MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo – Após operar entre perdas e ganho na abertura do pregão com o mercado reagindo sobre os dados de inflação aqui nos Estados Unidos, o Ibovespa engata movimento de queda com os papéis do setor financeiro puxando o índice para baixo. Somado a isso, o texto da reforma tributária também influencia negativamente devido às novas alíquotas para investimentos e operações no mercado financeiro.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,60%, aos 128.728,62 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 12,0 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,56%, aos 129.405 pontos.

Para Rafael Passos, sócio da Ajax Capital, os papéis do setor financeiro, a reforma tributária e os depoimentos na CPI da covid impactam negativamente o índice. “O texto da reforma tributária influencia, principalmente em relação à tributação de dividendos. Os papéis pagadores de dividendos podem sofrer um pouco mais no curto prazo”.

Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid será ouvido o deputado federal Luis Claudio Miranda (DEM-DF).

Mais cedo foi divulgado o Indice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que teve alta de 0,83% em junho, em comparação com o mês de maio, de +44%. O resultado saiu ligeiramente abaixo da mediana das estimativas do mercado, de 0,86%. No entanto, a taxa foi a maior no mês, +1,11%, desde 2018. O índice acumula alta de 4,13% no ano e nos últimos 12 meses, até junho, ganho de 8,13%.

O estrategista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, comenta sobre o temor dos investidores com a inflação. “O recente endurecimento do Banco Central em relação ao posicionamento à política monetária, reforçado ontem com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e aliado à meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) [fixou em 3,00% a meta para a inflação para 2024] vai exigir um BC mais vigilante e pode trazer algum impacto em alguns ativos”, avalia.

O estrategista da Genial Investimentos acredita que “podemos ter um dia de alta para a Bolsa brasileira devido ao ganho da maioria das commodities”. Os destaques ficam para os setores de energia e mineradoras, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden fechar, na véspera, um acordo para o programa de infraestrutura com um grupo bipartidário, que inclui US$ 579 bilhões. Ontem, os mercados subiram ontem após o acordo.

Nos Estados Unidos, o Departamento de Trabalho divulgou a renda dos norte-americanos em maio, que caiu 2,0% em relação ao mês de abril, uma retração de US$ 414,3 bilhões. O índice de preços para gastos pessoais (PCE, sigla em inglês) subiu 0,4% em maio ante abril, + 0,6%, e em relação a 2020, a alta foi de 3,9% em maio, após registrar ganho de 3,9% em abril. O PCE é o principal índice de referência para inflação usado pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).

Após oscilar forte, sem rumo único, na primeira parte dos negócios, o dólar comercial acelerou os ganhos frente ao real e firma alta em movimento local de correção e reação dos investidores com a proposta do imposto de renda sobre investimentos, após a equipe econômica do governo federal entregar um documento com novas taxações e alíquotas.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,48%, cotado a R$ 4,9290 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2021 apresentava avanço de 0,28%, cotado a R$ 4,931.

Lá fora, a guinada dos rendimentos das taxas futuras dos títulos do governo norte-americano, as treasuries, com o vencimento de 10 anos (T-Note) acelerando a alta, saindo de 1,48% para 1,55%, também pesa na taxa de câmbio aqui e nos principais mercados de países emergentes.

Além do exterior, onde a maioria das moedas emergentes reduziu os ganhos ante o dólar, investidores locais digerem a proposta de mudança para a taxação de investimentos apresentada na segunda parte da reforma tributária, entregue hoje pela equipe econômica ao Congresso.

“Isso tá pesando no mercado junto com o exterior, onde tem um viés de aversão ao risco”, comenta o diretor de uma corretora local, acrescentando que, ao chegar ao nível de R$ 4,89, a moeda “ficou barata”.

O plano da reforma tributária introduz novas alíquotas para investimentos e operações no mercado financeiro, em que a apuração do imposto de renda a ser pago pelos investidores passaria a ser feita trimestralmente – e não mais mensalmente – e haveria uma alíquota única, de 15%, para as operações na bolsa. Hoje, há uma alíquota de 20% aplicada sobre transações com fundos imobiliários ou de day trade.

O documento propõe que o investidor poderá abater do imposto de renda prejuízos em qualquer operação realizada na bolsa. Hoje, os prejuízos só podem ser abatidos em operações que tenham alíquota igual. Os fundos de investimento abertos e fechados também teriam alíquota única, de 15%, com apuração anual – o que elimina a necessidade do “come-cotas”, e investidores de fundos imobiliários também passariam a pagar uma alíquota de 15% sobre os rendimentos recebidos mensalmente – hoje há isenção do pagamento de imposto de renda para essa transação.

O economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, reforça que há também um viés de correção no mercado doméstico, ajustando-se às quedas recentes. “O mercado aproveitou os dados de inflação [prévia de junho local e dados de maio nos Estados Unidos] e está ajustando as posições. A volatilidade exibida na primeira parte foi dentro da normalidade”, diz.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em queda com o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) de junho acelerando-se novamente, mas em linha com as estimativas dos analistas.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 5,675%, de 5,735% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,15%, de 7,23%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,10%, de 8,14% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,50%, de 8,51%, na mesma comparação.