MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa oscila entre altas e baixas refletindo certa volatilidade de papéis de bancos, que digerem as mudanças nas regras do cheque especial. Os papéis da Petrobras também pesam negativamente hoje, com o plano de investimentos da estatal frustrando um pouco o mercado. Por outro lado, as ações de varejistas e frigoríficos têm altas expressivas.

O dia, porém, deve ter liquidez reduzida em função do feriado de Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, que mantém as bolsas do país fechadas.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava ligeira queda de 0,02% aos 107.679,92 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 4,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2019 apresentava avanço de 0,02% aos 107.955 pontos.

“Sem os bancos e a Petrobras o índice estaria indo melhor, já que as ações de varejistas estão indo bem na expectativa da Black Friday e os frigoríficos também, refletindo preços mais altos de carnes”, disse o diretor de investimentos da SRM Asset, Vicente Matheus Zuffo.

Para ele, os bancos estão tendo uma primeira reação negativa à limitação de cobrança de juros de até 8% ao mês no cheque especial.

“Acredito que a reação talvez não seja tanto nem pela medida em si, mas pela sinalização de que o governo, o Banco Central e o Congresso estão atacando o problema dos spreads muito altos”, afirmou.

A medida pode impactar negativamente o lucro de bancos, mas, por outro lado, eles foram autorizados a cobrarem tarifas para o cliente acessar o cheque especial, o que pode minimizar esse efeito. Entre as maiores quedas do Ibovespa, estão as ações preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco.

Ainda entre as maiores perdas, estão as ações da Petrobras. Segundo Zuffo, as previsões de produção de petróleo da companhia vieram abaixo do previsto, diante do tamanho dos investimentos que a estatal informou que fará de 2020 a 2024.

Ao anunciar seu plano estratégico para o período, a Petrobras disse que investirá US$ 75,7 bilhões e espera que os desinvestimentos somem US$ 20 a 30 bilhões. Já a curva de produção de óleo e gás estimada no período 2020-2024 indica um crescimento contínuo, sendo a meta de produção total de 2,7 milhões de boed# em 2020, 2,9 milhões de boed em 2021, 3,1 milhões de boed em 2022, 3,3 milhões de boed em 2023 e 3,5 milhões de boed em 2024.

As ações da Vale, por sua vez, têm leve alta em dia de maior cautela no exterior, já que o presidente norte-americano Donald Trump assinou um projeto de lei em apoio aos manifestantes pró-democracia em Hong Kong, o que traz receio de retaliação da China. Porém, o cenário externo pode ter menor impacto por aqui em função do feriado nos Estados Unidos.

O dólar comercial segue em queda frente ao real, mas ainda em patamar alto – acima de R$ 4,24 – mesmo após a intervenção do Banco Central (BC) na abertura dos negócios no qual ofertou US$ 1,0 bilhão. Com o feriado nos Estados Unidos, a liquidez está reduzida e as atenções se voltam para o BC, mas de olho nos desdobramentos das tratativas comerciais entre Estados Unidos e China.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,09%, sendo negociado a R$ 4,2540 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em dezembro de 2019 apresentava recuo de 0,25%, cotado a R$ 4,253.

“O Banco Central se adiantou e fez leilão de dólares no mercado à vista logo após a abertura oferecendo US$ 1,0 bilhão, volume totalmente aceito pelo mercado”, comenta o operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello. Esta foi a quarta operação desde terça-feira e já colocou no mercado pelo menos US$ 4,0 bilhões no mercado à vista.

Sobre a atuação da autoridade monetária, anunciada ontem após o fim do pregão, a equipe econômica da H.Commcor ressalta o intuito – do BC – de prover liquidez em uma sessão sem o fluxo norte-americano, em razão do feriado de ação de graças nos Estados Unidos, e com base na “persistente fraqueza” do real.

Lá fora, receios de que a assinatura pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um projeto de lei em apoio a manifestantes pró-democracia em Hong Kong possa estremecer as negociações comerciais entre norte-americanos e chineses fazem parte do noticiário externo e impactam o mercado acionário, além de refletir em boa parte das moedas de países emergentes.

“Ainda não sabemos qual será a resposta da China, mas logicamente, gera novamente preocupações sobre o acordo comercial entre os dois países”, comenta o analista da Mirae Corretora, Pedro Galdi.

A alta das taxas dos contratos futuros de juros (DIs), exibida desde a abertura do pregão, perdeu força, diante da queda mais acelerada do dólar, que já é cotado abaixo de R$ 4,25. Ainda assim, o movimento de recomposição de prêmios na curva a termo tem continuidade, em meio às apostas sobre o rumo da Selic.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 4,676%, de 4,684% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 projetava taxa de 4,82%, de 4,75%; o DI para janeiro de 2023 estava em 6,06%, de 5,99% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,66%, de 6,60%, na mesma comparação.