MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – Após acelerar a queda acompanhando o movimento das Bolsas norte-americanas, que caem quase 2%, o Ibovespa já reduziu perdas e segue mostrando volatilidade. Investidores estão temerosos com o aumento de casos de coronavírus e novas medidas de isolamento social que estão sendo tomadas em estados norte-americano como o Texas. No entanto, ações de frigoríficos passaram a subir com mais força e analistas têm citado um cenário político local mais tranquilo.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 1,33%, aos 94.704,08 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 11,5 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em agosto de 2020 apresentava recuo de 1,41%, aos 94.835 pontos.

Há pouco, o governador do Texas, Greg Abbot, ordenou o fechamento de bares e impôs restrições às reuniões entre grupos de pessoas enquanto o estado vê um aumento rápido de casos de coronavírus.  Já a Flórida apresentou quase 9 mil casos em um dia, uma alta histórica.

“O aumento de casos pode prejudicar a retomada econômica, já havia sinais de que a economia estava voltando e há medo de que possa frear de novo, já que podemos ter novas quarentenas, mesmo que mais brandas que as anteriores”, disse o sócio e head de produtos da Monte Bravo Investimentos, Rodrigo Franchini.

Para Franchini, a alta vista no fim do pregão ontem também pode ter sido exagerada, já que os Estados Unidos mostraram um dia bastante negativo em relação ao aumento de casos de covid-19, lembrando que esses números podem continuar aumentando no fim de semana, o que colabora para a cautela hoje.

Ainda no exterior, a China começou a enviar mensagens de alerta à Washington de que pressão norte-americana sobre questões chinesas está fora dos limites, o que pode comprometer compras de produtos agrícolas, segundo informações da agência de notícias “Dow Jones”.

Apesar do exterior pesado, o sócio da Monte Bravo lembra que os mercados continuam muito líquidos e que isso colabora para movimentos mais erráticos e para a maior volatilidade, com fluxos mais elevados de compras ou vendas provocando mudanças rápidas.

Ele ainda destaca que o ambiente político doméstico está mais tranquilo, com o tom mais ameno entre o presidente Jair Bolsonaro e o Judiciário, o que pode ajudar o Ibovespa a cair menos.

O dólar comercial segue em forte alta frente ao real e tem forte volatilidade em busca do nível de R$ 5,50 – no maior patamar em um mês – o que fez o Banco Central (BC) atuar no mercado com leilão da moeda no mercado à vista. Apesar da intervenção da autoridade monetária, a divisa estrangeira segue pressionada e opera acima dos níveis exibidos antes da operação, em dia de forte mau humor no mercado doméstico e aversão ao risco no exterior.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 2,47%, sendo negociado a R$ 5,4620 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em julho de 2020 apresentava avanço de 1,96%, cotado a R$ 5,462.

“A sexta-feira está frenética com o dólar lá fora também fortalecido com investidores preocupados com a possível desaceleração da economia norte-americana em meio ao aumento de casos do novo coronavírus no país”, avalia o diretor de uma corretora local.

Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, a alta no número de casos confirmados diariamente nos Estados Unidos e aqui vem deixando investidores “em alerta”, o que ele aposta já ser “uma segunda onda de contágio” por lá. “Enquanto aqui, a gente observa uma percepção de risco generalizada, com uma forte preocupação do mercado com a situação fiscal do país”, diz.

Ao se aproximar de R$ 5,50 – maior valor intraday desde 25 de maio quando chegou à R$ 5,5310 – o Banco Central (BC) atuou com o leilão de venda de dólares no mercado à vista, com a oferta de US$ 1,0 bilhão. Ao todo, foram tomados US$ 502,5 milhões.

Em dias de forte volatilidade, analistas se mostram preocupados com a “falta de regularidade” na cotação da moeda. “O problema em si não é a desvalorização, processo natural em diversas economias. Porém, é a extrema oscilação da divisa, fora de parâmetros normais, as quais atingem diretamente o setor produtivo em diversas escalas e setores, além da inflação”, avalia o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Vieira acrescenta que “um dólar” que começou o ano no patamar de R$ 4,00 chegou próximo de R$ 6,00 em maio e voltou recentemente a R$ 4,80, levanta discussões sobre a atuação do Banco Central. “E em duas semanas retornou a R$ 5,40. É quase tão contraproducente quanto a pandemia, em especial para o setor exportador. O papel do BC está nitidamente distorcido este ano”, reforça.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) intensificaram o ritmo de alta, acompanhando os ganhos acelerados do dólar, que já sobe mais de 2,5% e se aproxima da marca de R$ 5,50. As incertezas em relação ao aumento de casos de coronavírus nos Estado Unidos e os riscos à retomada econômica global começam a se sobrepor no mercado financeiro, embora a perspectiva de juros baixos por um período prolongado limite a recomposição de prêmios.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,07%, de 2,05% após o ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,01%, de 2,97% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,16%, de 4,08%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 5,87%, de 5,75%, na mesma comparação.