MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto: Burak K / Pexels

São Paulo – O Ibovespa segue em queda devido ao comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgado esta manhã, sinalizando que pode elevar a taxa básica de juros (Selic) acima dos 0,75 ponto porcentual (pp) na reunião de agosto e que está atento à inflação.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,78%, aos 128.252,08 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,7 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2021 apresentava recuo de 0,71%, aos 128.970 pontos.

Os investidores ficam no aguardo do discurso do presidente Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Jerome Powell, na Câmara dos Estados Unidos, sobre os efeitos econômicos da pandemia.

Segundo Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, o impacto negativo na Bolsa foi o comunicado do Banco Central sinalizando que pode ter um aumento de 1,00 para a próxima reunião e “as empresas como varejistas sentem com a alta de juros e caem”.

As ações das Lojas Americanas (LAME4) e Magazine Luíza (MGLU3) baixavam 2,62% e 2,11%, nessa ordem. Lojas Renner (LREN3) e B2W (BTOW3), que desvalorizavam 2,57% e 1,67%, respectivamente. Por outro lado, comenta Moliterno que as empresas de commodities estão subindo. Vale (VALE3) sobem mais de 1,00%.

Para Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, a ata mostrou que a autoridade monetária “vai esperar o comportamento da inflação para tomar uma atitude mais pontual para a próxima reunião [em agosto]”.

Friedrich acredita que o auxílio emergencial “vai puxar a inflação um pouco mais” e aposta em um aumento de 1 ponto porcentual para a taxa Selic, que atualmente está em 4,25% ao ano.

A economista da CM Capital comenta que a autoridade monetária “adotou um tom mais hawkish [agressivo] em relação à normalização monetária”.  Ela destaca que no comunicado, o Banco Central “claramente assume a possibilidade de um aumento de juros de forma mais tempestiva, podendo sinalizar uma elevação de 100 pontos-base no Copom de agosto”.

Por aqui, a economista da CM Capital acredita que “a reforma tributária ganha protagonismo com o fim da tramitação MP da Eletrobras [aprovada na véspera pela Câmara e segue para sanção presidencial]”. O governo deve encaminhar a proposta ao Congresso amanhã.

Os investidores estão em compasso de espera para o discurso de Powell, às 15h. O sócio da Renova acredita que Powell fará um “discurso mais tranquilo, mais polido para o mercado”.

O head de renda variável da Veedha Investimentos também acredita “em um discurso mais leve porque vem Powell vem indicando que vai manter os juros nesses patamares [entre zero e 0,25 pp] e os incentivos, além de aceitar a inflação um pouco maior, aguardando o mercado se recuperar”.

O dólar comercial voltou a oscilar frente ao real e opera sem direção única calibrando o exterior mais negativo para as moedas de países emergentes e as apostas de que a Selic deverá subir 1,0 ponto percentual (pp) na reunião do Copom de agosto, após a ata do último encontro indicar que os membros do Banco Central (BC) discutiram uma alta maior do que a promovida na semana passada, de 0,75 pp. A revisão das apostas atrai fluxo de investidor estrangeiro, deixando o movimento da divisa estrangeira volátil.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,51%, cotado a R$ 4,9960 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2021 apresentava recuo de 0,31%, cotado a R$ 5,001.

“A possibilidade de alta da Selic em 1,0 pp atrai um fluxo de investidor estrangeiro e um fluxo pela via comercial, principalmente, vindo do agronegócio. Lá fora, o dólar tem alta firme e as principais [moedas] emergentes perdem. Por isso, aqui está volátil e a moeda não subiu mais, contida pela sinalização do Copom”, comenta o diretor de uma corretora nacional.

Investidores avaliam a ata como mais dura (“hawkish”) do que o comunicado divulgado na semana passada, ao sinalizar que o Comitê discutiu uma alta de 1,0 ponto percentual no último encontro, visto o cenário mais desafiador do quadro de inflação doméstica e global.

“Um tom claramente mais ‘hawkish’ foi exposto. Investidores que vinham ajustando negócios à uma iminente aceleração no ritmo do aperto monetário, com direito à fortes apostas de Selic a potenciais 5,25% em agosto, se debruçam no texto para melhor leitura do que o Banco Central enxerga e pretende fazer. O documento reforçou uma postura vigilante e potencialmente mais dura na próxima reunião”, avalia o operador da corretora Commcor, Cleber Alessie.

Com isso, bancos como o Goldman Sachs e o Itaú Unibanco elevaram as possibilidades de o Banco Central subir a taxa de juros em 1,0 pp em agosto, com o Itaú cravando alta nesta magnitude. “As perspectivas para a política monetária à frente estarão condicionadas ao comportamento das expectativas de inflação, tanto da pesquisa do boletim Focus quanto aquelas incorporadas nos preços de ativos e à inflação de bens comercializáveis e serviços”, diz o relatório do banco sobre o documento do BC.

Lá fora, o mercado está à espera do depoimento do presidente do Fed na Câmara dos Deputados norte-americana. Será a primeira aparição do mandatário do Fed após a decisão de política monetária, na quarta-feira.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta com os investidores ajustando-se à ata da mais recente reunião do Copom do Banco Central, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juro foi elevada a 4,25% ao ano. Operadores e analistas consideraram que a ata veio ainda mais dura do que o comunicado divulgado junto com a decisão de juro da semana passada, especialmente pela indicação de que a alta na taxa Selic só não foi maior por falta de sinalização ao mercado.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 5,705%, de 5,61% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 7,245%, de 7,115%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,20%, de 8,19% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,61%, de 8,64%, na mesma comparação.