,4%. Os pedidos de seguro-desemprego no país, por sua vez, caíram em 24 mil na semana passada, para 400 mil, mas a previsão era queda para 380 mil.

“O movimento do mercado foi exacerbado pelo PIB abaixo do esperado e pedidos de seguro-desemprego acima da expectativa”, analisa o economista-chefe do Banco Alfa, Luís Otávio Leal. Para Luís, o dólar fica enfraquecido pois “tem-se a ideia de que a política monetária norte-americana deve ficar enfraquecida por mais tempo”.

Além disso, a próxima reunião do Copom – que ocorre na primeira semana de agosto – deve elevar a taxa Selic. “A expectativa do mercado é que este aumento seja entre 1 e 1,25%, fortalecendo o real”, defende Luís.

Jefferson Rugik, da Correparti, ressaltou em relatório que o dólar irá continuar no modo “loser”, ou perdedor. “No mercado internacional de câmbio, ele opera enfraquecido frente à maioria dos seus pares e outras moedas emergentes como o peso mexicano”, afirmou.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em queda com os investidores reagindo positivamente aos dados do IGP-M de julho, que vieram abaixo das estimativas dos analistas, apesar de terem registrado aceleração. Ao mesmo tempo, os participantes do mercado começam a fazer ajustes com vistas à próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), na semana que vem.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,18%, de 6,24% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,56%, de 7,685; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,35%, de 8,43% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,70%, de 8,76%, na mesma comparação.