MERCADO AGORA: Veja um resumo dos negócios até o momento

1002
Mercado Gráfico Percentual
Foto: Svilen Milev / freeimages.com

São Paulo – O Ibovespa segue em queda refletindo a cautela em relação ao cenário político doméstico após a notícia de que o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou para a Procuradoria Geral da República (PGR) pedidos de depoimento do presidente Jair Bolsonaro, e a busca e apreensão do celular dele e de seu filho, Carlos Bolsonaro, para perícia.

Outra decisão de Mello também deixa o mercado apreensivo, já que o ministro deve decidir ainda hoje sobre o sigilo do vídeo da reunião ministerial que foi indicado pelo ex-ministro Sergio Moro como prova de que o presidente interferiu na Polícia Federal (PF). O cenário externo é outro fator que colabora para a queda, com a tensão entre China e Estados Unidos.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,86%, aos 82.306,18 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 10,2 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em junho de 2020 apresentava recuo de 1%, aos 82.410 pontos.

“Os mercados estão tentando se ajustar e estavam subindo bastante na semana, o que abre espaço para uma realização de lucros, além de ter a questão da divulgação do vídeo”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.

O palpite do economista é que, embora traga cautela e incertezas, o vídeo não deve ter nada de tão grave, sendo que trechos da reunião já foram vazados na imprensa. No entanto, lembra que há outras investigações em torno de Bolsonaro que trazem “ruídos” e “confusão”.

Perto da abertura do pregão, o site “G1” afirmou que o ministro Celso de Mello enviou para a PGR três notícias-crimes apresentadas por partidos e parlamentares, que pedem novos desdobramentos na investigação sobre a suposta interferência PF, incluindo o pedido de apreensão do celular de Bolsonaro.

No exterior, as Bolsas norte-americanas operam em leve queda diante do aumento da tensão entre China e Estados Unidos, depois que Pequim anunciou que deve impor uma nova lei de segurança nacional sobre Hong Kong. Porém, as Bolsas ainda mostram resiliência em meio a notícias de vacinas contra o coronavírus.

Após alta acima de R$ 5,60, o dólar comercial voltou a cair frente ao real, exibindo volatilidade na primeira parte dos negócios, acompanhando o movimento das moedas de países emergentes que reduziram as perdas ante a moeda norte-americana ou passaram a se valorizar, como foi o caso do peso mexicano. Aqui, investidores seguem desmontando posições enquanto o STF não divulga o vídeo da reunião de 22 de abril.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0.35%, sendo negociado a R$ 5,56 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em junho de 2020 apresentava ligeiro avanço de 0.09%, cotado a R$ 5,562.

O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, destaca que um “conjunto” de fatores leva a moeda a reduzir as perdas. Lá fora, o dólar perdeu um pouco de força e o peso mexicano acabou virando e sobe frente à moeda. “Não só tem as questões com Estados Unidos e China, como o resultado de uma pesquisa eleitoral tem um pouco de peso nessa mudança”, diz.

Rugik se refere à pesquisa realizada pelo canal norte-americano “Fox News”, no qual o candidato à presidência dos Estados Unidos, o democrata Joe Biden, aparece com oito pontos de vantagem em relação ao presidente Donald Trump. O levantamento mostra que Biden tem 48% de apoio, enquanto Trump aparece com 40%, enquanto 11% ainda estão indecisos. Em abril, o democrata e o republicano apareciam empatados com 42% das intenções de voto.

Aqui, em meio à espera pela divulgação do vídeo da reunião do presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, no qual pode comprovar as declarações de que o presidente interferiu politicamente na Polícia Federal (PF), Rugik reforça que o movimento de “desmonte de posições defensivas e especulativas” continua com investidores receosos com o Banco Central (BC).

“Depois das falas do presidente do BC [Roberto Campos Neto], hoje outro diretor da autoridade monetária reforçou que podem entrar pesado no mercado cambial. Isso não deixa de assustar os especuladores”, diz. Hoje, em uma videoconferência com um banco estrangeiro, o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, reforçou que a autoridade monetária está “preparada” para intervir no mercado cambial em caso de “disfuncionalidade” da moeda.

As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem com leves oscilações e sem um viés definido, atentas ao comportamento do dólar. Os investidores monitoram os ambientes externo e interno mais tensos, em meio à relação entre Estados Unidos e China e ao cenário político local mais tenso.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 2,465%, de 2,485% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 3,38%, de 3,36%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,53%, de 4,51% do ajuste anterior; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,36%, de 6,40%, na mesma comparação.