MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

700

São Paulo – O Ibovespa voltou a acelerar a queda seguindo as principais Bolsas no exterior, já que além do movimento de aversão ao risco em função da intensificação da segunda onda de coronavírus, dados mostraram que os estoques de petróleo nos Estados Unidos subiram mais do que o esperado pelo mercado. Com isso, os preços do petróleo caem mais de 5% e afetam os papéis da Petrobras.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 3,18%, aos 96.430,62 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 18,1 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2020 apresentava recuava de 2,30%, aos 96.575 pontos.

Há pouco, foi divulgado que os estoque de petróleo subiram em 4,3 milhões para 492,4 milhões de barris na semana encerrada no dia 23 de outubro, sendo que analistas previam uma alta de apenas 800 mil barris. Os papéis da Petrobras (PETR3 -4,53%; PETR4 -4,42%) aceleraram perdas, chegando a cair quase 5%.

As Bolsas norte-americanas também têm fortes baixas, caindo mais de 2%, enquanto os índices europeus têm perdas ainda maiores. Há expectativas de que a França e a Alemanha possam anunciar novas medidas de restrição social com o acelerado avanço de casos de coronavírus, além de países como Espanha e Itália já terem anunciado algumas medidas.

Nos Estados Unidos, os casos também avançam em vários estados e o presidente Donald Trump admitiu que qualquer plano de estímulo fiscal terá de esperar algumas semanas após as eleições de 3 de novembro, que por si só já trazem incertezas.

“A segunda onda de covid-19 é o driver principal dos mercados hoje, com países europeus considerando novos lockdowns, além disso, o pacote de ajuda nos Estados Unidos não vai sair antes das eleições, na verdade, pode demorar para sair até depois das eleições”, disse o fundador e CIO da Chess Capital, Vicente Matheus Zuffo.

O dólar comercial opera pressionado, acima do patamar de R$ 5,70 desde a abertura dos negócios, refletindo o forte movimento de aversão ao risco que prevalece nos ativos globais com o mercado digerindo a segunda onda de contaminação do novo coronavírus, o que leva os principais países da Europa a endurecerem medidas de distanciamento social e coloca em xeque a recuperação da economia da região. A proximidade da eleição norte-americana e a falta de acordo para aprovação de um novo pacote de estímulo fiscal no país pesa nos mercados.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 1,07%, sendo negociado a R$ 5,7440 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em novembro de 2020 apresentava avanço de 0,63%, cotado a R$ 5,743.

“Na esteira da segunda onda de covid-19 na Europa, os humores globais pioram fortemente com quedas generalizadas e fuga para a liquidez e segurança. O dólar atinge um ponto gráfico importante e que aponta para R$ 6,00, que é nossa projeção para o final do ano”, comenta o economista-chefe da Necton Corretora, André Perfeito.

Ele reforça que a “razão central” da projeção para o câmbio é o diferencial de juros ponderado pelo risco. Segundo Perfeito, se observada a taxa básica de juros (Selic) e dela subtrair o risco país, medido pelos swaps de default de crédito (CDS, na sigla em inglês), além da taxa de juros norte-americana – hoje entre zero e 0,25% -, a Selic é negativa.

“Sendo que a maioria [das taxas] dos pares do real é amplamente positiva. Isso impõe um risco assimétrico para o investidor externo. Por mais que haja boas oportunidades no mercado brasileiro, o risco de se perder na variação do dólar é muito grande, logo se prefere esperar”, avalia.

Em dia de decisão de política monetária, a penúltima do ano, o mercado é unânime em apostar manutenção da Selic em 2,00%, e com o dólar quase rompendo o nível de R$ 5,80, o Banco Central (BC) realizou um leilão de venda da moeda no mercado à vista na primeira hora de negócios, no qual o mercado tomou US$ 1,042 bilhão, de um lote mínimo de US$ 1,0 bilhão.

“Um bom volume”, diz o diretor de uma corretora nacional, observando que a moeda chegou a renovar mínimas após a operação. “O BC pode intervir no mercado. A única coisa que se pode fazer é dar saída para o mercado e assim, moderar a volatilidade. Neste sentido, de alta de dólar na esteira de juros baixos, é que argumentamos a elevação da Selic já no primeiro trimestre de 2021”, acrescenta o profissional da Necton Corretora.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em alta, porém longe das máximas da sessão, acompanhando a acomodação do dólar, que volta a ser cotado abaixo de R$ 5,75, após o Banco Central intervir no mercado via leilão de moeda à vista. Ainda assim, a aversão ao risco por causa da segunda onda de coronavírus pesa nas bolsas, enquanto a curva a termo aguarda o comunicado da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom).

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,48%, de 3,43% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,98%, de 4,88% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,73%, de 6,60%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,53%, de 7,43%, na mesma comparação.