MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto: Pexels

São Paulo – A Bolsa segue em terreno negativo desde a abertura acompanhando o mau humor nos mercados globais com as restrições regulatórias do governo chinês às empresas de tecnologia e educação privada e está prestes a perder os 124 mil pontos.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 1,57%, aos 124.018,21 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 1,51%, aos 124.315 pontos.

As commodities que na véspera impulsionaram o índice, na sessão de hoje contribuem para o recuo. Os investidores ficam no aguardo da reunião do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) para amanhã e já fazem apostas para o aumento da Selic por aqui.

Os analistas de research e estratégia da Terra Investimentos apontaram preocupação dos investidores com o recuo das ações na China de “se espalhar para títulos e moedas no país diante das medidas regulatórias contra o setor de tecnologia e educação”. Os analistas da Terra também observaram que esse movimento “pesam em commodities e ativos locais, como Vale, siderúrgicas e Petrobras.

O analista sênior Luiz Henrique Wickert, da plataforma sim; paul, afirmou que  a desvalorização na Bolsa está relacionada a fatores externos. “O mercado está temendo as medidas regulatórias da China principalmente o setor tecnologia, e isso faz sentido com a queda forte da Nasdaq, destoando do recuo das outras bolsas norte-americanas”.

O analista sênior da plataforma sim; paul comentou também que essa medida por parte da China “impacta as empresas de  commodities por aqui”. Outro ponto de observação de Wickert é que o mercado acredita em um aumento para a Selic em um ponto porcentual. “Desde o dado do IPCA-15 acima do esperado na sexta-feira, o mercado consolidou as apostas de que o Copom vai subir os juros em 1 ponto porcentual na semana que vem, mas é uma notícia residual”.

Os papéis de Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5) caíam 1,72% e 3,77%. As ações da Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3) perdiam 3,58% e 2,10%. Petrobras (PETR3 e PETR4) também recuavam 0,75% e 0,98%.

Para a economista Ariane Benedito, da CM Capital, a Bolsa deve seguir os movimentos internacionais em um dia em que “os mercados globais foram tomados pelo sentimento de cautela”.

Na visão de Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, o dia é de queda na Bolsa acompanhando o mau humor global. “Não há motivos para uma alta na nossa Bolsa hoje”. Ele comentou que enxerga um dia mais negativo com o cenário chinês e a preocupação com a inflação aqui e nos Estados Unidos. “Essa manipulação do governo chinês faz alguns analistas acreditarem que está havendo uma migração de China para países emergentes, como o Brasil”, ressaltou. E acrescentou “a alta da véspera na B3 já seria uma demonstração desse movimento”.

Friedrich afirmou que a “a economia global está um pouco delicada com o receio em relação à variante delta e inflação acelerando no Brasil e Estados. “Acredito que o Copom [Comitê de Política Monetária] deve aumentar entre 1,25 e 1,5 ponto porcentual a taxa básica de juros para ver se sustenta um pouco a inflação. Atualmente, a taxa Selic está em 4,25% ao ano.

Por aqui, os investidores seguem atentos à temporada de balanços. Hoje será divulgado o resultado de CSN, Assaí, entre outras.

Após abrir em alta, o dólar comercial virou e passou a cair seguindo o mercado externo. Analistas já previam volatilidade para a moeda norte-americana na sessão devido ao ingresso de estrangeiros no Brasil em busca das ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês).

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,17%, negociado a R$ 5,1660 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,20%, cotado a R$ 5,168.

“As bolsas asiáticas fecharam mistas o pregão desta terça-feira, com os índices da China ainda fortemente impactados pela ofensiva regulatória do governo de Pequim sobre os setores de tecnologia e educação privada. Ainda pesa nos mercados a cautela com a disseminação da variante Delta do coronavírus, que tem afetado indicadores econômicos”, explicou em relatório matinal, Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora.

“Lá fora o dólar ganha de seus pares e das moedas emergentes e ligadas as commodities. Internamente deveremos ter uma abertura em alta, acompanhando o desempenho visto no exterior, porém, o real poderá inverter sinal e trabalhar descolado com os fluxos de investidores estrangeiros para os IPOs, como vimos nas últimas sessões”, acrescentou.

Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, essa instabilidade está ligada tanto a fatores quanto externos. “O mercado abriu com rumores que investidores norte-americanos estavam se desfazendo de ações chinesas. Existe uma aversão ao risco”, analisa.

A situação interna, porém, é mais preponderante nesta volatilidade da moeda, como o provável aumento dos juros na taxa Selic. “A expectativa é que ocorra um aumento entre 100 e 125 pontos, a última reunião do banco Central deixou a porta aberta para uma política mais agressiva.” A previsão de aumento na inflação para 2022, no último boletim Focus, também é sentida pelo mercado.

“Também tem a questão política. O senador Ciro Nogueira (PP) ter sido confirmado como o novo ministro da Casa Civil também acalma o mercado, acenando que as reformas podem ser aprovadas”, complementa Luciano.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) adotaram viés de alta, retomando o movimento de abertura observado nos últimos dias em meio a um cenário de forte pressão inflacionária e atividade econômica claudicante. O viés de alta consolidou-se depois de um leilão de títulos públicos com demanda praticamente integral realizado no fim da manhã.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 6,215%, de 6,19% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,645%, de 7,61; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,44%, de 8,38% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,79%, de 8,74%, na mesma comparação.