MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

516
Foto: Krzysztof Baranski/ freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa abriu no azul em um dia no qual as bolsas de valores da Europa e dos Estados Unidos inicialmente exibiam uma leve valorização diante das indicações de que a abundante liquidez que movimenta os mercados financeiros não sairá de cena tão cedo. Mas uma virada no humor externo apagou a alta na bolsa brasileira e o índice passou a cair antes de começar a oscilar perto da estabilidade, estabelecendo um viés de alta no início da tarde.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em alta de 0,42%, aos 115.718,06 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 17,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2021 apresentava avanço de 0,30%, aos 115.885 pontos.

O principal índice de ações da B3 exibe volatilidade desde o início do pregão em meio às sinalizações erráticas do governo brasileiro em relação às empresas estatais de capital aberto. Ontem, dias depois de anunciar a intenção de substituir Roberto Castello Branco pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna na presidência de Petrobras, o presidente Jair Bolsonaro resolveu acenar aos mercados financeiros com a promessa de privatizações no setor elétrico.

Se a interferência governamental na Petrobras caiu como uma bomba sobre os papéis da companhia, a sinalização de privatizações está sendo bem recebida. As ações da Eletrobras figuram entre as maiores altas do Ibovespa depois de a empresa ter sido notificada ontem sobre a edição de medida provisória que trata do processo de privatização da companhia.

Enquanto isso, as ações da Gerdau e da WEG também reagem positivamente a seus respectivos resultados trimestrais. Vale lembrar que a Petrobras divulgará o balanço do quarto trimestre de 2020, bem como o resultado acumulado do ano passado, depois do fechamento do pregão de hoje e os papéis devem passar por certo ajuste de expectativas.

Ao mesmo tempo, alguns riscos locais continuam à espreita. O ritmo lento da vacinação e o desrespeito cotidiano às medidas de isolamento, por exemplo, fazem com que o Brasil permaneça como um dos piores focos restantes de avanço alarmante da pandemia pelo mundo, o que deve retardar as perspectivas de recuperação da economia nacional.

Dan Kawa, sócio-diretor da TAG Investimentos, acredita que o mercado local tende a se normalizar aos poucos mesmo diante da ausência de mudanças mais relevantes na política econômica. “Deveremos conviver com outros episódios como este da Petrobras, que geram volatilidade e ruídos e, infelizmente, são normais no Brasil”, acredita ele.

Com isso, enfatiza Kawa, “o foco deveria voltar ao preço, valuation e risco versus retorno dos ativos locais, cuja queda recente parece ter aberto oportunidades de alocação ou rotação de portfólios”.

O dólar comercial reduziu as perdas frente ao real, chegando a ensaiar uma virada de sinal, acompanhando o movimento externo onde a moeda norte-americana passou a ganhar terreno ante as divisas pares e de países emergentes em meio à alta dos juros dos títulos de dívida do governo norte-americano, as treasuries. O vencimento de 10 anos tem forte alta e opera acima de 1,40%, maior nível em um ano.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,47%, cotado a R$ 5,4160 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava recuo de 0,50%, cotado a R$ 5,416.

“O dólar estava mais fragilizado lá fora, mas passou a ganhar força ante [as divisas] pares e com isso, algumas emergentes passaram a perder valor como o peso mexicano e o real acompanhou”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, acrescentando que as falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, podem voltar a acalmar o mercado.

Daqui a pouco, às 12 horas, ele dará o depoimento semestral de política monetária no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. Ontem, ele falou no Senado e reforçou que o Fed está comprometido com o emprego e com a inflação e que vê “adequado” manter a taxa de juros próxima de zero por um longo período.

“Powell foi bastante claro em sua exposição ontem ao afirmar que a recuperação econômica dos Estados Unidos continua ‘desigual e longe de completa’. Também garantiu que vai demorar um pouco antes de o Fed alterar as medidas de estímulo econômico. Além de ter como missão manter a inflação baixa, outra missão do Fed é promover ‘o menor desemprego possível’, sem compromisso com números”, avalia o estrategista-chefe da Levante, Rafael Bevilacqua.

Após abrirem com leves oscilações, ensaiando leves baixas, as taxas dos contratos de juros fuuturos (DIs) firmaram-se em alta, embutindo prêmios de forma acelerada ao longo de toda a curva a termo. O movimento acompanhou a disparada no rendimento (yield) dos títulos norte-americanos (Treasuries), tendo reflexo também no dólar, que reduziu a queda em relação às moedas.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,490%, de 3,465% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,255%, de 5,19% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,94%, de 6,81% na véspera; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,62%, de 7,50%, na mesma comparação.