MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa opera em torno da estabilidade, mas majoritariamente no campo negativo, diante de uma baixa liquidez e continuidade do sentimento de cautela no cenário externo. Investidores estão se mostrando mais céticos em relação as negociações comerciais entre China e Estados Unidos e acompanham possíveis desdobramentos do pedido de impeachment do presidente norte-americano Donald Trump.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o dólar comercial registrava queda de 0,33% aos 104.970,34 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 6,0 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava recuo de 0,16% aos 105.190 pontos.

“Nos últimos dias, o mercado está meio sem liquidez e muito a mercê do movimento lá de fora. Se olharmos o S&P 500, por exemplo, ele também não teve grandes oscilações nos últimos 10 dias. O Ibovespa até tentou buscar máximas, subiu ontem, mas não tem força para se manter”, disse o diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo.

As bolsas norte-americanas também têm variações modestas hoje, com o S&P 500 estável no momento, com as questões da guerra comercial e do impeachment de Trump ainda no radar. “Várias vezes foi sinalizado que haveria um acordo e sempre que chegou na véspera tinha um passado atrás”, disse Zuffo, afirmando que investidores ficam mais desconfiados apesar de notícias apontarem que os dois países devem se reunir no dia 10 de outubro, sendo que a China prometeu comprar mais produtos agrícolas norte-americanos.

Entre as ações, alguns papéis de bancos pesam hoje, com destaque para Itaú Unibanco, que devolve parte das altas de ontem. Por outro lado, Vale e Petrobras avançam. Já as maiores quedas do Ibovespa são das ações do setor aéreo, como Gol, Smiles e Azul. Os papéis

refletem a notícia de que que a Delta Air Lines anunciou vai comprar 20% da chilena Latam Airlines por US$ 1,9 bilhão e deve vender sua participação de 9,40% na Gol com a operação. Na contramão, as maiores altas são da CVC, MRV e Ecorodovias.

O dólar comercial segue oscilando no mercado à vista, acima de R$ 4,16, com investidores calibrando o encontro marcado entre Estados Unidos e China para 10 de outubro e as incertezas em torno do pedido de processo de impeachment do presidente norte-americano, Donald Trump, à véspera do fim de semana e na reta final do mês, quando há a disputa pela formação de preço da taxa Ptax.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava ligeira alta de 0,02%, sendo negociado a R$ 4,1630 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento para outubro de 2019 apresentava recuo de 0,20%, cotado a R$ 4,162.

“A briga pela Ptax [média das cotações apurada pelo Banco Central] já começou e se alia aos eventos no exterior, que tem um pouco de alívio com a possível data do encontro entre norte-americanos e chineses, mas a cautela segue com os desdobramentos a respeito do pedido de afastamento de Trump  no radar do mercado”, comenta o analista da Toro Investimentos, João Freitas.

Mais cedo, foram divulgados os dados de renda pessoal e gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, em agosto, com altas de 0,4% e de 0,1%, respectivamente. O PCE é usado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) como referência para a inflação.

O operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, reforça que além da alta na renda, os salários também subiram 0,6%. “A desaceleração nos gastos, caso se mantenha, pode favorecer o desejo dos mercados de que o Fed reveja posições e decida por ao menos mais um afrouxamento [monetário] até dezembro deste ano. Por outro lado, com a renda e salário subindo, a diminuição nos gastos pode ser pontual”, avalia.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) oscilam entre margens estreitas, mas tentam manter um ligeiro viés negativo, ensaiado desde a abertura do pregão. O volume financeiro fraco e a ausência de novidades no front elevam a cautela entre os investidores, que monitoram os focos de tensão no exterior.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,065%, de 5,08% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 4,98%, de 4,98% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,09%, de 6,09%; e o DI para janeiro de 2025 estava em 6,68%, de 6,69%, na mesma comparação.