MERCADO AGORA: Veja um sumário do comportamento dos negócios até o momento

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Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla

São Paulo – O Ibovespa opera em queda acompanhando o clima de cautela no exterior em meio às incertezas sobre as negociações comerciais entre China e Estados Unidos e turbulências na América Latina. O vencimento de opções sobre o Ibovespa hoje e as ações de bancos também pesam sobre o índice e trazem volatilidade, o que fez o índice chegar a perder os 106 mil pontos, o que não acontecia desde o dia 22 de outubro.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,87% aos 105.818,31 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 6,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2019 apresentava recuo de 0,61% aos 106.240 pontos.

“O mercado segue ruim desde ontem, o clima externo não está ajudando. Tem o medo da situação da América Latina, mas não sabemos como isso vai impactar em fluxo de estrangeiros. Além disso, é vencimento de opções, pode ser bom para os vendidos ganharem dinheiro”, disse o gerente da mesa de operações da H.Commcor, Ari Santos.

A América Latina passa por um momento delicado, com destaque para a continuidade de conflitos no Chile, que já afeta o mercado do país, além de a situação também seguir nebulosa na Bolívia, depois da renúncia de Evo Morales.

Já nos Estados Unidos, o presidente americano, Donald Trump, disse ontem que poderá fechar com a China a chamada “fase 1” do acordo comercial em breve, mas alertou que está disposto a elevar tarifas sobre importações chinesas “de forma substancial” se as negociações fracassarem”, mantendo incertezas.

Investidores também diferem a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, que afirmou que os juros devem se manter em patamar atual se não ocorrem novos eventos, embora possa agir no caso de mudanças.

Na cena doméstica, o mercado acompanha os desdobramentos da saída de Jair Bolsonaro do PSL e a criação de uma nova sigla.

O dólar comercial segue em alta frente ao real exibindo oscilações em meio aos conflitos na América Latina, principalmente no Chile, o que contamina as demais moedas do continente e resulta em fuga de recursos estrangeiros. Além de investidores estarem atentos aos Estados Unidos com o discurso do presidente do Banco Central e de olho na guerra comercial entre norte-americanos e chineses.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,33%, sendo negociado a R$ 4,1820 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em dezembro de 2019 apresentava avanço de 0,22%, cotado a R$ 4,182.

“Está tendo uma fuga de capitais em meio ao clima de insegurança jurídica após a decisão do STF [Supremo Tribunal Federal] aqui e às tensões políticas na América Latina”, comenta o analista da Toro Investimentos, João Freitas. Os pesos chileno, colombiano e mexicano caem 1% frente ao dólar. A moeda estrangeira avança sobre as principais divisas pares e de países emergentes.

Ele acrescenta a expectativa do mercado para o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, à tarde no Comitê Econômico Misto do Congresso. Apesar de o discurso já indicar que o Fed manterá a taxa de juros no patamar atual na faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano. “Mesmo com os sinais de que manterão os juros, o que já esperado desde a última reunião, o que o Powell fala é sempre relevante”, diz.

As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) mantêm a tendência de alta ao longo de toda a curva a termo, em especial nos vértices intermediários, com os investidores ajustando a expectativa de cortes adicionais na Selic em 2020, após dados robustos sobre a atividade doméstica. O tradicional leilão de títulos públicos, amanhã, e a valorização do dólar também influenciam os vencimentos mais longos. 

Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 4,732%, de 4,738% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 projetava taxa de 4,62%, de 4,57%; o DI para janeiro de 2023 estava em 5,74%, de 5,70% após o ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,35%, de 6,35% no ajuste de ontem e após subir até 6,43% na máxima do dia.