MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa mantém-se em terreno negativo e firmando no patamar dos 126 mil pontos com a preocupação dos investidores com a crise hídrica, reforma tributária e atentos às denúncias de corrupção envolvendo a compra de vacinas.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,21%, aos 127.058,10 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,0 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,05%, aos 127.700 pontos.

Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, a política faz com que os investidores tenham aversão aos ativos de risco. “O cenário político tende a fazer barulho nas próximas semanas e até nos próximos meses, não que traga uma situação de impeachment, mas pode ser utilizado contra o atual governo”.

Outro ponto de atenção é a proposta da reforma tributária e as ações que mais sofrem pressão são as dos bancos, que caem desde sexta-feira. A economista-chefe da Veedha Investimentos enfatiza que “existe uma certa cautela do setor financeiro por conta da reforma tributária e nem mesmo a alta nas ações ligadas ao petróleo são suficientes para conter as perdas”.

Mais cedo, foram divulgados os dados do setor privado nos Estados Unidos. O resultado mostrou a criação de 692 mil vagas de trabalho em junho. Os analistas previam a abertura de 550 mil vagas. O dado é uma prévia para o relatório de emprego (payrol, sigla em inglês), que será divulgado na sexta-feira.

O estrategista da Genial Investimentos, Filipe Villegas comenta que “qualquer dado muito positivo sinaliza e representa para o mercado uma possibilidade cada vez mais próxima de uma retirada de estímulos pelo banco central americano”.

Em relação ao cenário político interno, em uma reportagem divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, o representante da empresa Davati Medical Supply, Luis Paulo Dominguetti Pereira, afirmou ter recebido propina do governo para vender a vacina da AstraZeneca. A equipe de analistas da Ajax Capital comenta que “os ruídos políticos internos devem impactar negativamente os preços domésticos”.

O estrategista da Genial Investimentos afirma que se as denúnicias forem confirmadas, mostra um governo mais fragilizado. “Sempre que o mercado tem incertezas sobre o futuro de uma eleição polarizada e o andamento das reformas, pode gerar volatilidade e aversão ao risco”. O empresário Carlos Wisard, na CPI da pandemia está depondo na CPI.

O dólar comercial tem alta firme frente ao real e volta ao nível de R$ 5,00 em meio à cautela local após as notícias com denúncias de corrupção no governo de Jair Bolsonaro na compra de vacinas contra a covid-19, além da tradicional disputa pela formação de preço da taxa Ptax de fim mês. Lá fora, a moeda norte-americana ganha terreno em relação aos pares e à maioria das divisas de países emergentes após dados acima do esperado de criação de empregos no setor privado norte-americano, neste mês. A volatilidade prevalece na última sessão do trimestre e do semestre.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,15%, cotado a R$ 4,9990 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2021 apresentava avanço de 0,93%, cotado a R$ 5,002.

O diretor de uma corretora nacional diz que “claramente, os comprados estão pressionando o dólar para cima” e tendo o melhor desempenho, ajudados pelo exterior e pela cautela com o ambiente político.

O analista da Toro Investimentos, Lucas Carvalho, destaca que além do movimento técnico com a guerra da Ptax e a realocação de investimentos no último dia do semestre, investidores ainda digerem as incertezas com a reforma tributária que propõe tributar dividendos e outros investimentos, o que estressou a taxa de câmbio nos últimos dias e segue no radar do mercado.

“E ainda, tem a questão da crise hídrica que eleva o temor com a inflação. São muitos fatores que acabam pressionando o dólar”, comenta.

Ontem, em meio à escassez de chuvas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou o reajuste da bandeira vermelha nível 2, passando de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 quilowatt-hora (kwh) consumidos, alta de 52%. O novo valor passa a vigorar para os consumidores a partir de julho. Há expectativa de que a bandeira continue nesse patamar até o fim do ano.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta desde a abertura com os investidores reagindo à persistente tensão política em Brasília por causa da CPI da pandemia e ao surgimento de novas denúncias de corrupção envolvendo representantes do governo na negociação de compra de vacinas. Os participantes do mercado também reagem aos salgados reajustes impostos às contas de energia elétrica, que devem aumentar a pressão da inflação sobre os ativos locais.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 apresentava taxa de 5,64%, de 5,60% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,015%, de 6,94%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,01%, de 7,95% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,46%, de 8,42%, na mesma comparação.