MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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Foto de Lorenzo / Pexels

São Paulo – O Ibovespa desce ladeira abaixo. O principal indicador da B3 chegou a cair por volta de 2,08% devido ao efeito Turquia com a demissão do presidente do Banco Central do país emergente, Naci Agbal, pelo presidente da República, Tayyan Erdogan, por aumentar a taxa de juros do país sem seu consentimento. Com isso, os investidores demonstram forte aversão ao risco a economias emergentes.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em queda de 2,17%, aos 113.697,79 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2021 apresentava recuo de 1,81%, aos 113.760 pontos.

De acordo com o analista Vicente Matheus Zuffo, fundador e CIO da Chess Capital, a desvalorização da moeda turca repercute nos emergentes porque os investidores se afastam dos ativos de risco. “Essa queda gera contaminação em papéis de países como Brasil, México e África do Sul”, afirma

Apesar de as iniciativas importantes tomadas, no fim de semana, por banqueiros e economistas e pelo setor empresarial brasileiro para o combate à pandemia e fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que “a vacinação em massa é a melhor política fiscal”, segundo Zuffo, o que vai melhorar o desempenho do mercado acionário é “o aumento da vacinação e alívio da pressão nas UTI”, conclui.

O descontrole da pandemia preocupa muitos os investidores. O Brasil já tem quase 295 mil mortos pela Covid-19.

O dólar comercial tem alta firme, mas desacelerou os ganhos frente ao real, acompanhando a aversão ao risco que prevalece nos mercados emergentes puxada pela forte desvalorização da lira turca após o mandatário do banco central turco ser demitido pelo presidente do país, Recep Erdogan. Aqui, investidores seguem atentos ao avanço da covid-19 no país, receosos com novas medidas restritivas para a contenção da doença.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,82%, cotado a R$ 5,5300 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava avanço de 0,68%, cotado a R$ 5,531.

O estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua, avalia que a intervenção do presidente da Turquia no comando da autoridade monetária do país reacendeu temores de um retorno à política econômica anterior, que tolerava uma forte desvalorização da lira turca e uma inflação crescente.

“Erdogan indicou Naci Agbal no ano passado, no que parecia um retorno a políticas econômicas mais ortodoxas. Com isso, a lira turca perdeu 10% de valor ante o dólar”, comenta. Na semana passada, o Banco Central da Turquia elevou a taxa básica de juros em dois pontos percentuais, de 17% para 19% ao ano.

Bevilacqua lembra que, na sexta-feira, o banco central da Rússia também elevou a taxa de juros, pela primeira vez em mais de dois anos, passando de 4,25% para 4,50% ao ano. Aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) promoveu a primeira alta da taxa Selic em quase dois anos, elevando os juros para 2,75%, acima do esperado pelo mercado.

“Vários países emergentes têm elevado os juros em uma tentativa de conter a alta de preços e a desvalorização das moedas em relação ao dólar, devido tanto à alta dos preços das commodities quanto aos sinais de melhoria da economia norte-americana”, ressalta, acrescentando que esses movimentos sugerem o início de um processo de reacomodação das economias emergentes a um cenário de redução da liquidez global.

Para o estrategista da Levante, a ata da reunião do Copom na semana passada, a ser divulgada amanhã, deverá alinhar as expectativas com relação aos juros no país. No comunicado da decisão, o Banco Central (BC) adiantou que na próxima reunião, em maio, deverá subir a Selic em 0,75 ponto percentual, mais uma vez.

Já os analistas da XP Investimentos ressaltam que o salto no número de casos e de mortes por covid-19 no Brasil levam o sistema de saúde à beira de um colapso. “As necessárias medidas de restrição devem ter impacto negativo sobre a atividade econômica no segundo trimestre”, reforçam.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) operam em alta desde o início de uma sessão na qual os investidores buscam distância dos ativos de risco tanto no cenário local quanto nos mercados financeiros internacionais.

Lá fora, a aversão ao risco é alimentada pela terceira substituição em dois anos do presidente do Banco Central da Turquia. No cenário local, aumenta a pressão sobre o governo Jair Bolsonaro para que mude de postura diante da pandemia.

Por volta das 12h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 4,635%, de 4,60% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,340%, de 6,205%; o DI para janeiro de 2025 ia a 7,81%, de 7,56% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,31%, de 8,04%, na mesma comparação.