MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

509

São Paulo – O Ibovespa opera em queda acentuada em um dia no qual a troca de comando proposta pelo governo na Petrobras ganha o reforço do sinal negativo nos principais mercados de ações pelo mundo.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa operava em forte queda de 5,08%, aos 112.402,80 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 37,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2021 apresentava recuo de 4,83%, aos 112.500 pontos.

Depois de um prolongado leilão na abertura dos negócios, os papéis da Petrobras iniciaram o dia em queda livre, arrastando consigo o principal índice de ações da B3. O movimento aprofundou-se com o avanço do pregão e há pouco a queda da PETR3 e da PETR4 orbitava a faixa dos 20%.

Além disso, a depreciação nos papéis da companhia petrolífera contamina as ações de outras estatais listadas na B3 em meio a temores de que a ingerência na Petrobras seja apenas o início de um movimento de intervenção maior do governo em empresas de capital aberto nas quais possui participação majoritária.

Assim como aconteceu na sexta-feira, os papéis da companhia estatal de petróleo apresentam depreciação acentuada diante da crescente ingerência do governo brasileiro depois da indicação do general da reserva Joaquim Silva e Luna para a presidência de Petrobras, em substituição a Roberto Castello Branco.

O anúncio levou a corretora XP a alterar sua recomendação para os papéis da Petrobras de “neutra” para “venda” e a reduzir o preço-alvo de R$ 32 para R$ 24 por ação. “Vemos esse anúncio como uma sinalização negativa, tanto de uma perspectiva de governança, dados os riscos para a independência de gestão da Petrobras, como também por implicar riscos de que a companhia continue a praticar uma política de preços de combustíveis em linha com referências internacionais de preços, ou seja, que reflitam as variações dos preços de petróleo e câmbio”, informa a corretora em relatório.

Ao mesmo tempo, “muitos se perguntam quais são as outras mudanças que o presidente Jair Bolsonaro disse que fará em breve”, observa André Perfeito, economista-chefe da Necton Corretora. “Há quem especule que haverá mudanças em outras estatais e que isto pode ‘dar saída’ para o ministro Paulo Guedes”, prossegue ele.

E enquanto a pandemia dá sinais de retração no exterior, o lento avanço da vacinação no Brasil mantém os temores de que a recuperação econômica virá bem mais tarde do que em outros países.

Lá fora, diante dos temores de uma escalada inflacionária com a retomada da atividade econômica, os investidores saem das ações e migram seus investimentos para as commodities enquanto as taxas de retorno dos títulos da dívida norte-americana seguem em alta no mercado secundário, com consequente queda nos preços.

O dólar comercial opera com forte alta de mais de 2% desde a abertura dos negócios com investidores locais receosos com a ingerência da Petrobras após o presidente Jair Bolsonaro anunciar a troca de comando da companhia e dar sinais de que poderá intervir em outras estatais. No exterior, o cenário é negativo para os ativos diante a alta da curva de juros nos Estados Unidos, as treasuries, com o título de 10 anos no maior nível em 12 meses, chegando a encostar em 1,40%.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,89%, cotado a R$ 5,4860 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2021 apresentava avanço de 1,88%, cotado a R$ 5,486.

Com a moeda nas máximas em um mês, a R$ 5,53, o Banco Central (BC) anunciou o leilão de contratos de swap cambial tradicional – equivalente à venda de dólar no mercado futuro, no qual colocou no mercado todos os 20 mil contratos ofertados, equivalente a US$ 1,0 bilhão. Mais cedo, o BC havia rolado US$ 1,6 bilhão – total ofertado – na operação de venda de dólar com compromisso de recompra, conhecido como leilão de linha. A oferta é comum no fim do mês.

“Quando o real tentava se aproximar novamente das máximas do dia, o BC anunciou o leilão. Com isso, a moeda chegou a operar nos níveis de R$ 5,50”, comenta o diretor de uma corretora nacional.

Sobre a Petrobras, os analistas da Capital Markets (CM) avaliam que as declarações de Bolsonaro preocupam o mercado, e lembram que o estatuto de 2018 da Petrobras impede que haja interferências nos preços dos combustíveis. “Isso significa que se o executivo quiser manter os preços artificialmente, terá de pagar por isso”, dizem, acrescentando que investidores especulam sobre quem será o próximo alvo do presidente da República.

“O Banco do Brasil está no topo dessa lista, embora Bolsonaro não tenha citado a estatal desde que promoveu a mudança na Petrobrás. O que deixa o mercado incrédulo não são os mandos e desmandos do presidente, mas a apatia de Paulo Guedes [ministro da Economia]”, reforçam os analistas da CM ponderando que, se o mercado estava dividido entre ceticismo e otimismo após as eleições da Câmara dos Deputados e do Senado, o posicionamento de Bolsonaro marca uma inflexão na política econômica do Planalto.

Os analistas da Necton Corretora ressaltam que o “desrespeito” ao acionista minoritário da companhia e às regras do estatuto da estatal com a indicação de um novo presidente sem a aprovação do Conselho de Administração, devem aumentar o clima de aversão ao risco entre os investidores internacionais em relação ao Brasil e o comprometimento da atual equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, com uma agenda liberal.

“Acreditamos que o evento, apesar de ter um impacto concentrado na Petrobras, irá conduzir os demais ativos para uma correção de curto prazo”, dizem.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) sustentam a alta acelerada exibida logo na abertura do pregão, acompanhando o dia de forte aversão ao risco no mercado local, após o presidente Jair Bolsonaro indicar o nome do general Joaquim Silva e Luna para a presidência da Petrobras. A notícia resgatou o mal-estar com a ingerência política, tão comum em governos anteriores, e elevou as incertezas em relação ao cenário político-econômico do país.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,560%, de 3,435% no ajuste da última sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,380%, de 5,145% após o ajuste ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2025 estava em 7,00%, de 6,72%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,66%, de 7,37%, na mesma comparação.