MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paulo – O Ibovespa opera com volatilidade entre perdas e ganhos. Os investidores repercutem os dados da produção brasileira que recuou em março para 52,8 pontos-menor nível desde junho do ano passado. Nem mesmo com a notícia do pacote de estímulo de US$ 2 trilhões anunciado ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, após o fechamento do mercado aqui e lá fora incentivou o mercado.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 0,69%, aos 115.828,84 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 14,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2021 apresentava recuo de 0,66%, aos 115.830 pontos.

O pacote anunciado por Biden prevê US$ 2 trilhões para investimentos em infraestrutura, tecnologia e energia limpa. O plano prevê reformar 33 mil quilômetros de estradas, reparar pontes, modernizar aeroportos e ferrovias, entre outros. Para conseguir financiá-lo, o objetivo é subir os impostos dos ricos e corporações dos atuais 21% para 28%. A alta de impostos, porém, será mais gradual do que a injeção de recursos na economia.

No Brasil, os investidores seguem com foco no Orçamento da União. Analistas entendem que houve uma “maquiagem” no texto porque o Congresso aprovou um corte em despesas obrigatórias que precisará ser compensado com uma redução improvável nas despesas discricionárias. Caso contrário, haverá rompimento do teto de gastos. O Orçamento ainda precisa ser sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Outro ponto de atenção dos investidores locais é a pandemia de covid-19, que continua se agravando. Ontem foram registrados 3.869 mortos em 24 horas, segundo o Ministério da Saúde, um novo recorde de óbitos em decorrência da doença.

Segundo o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, a Bolsa opera em território negativo, na contramão do exterior devido ao desconforto sobre como solucionar a questão do Orçamento e os dados fracos da produção industrial. “Os investidores estão assumindo uma postura de cautela pelo ambiente político, econômico e social”. Ele acrescenta que o mercado está começando o mês de abril com realização.

O dólar comercial tem alta firme frente ao real e sobe ao redor de 1%, após renovar máximas a R$ 5,70, em movimento de correção em meio à forte queda no pregão de ontem, e com o mercado local intensificando a busca por proteção à véspera do feriado prolongado. Os riscos fiscal e político, além do avanço da pandemia de covid-19 no Brasil, seguem no radar dos investidores.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,13%, cotado a R$ 5,6930 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava alta de 1,03%, cotado a R$ 5,701.

“Ontem, o dólar caiu demais, em uma queda exagerada, refletindo em correção hoje. O feriado prolongado aqui e nos Estados Unidos também reflete em cautela com investidores atentos aos riscos políticos, que é alto com o mercado fechado”, comenta o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem.

Sobre o movimento externo, o estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua, reforça que o cenário é otimista com o plano de investimentos de US$ 2,0 trilhões em infraestrutura anunciado ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. “Isso também fez o rendimento [das taxas de juros futuros] do título de 10 anos do governo norte-americano [treasuries] recuar para baixo de 1,70%, abaixo dos picos registrados durante a semana”, avalia.

A equipe econômica da XP acrescenta que investidores estão otimistas com o “ambicioso” plano de Biden, mas ainda há incertezas em como ele será financiado. “O governo norte-americano afirma que será por meio de aumento de impostos, mas analistas afirmam que não será suficiente para atender ao valor total. Na política, republicanos e democratas questionam o plano, o que indica que ele terá algumas dificuldades na tramitação no Congresso”, pondera.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta acompanhando a recomposição da taxa de câmbio um dia depois de o dólar ter registrado forte queda em relação ao real. Além do ajuste cambial, os investidores buscam posições defensivas antes da paralisação da B3 para o feriado de Páscoa.

Por volta das 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,62%, de 4,59% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,49%, de 6,39%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,13%, de 8,05% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,74%, de 8,69%, na mesma comparação.