MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – Após abrir em queda, o Ibovespa anulou as perdas e chegou a operar em alta por alguns segundos refletindo uma melhora das bolsas norte-americanas, que sobem com investidores menos temerosos com os desdobramentos do pedido do impeachment do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava ligeira queda de 0,05% aos 103.814,65 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 7,4 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava recuo de 0,01% aos 104.120 pontos.

O mercado ainda digere o noticiário em torno do pedido, mas acredita que o impeachment não deve passar no Senado, de maioria republicana. Foi divulgada, há pouco, a transcrição da conversa de Trump com o presidente ucraniano Volodymir Zelensky, que levou ao pedido de impeachment pelos democratas no Congresso ontem. O texto mostraria que Trump pressionou o ucraniano para fazer uma investigação contra seu potencial rival em 2020, o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho.

Para o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, a questão ainda pode atrapalhar ao “desviar a atenção da guerra comercial” e das negociações previstas para serem retomadas em outubro com a China, mas não deve passar.

O dólar comercial sustenta alta frente ao real, e oscila entre R$ 4,18 e R$ 4,19, com os mercados globais digerindo as tensões políticas nos Estados Unidos após o pedido de abertura do processo de impeachment contra o presidente Donald Trump, pela Câmara dos Representantes e atentos aos desdobramentos da guerra comercial entre o país e a China. Aqui, com possíveis novos atrasos nas tratativas da reforma da Previdência mantém investidores cautelosos.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,21%, sendo negociado a R$ 4,1790 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 0,34% cotado R$ 4,178.

“Essa questão do Trump está provocando muita instabilidade ao dólar. É preciso aguardar as análises em relação ao áudio do telefonema dele com o presidente da Ucrânia”, comenta o operador da corretora Advanced, Alessandro Faganello.

Há pouco, foi divulgada a transcrição de um telefonema entre Trump e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, feita em julho. Há um pedido de Trump para que o possível candidato à presidência em 2020 e vice-presidente de Barack Obama, Joe Biden, seja investigado. Este é o argumento usado pela presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, ao anunciar oficialmente a abertura do pedido de afastamento.

“Ainda há muitos pontos soltos nessa história e que podem mudar a percepção de deputados e senadores, democratas e republicanos {partido de Trump], sobre o impeachment do presidente. É mais uma variável que aumenta a tensão global, mas ainda é cedo para estabelecer quaisquer probabilidades de ocorrer, mas de qualquer forma é baixa”, comenta o analista político da Levante Investimentos, Felipe Berenguer.

Faganello lembra que o discurso do presidente norte-americano ontem na Organização das Nações Unidas (ONU) corrobora para sustentar o ambiente de desconfianças em cima da reunião entre Estados Unidos e China no início de outubro. Ele acrescenta que o ambiente negativo ainda “tem a contribuição” do atraso da reforma da Previdência na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) no Senado, quando ontem foi adiada a votação de emendas do relator Tasso Jereissati, para a próxima terça-feira. “Eu não duvido que isso se prolongue mais”, pondera.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem em alta, pressionadas pelo avanço do dólar em relação ao real e pelo noticiário político negativo vindo de Brasília e de Washington. Ainda assim, o movimento da curva a termo é limitado pela perspectiva de novos cortes na Selic.  

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,10%, de 5,095% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 5,05%, de 5,03%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,16%, de 6,15% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,78%, de 6,79%, na mesma comparação.